O nazismo cotidiano do Brasil

O nazismo reproduzido atualmente por todo o Brasil tem crescimento em regiões como SP, DF e MG, mas ainda não perdeu a concentração no sul do país. Veja aqui um pouco desta bizarrice ideológica que ainda não foi extirpada de nossa sociedade.

Com a prisão do neonazista em MG que tirou foto estrangulando um mendigo e postou no facebook, dizendo que a polícia não faz nada com ele, afinal, ele é de bem e tá ajudando a sociedade, voltou o tema da amplitude do nazismo no Brasil.

O pragmatismo político divulgou uma pesquisa que mostra um aumento de 170% de sites de conteúdo nazista e que há crescimento considerável de partidários e simpatizantes nas regiões de São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais, apesar do Sul ainda ser o foco.

Neonazista enforcando mendigo - Ele se diz um cidadão de bem fazendo o que é certo.
Neonazista Preso

Nazismo no Brasil?

Vale dizer que o fato de ter descentes negros, em qualquer grau, não faz de um sujeito impossível de se tornar nazista – nem mesmo incoerente. O nazismo tem mais a ver com um projeto de limpeza onde você participa ou não do que com um projeto irracional de destruição. Se no Brasil é quase impossível se dizer “puro”, não-nordestino e etc, então o nazismo irá se adaptar a esta realidade, promovendo a separação para traços físicos fortes e por costumes identificatórios.

Isso quer dizer: se um sujeito for branquinho – mesmo tendo nascido na Bahia – nada impedirá que se torne um grande representante do neonazismo no Brasil.

A incoerência, neste ponto, não existe, pois o próprio nazismo, como xenofobia, nunca terá uma classificação universal, será sempre aquilo que fluidamente atravessa as mãos das pessoas e se molda como uma luva – sempre haverá espaço para algum tipo de exclusão, xenofobia ou hierarquia de raça em qualquer sociedade ocidental cientificamente guiada e que apela para os dados menos subjetivos possíveis: os dados biológicos.

nazismo no cotidiano brasileiro com violência a nordestinos
Nazismo no Brasil

Vale dizer também que os dados biológicos são mantos para cobrir as causas político-econômicas de tais ideais. Negros e nordestinos tem uma posição na estrutura social muito fácil de se perceber: são os explorados por excelência, são aqueles que não podem ter nenhuma forma integração social, pois não seria funcional para uma sociedade de classes, para uma sociedade que precisa de mão-de-obra baratíssima. Excluir negros e nordestinos é não perceber que a causa de um “desemprego de brancos” tem mais ligação com as condições que o próprio sistema capitalista submete esses negros e nordestinos do que com uma “sacanagem do povo nordestino”.

Nazismo é cotidiano

Os acontecimentos na UFMG, por exemplo, também inserem este neonazismo em uma esfera mais espalhada, em uma esfera mais anônima. Não é um nazismo feito por militantes, por partidários, é um nazismo que está nas relações sociais médias de qualquer sujeito: é aquilo que ainda pertence a nossa cultura e que parece se fortalecer com a crescente despolitização da vida. Quando nada é política, quando tudo é opinião é administração, então não há problema em reproduzir uma figura histórica nazista.

Trote racista aplicado na UFMG com senhor de escravos e Chica da Silva
Ato Racista na UFMG

Não se trata de uma reação exagerada contra os absurdos das cotas e do feminismo, como tenta vomitar Reinaldo Azevedo, mas se trata de atos inconscientes que reproduzem relações de dominação pautadas em gênero e em raça já estabelecidas: que estão incrustadas em nossa cultura e que tomam papel principal sempre que os privilégios dos grupos dominantes são ameaçados.

Parece que, no Brasil, o nazismo cresce com a falta de representação política de classe média, nasce como ódio aos pobres e aos ricos, mas os ricos conseguem se adequar, os ricos também podem ficar dentro das normativas culturais nazistas, porém os pobres são biologicamente excluídos por definição.

Saudação nazista em troque na UFMG demonstrando um nazismo cotidiano
Saudação Nazista no Mesmo Trote

Quando as duas correntes partidárias não pretendem modificar em nada da estrutura social, o seu conflito se dá só pela administração do Estado. A política esvai, desaparece, e a representação flutua livre, sem nenhum referencial seguro – os que aparecem podem ser terríveis. Como o comunismo já tem uma fama ruim, o candidato lógico é o populismo nazista travestido de moral e bons costumes. Travestido de reação à ditadura gay, este nazismo, por incrível que pareça, começa a representar de verdade um parte do Brasil – mesmo que de forma sorrateira e implícita.

5 Comentários

  1. Olá Vinícius, achei curioso que tenha criticado o Reinaldo Azevedo com um link para o meu blog e não para o dele.

    Mas já que foi assim, segue trecho do texto dele que, pelo que li do seu, possivelmente você não leu: “Quem sabe ler entendeu que não estou minimizando aqueles episódios lamentáveis nas universidades. Eu estou, na verdade, afirmando que são mais graves do que parecem e que nossa reação de indignação não pode ser seletiva”.

  2. Não sei se você ainda possui as mesmas opniões que em 2013, mas atualmente, em 2018, as coisas parecem acontecer da exata maneira que você escreveu. Com a chegada de “Bauneáreo” e Fernando Haddad no segundo turno das eleições de 2018, há grandes acontecimentos nazistas ocorrendo envolta do Brasil.

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