“Vem pra rua contra o aumento!” 2º Ato Contra O Aumento Das Tarifas Do Transporte Público

Segundo dia de ato contra o aumento de tarifa dos transportes ditos públicos em SP. Segundo dia de luta. Segundo dia de truculência. Segundo dia de ação política popular!

“Vem, vem pra rua, vem, contra o aumento!”

Às 17 horas o Largo da Batata estava morno, mas é claro que a temperatura amena é uma referência à dispersão e presença menor de manifestantes, não tem relação com a polícia que, por sua vez, estava já preparada e pronta para qualquer ação contra os manifestantes.

Estavam rodeando as duas saídas do Metrô Faria Lima, circulavam o local de motocicletas, estavam a postos nas calçadas perto do Largo e alguns estavam no próprio Largo – vontade de participar? Talvez. Prefiro acreditar que sim, mas nada, a não ser minha fé na humanidade, me indicam que tenha sido isso.

Aos poucos os cartazes eram confeccionados e as bandeiras levantadas, gritos de ordem começaram e a noite chegou. Quando ela chegou, saímos às ruas para lutar por algo simples e justo: transporte público realmente público. Eu digo isso pois, qual é o sentido em ter que pagar um serviço público? Levando a lógico mais adiante, qual é o sentido em ter que se submeter aos aumentos constantes das tarifas de um transporte que, pra início de conversa, deveria ser público?

São questões simples, curtas, mas nunca colocadas em pauta de debate pela grande mídia. A legitimidade da cobrança de um transporte público é tida como um dado. Como se fosse auto evidente – e é aí que se encontra a ideologia. Ainda tomando a mídia como ponto para reflexão (ou decepção), foi possível ver que, desta vez, estavam lá desde cedo. Antes dos manifestantes se organizarem para sair do Largo os carros de emissoras já estavam prontos para observar cada coisa fora do comum que acontecesse.

E é isso que vemos no Globo, quando toma como assunto principal as ~consequências funestas~ da manifestação (trânsito, vandalismo e etc e etc). Vale uma indagação: o vandalismo é legítimo? Para responder esta pergunta eu mandou outra: dar a outra face é uma opção numa manifestação deste tipo? Explico mais a frente.

“Aha! Uhu! A Marginal É Nossa!”

Tomamos a marginal por alguns momentos. Poucos momentos, talvez instantes, mas simbolicamente forte: foram nestes momentos que a polícia utilizou de bombas de efeito moral e gás lacrimogênio. O poder popular tomou a Marginal Pinheiro inteira, paramos toda a circulação de motos e carros por alguns instantes… Eramos o povo lutando. Lutamos com nossas armas: a nossa voz e nossos incansáveis pés, que circularam pela Faria Lima, Marginal, Rebouças e Frederico Herman Júnior.

Enquanto passávamos pelas ruas, os cobradores e motoristas dos ônibus em circulação eram simpáticos à manifestação, algumas pessoas acabavam entrando no ato de repente, sem aviso prévio. As pessoas estavam aderindo à luta.

O choque com a polícia demonstrou que, para ela, manifestação boa é manifestação controlada, vigiada, castrada. Foi neste momento que botamos fogo em alguns sacos de lixo – após a bomba de gás lacrimogênio. Não havia o que fazer. Eramos pacíficos, mas assertivos e – no bom sentido da palavra – abusados. Não queríamos fazer festa, queríamos lutar. Aquilo não era um ‘rolê de sexta-feira’, era uma manifestação pública contra o aumento da tarifa nos transportes ditos públicos.

“Polícia Fascista, Vai Tomar No Cu!”

Aí vem a questão do vandalismo. Não acredito que haja violência num ato político sem uma causa muito clara. A truculência da polícia foi o estopim fervilhador, da mesma maneira que ontem. Entretanto, não passou disso, a primeiro momento. Continuamos nossa manifestação, enfrentamos mais bombas de efeito moral e gás lacrimogênio, enfrentamos o fato de sermos visíveis. A manifestação era visível e preocupada a dita ordem pública.

Poderíamos tomar aquelas ruas sem nenhuma cerimônia, caso não houvesse a ação do aparelho policial para reprimir a manifestação. Fizeram o trabalho deles… Manter a ordem? Resguardar o Poder! O vandalismo é sim um ato político. É uma recusa à realidade e à ordem. É uma ode ao caos e é o grito daqueles que mais nada podem fazer para serem ouvidos. É a negação de uma realidade que nos foi dada como absoluto e imutável, invencível.

Foi então que subimos novamente para o Largo. Voltando ao local inicial e tudo se esfriou. Quando eu já estava dentro da estação de Metrô, escutei um barulho estranho, um estrondo de vidro quebrado. Quando fui ver o que era, fiquei pasmo de alegria e entusiasmo: haviam acabado de quebrar uma catraca da estação Faria Lima. Os guardas ficaram possessos, sem saber muito o que fazer, até que, num dado momento, quando a situação já estava apaziguada, um guarda, do lado de dentro das catracas, gritava “Agora vocês vão correr, é?!”. Do lado de dentro das catracas…

“O Povo Unido Jamais Será Vencido!”

Uma coisa é certa: se hoje não foi o dia da explosão, então terça deverá ser! Se hoje não houve uma manifestação tão pesada quanto ontem, terça eu peço para que nos esperem. Nos esperem e vão conosco. A luta é de todos e parar o trânsito é papo furado. Lutamos por todos que precisam de transporte público, lutamos pra valer. Se a mídia vende a imagem do revolucionário de butique, as manifestações espalhadas pelo Brasil mostram que de butique é a própria mídia.

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