Manobras Militares No Egito: Massacre e Toque De Recolher

As manobras militares no Egito culminaram em uma violência estatal contra diversos grupos de oposição. Um massacre foi testemunhado pelos manifestantes egípcios, que agora estão sob toque de recolher em uma Estado de Emergência. O site Reflexions On A Revolution nos guia nesta discussão.

Manobras Militares No Egito: Massacre e Toque De Recolher 

Foram confirmados 525 mortos nos protestos do Egito até quarta-feira, dia 14. A violência da ditadura militar dita de transição explodiu junto com o aumento das manifestações da Irmandade Muçulmana, o que levou à renúncia do vice-presidente El Baradei, ganhador do Nobel da Paz.

Liderados atualmente por Adly Mansour, Presidente da Suprema Corte Constitucional Egípcia, e apoiados pelas Forças Armadas, o governo provisório do Egito não pretende continuar a revolução prevista há alguns meses, diz o site Reflexions On A Revolution. De acordo com o site, a estrutura estatal construída na era de Mubarak não foi destruída e a intervenção militar teve como objetivo a manutenção da ordem já existente.

manobras militares causam mortes no egito

De acordo com o site, o massacre que o regime atual permeia pelas ruas demonstra que a revolução está sendo, na verdade, barrada. A agenda política das FA não coincide com a do povo e suas manobras militares explicitam o caso. A demanda por “Pão, Liberdade e Justiça social” não podem ser atendidas pelo regime atual, que tem como objetivo primário acalmar as revoltas e se passar por representante da revolução.

Após as eleições de Morsi, presidente eleito da Irmandade Muçulmana, o processo revolucionário se viu em ameaça. Ameaça essa que se concretizou em ações efetivas contra-revolucionárias durante o governo de Morsi e atualmente pelo regime de transição militar.

Vale dizer que a ação das Forças Armadas foi de satisfação de uma demanda instalada. A manobra militar teve como mote a cooptação de um conceito: a “liberdade” do povo egípcio que o golpe militar, performativamente, defendeu e almejou, foi uma forma de liberdade do próprio discurso militar/contra-revolucionário. Se constrói uma demanda, se diz que a demanda é do povo e se apropria da satisfação dessa demanda.

Segundo o ROAR,

The crimes of the Supreme Council of the Armed Forces against the Egyptian people have not been forgotten. Before Morsi, the victims included Islamists as well as liberals and left-wing revolutionaries. Under Morsi, the victims were mostly liberals and left-wing revolutionaries. Today, the victims are the Islamists. Tomorrow, they may be any other group of the general population. To stand in defence of the revolution therefore means to resist any form of state violence — in particular those forms of state violence which are allegedly perpetrated in the name of the revolution itself.

Os crimes do Supremo Conselho das Forças Armadas contra o povo egípcio não foram esquecidos. Antes de Morsi, entre as vítimas incluíam-se islamitas, assim como liberais e revolucionários de esquerda. Sob o governo de Morsi, as vítimas eram, em sua maioria, liberais e revolucionários de esquerda. Hoje, as vítimas são os islamitas. Amanhã, pode ser qualquer grupo da população. Se posicionar em defesa da revolução, portanto, significa resistir a qualquer forma de violência estatal – em particular àquelas formas de violência estatal que são perpetradas em nome da revolução.

Basicamente, a luta revolucionária precisa ser contra qualquer forma de violência estatal e qualquer tipo de manobra militar, concluem, mas, mais importante, precisa ser contra a violência que se diz revolucionária. É essa violência que traça uma delimitação da revolução, entretanto, essa mesma violência, dita revolucionária, dita da revolução, é praticada pela instituição militar – a mesma que deu base para o regime Mubarak.

Para o site, a conjuntura imediata é de estratégias para cooptação da revolução. A ideia de que, para derrubar o governo islâmico e conservador de Morsi, a população e o exército estavam do mesmo lado foi um enorme engano e foi a partir desta ilusão que as FA alcançaram o poder e conseguir o controle do Estado.

manobras militares causam mortes e estado de emergência

Contra Manobras Militares, Apoio Democrático Aos Conflitos no Egito?

Após o massacre, o Estado de Emergência foi instituído no país, com toque de recolher entre às 19 e 6hs. Também foram suspensos direitos fundamentais como o de se manifestar em público e ter privacidade.

Turquia, França e Inglaterra repudiam o acontecido e pedem ações para que seja evitada uma guerra civil, enquanto a Alemanha cessou o comércio de armas para o país.

Resta saber se, após essa clara ofensa à democracia, outros regimes democráticos, como os do EUA, continuarão mantendo relação de venda de armamentos bélicos para o Egito. O Presidente norte americano Back Obama pediu por uma reconciliação rápida no país, o que, de fato, não significa muita coisa: o que ele pediu foi que os problemas egípcios não atrapalhem suas políticas externas.

Abaixo um vídeo do terror egípcio das últimas manifestações,

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