Machismo na sociedade: como nos portamos no trem?

O machismo na sociedade é algo que age sorrateiramente, inconscientemente, em cada prática social, em cada atitude, a cada segundo e a cada piscar de olhos. Este tumblr verificou um pouco do que acontece dentro dos trens. Como nos comportamos dentro dos trens? Será que alguém é folgado no trem?

Este é um tumblr que mostra como homens ocupam muito espaço dentro do trem. Peguei do Feminist Philosophers.

machismo na sociedade
“Com gás ou sem gás?”

Se o machismo na sociedade é praticado no cotidiano e se é difícil vê-lo, se ele se esconde em preferências, em gestos, em atitudes automáticas, se ele se reproduz inconscientemente, então catalogar uma montanha de fotos que mostram a forma como homens utilizam o espaço do trem se torna de utilidade máxima.

E isso está relacionado diretamente com o poder para a utilização dos espaços públicos. Não há como dizer que se esparramar nos bancos de um trem seja permitido aos homens e proibido às mulheres por uma questão diferente da legitimidade do uso dos espaços públicos. Isso não é novidade, basta ler algum livro de Platão e se perceberá que o espaço conferido às mulheres é mínimo, ficando pior ainda n’O Banquete.

Veja também: Machismo, o que é?

machismo na sociedade nos trens
Quantas pessoas caberiam aí?

Poderão dizer que se trata de um recato aprendido durante toda a vida, o motivo para uma mulher qualquer não utilizar o trem desta maneira, ao mesmo tempo, uma atividade (em oposição à passividade) ensinada durante toda a vida que dá possibilidade para qualquer homem dominar o espaço livre, mas isso, pelo menos pra mim, só é uma maneira de fazer funcionar a dominação masculina nos espaços públicos.

Não se trata, portanto, de que coincidentemente, aquilo que é ensinado para homens e mulheres fez com que eles se comportassem de uma dada maneira, mas sim de que um dado espaço social dominado por homens pede comportamentos, sejam eles quais forem, para exprimir essa dominação.

machismo na sociedade atual
Sacudo você, hein?
machismo na sociedade atual no cotidiano
Olha o sacão

É como quando estamos em um lugar novo e ficamos meio abobados. Não se trata de aprender a ficar abobado, mas de saber que estar em um lugar novo não permite agir da mesma maneira que agimos em um lugar que já conhecemos. Ficar abobado é uma maneira que aprendemos para expressar essa falta de ação, esse constrangimento, essa falta de conhecimento sobre o novo lugar e etc e etc.

Machismo na sociedade ou só uma atitude comum?

Alguns poderão dizer que existe a possibilidade de não haver mais ninguém no trem e que, portanto, ficar esparramado não é problema, é “aproveitar o momento”. Mas esse momento é aproveitado assim por qualquer um? Na prática, isso acontece frequentemente com mulheres? Na minha experiência de anos e anos pegando trem, nos vagões vazios eu vi pouquíssimas situações de “esparramada” com mulheres.

machismo na sociedade patriarcal
Uma deitadinha, não?

Mesmo assim, fica a afirmação de que, mesmo sendo difícil ver mulheres fazendo isso, a atitude não pode significar machismo, já que não havia mais ninguém pra ocupar o banco. Volto a dizer, na prática, fazer isso tem mais haver com a constituição do sujeito, com ter disposições socialmente incorporadas de ocupar os espaços públicos, de saber utilizá-los estando em posição de dominador (e não de dominado). Não é “aproveitar a situação”, é reproduzir o sistema simbólico e de dominação machista por meio de práticas cotidianas e de uma maneira inconsciente.

Eu também duvido que quem faz isso, ou que a maioria das pessoas que faça isso, tenha alguma consciência de que isso só é possível por vivermos em uma sociedade patriarcal, onde o homem detém o poder nos espaços públicos, ou que esta atitude faz parte de um conjunto de práticas que exprimem todo o sistema machista de simbolização do mundo e das relações. Isso é inconsciente, simplesmente acontece, mas não deixa de ser uma relação de dominação.

machismo na sociedade no cotidiano
Papai sacudo?

34 Comentários

  1. É Vinícius, essa “folga” dessas pessoas é realmente um absurdo! Na minha opinião essa falta de educação é um grande mal que vemos hoje em dia e um grande gerador de estereótipos que compromete muito a convivência em sociedade das pessoas que são realmente educadas, pois elas tem que conviver com as pessoas que não são educadas (machistas) e no final sempre acham que tem razão. Já vi, até, pessoas que não tem esses costumes horríveis serem chamadas de “afetadas” e na minha opinião, pior do que ter estes costumes é criticar quem não os tem. Obrigado por abordar um tema tão interessante e necessário para discussão hoje em dia. Grande abraço 🙂

  2. Nunca vi tamanha falta de informação.Nós homens sentamos assim por uma questão evolutiva e por uma necessidade fisiológica.A biologia explica, procurar um livro de anatomia talvez ajude.O Feminismo (ou vitimismo) está cada dia mais burro.

    1. Então diga qual é questão evolutiva e fisiológica para os homens se folgarem assim num espaço publico ??
      Cade as fontes do que tu fala ??
      Olha cara,muitos homens sentam com as pernas juntas,não esparramadas.Pq não faz sentido sentar assim,a não ser que o cara seja um babaca folgado.Isso é muito desconfortável,tanto para as mulheres,terem que se espremerem para não ficar roçando na perna de um desconhecido folgado.

      1. Nós devemos manter os testículos resfriados para termos uma boa fertilidade (por isso ele não fica junto aos outros orgãos).

        Alguém faltou às aulas de biologia do ensino médio…

  3. Gente folgada e filha da puta é um câncer na sociedade….O cara acha que precisa ficar de pernas abertas a ponto de ocupar quase dois lugares, sendo que não tem a menor necessidade!…Se sentar é uma coisa, espremer e quase dar cotovelada nos outros é outra…Esses vermes acham que estão na casa deles…!¬ ¬

  4. Eu vejo isso como desleixo e falta de educação, não como uma coisa sexista. Tem mulheres que são igualmente espaçosas nos ônibus. Pode ser em menor número porque as mulheres são mais atentas e empáticas.

  5. Vinicius, você deve ser retardado, né? É claro que eu estaria avaliando a melhor das hipóteses, na qual você não teria culpas pelo Tsunami de idiotices que derrama neste seu blog, já que há também a possibilidade de você ser apenas burro. Neste caso, não poderíamos culpar a natureza pelos absurdos que você insiste em proferir na internet. Mas vamos nos ater somente a este post – material suficientemente comprobatório da sua imbecilidade. Onde é que estávamos mesmo? Acho que me perdi nas ofensas à sua pessoa (foi difícil me conter). Ah claro! No machismo e suas consequências, especialmente o excesso de espaço que os homens ocupam no transporte coletivo. Pois bem, creio que seja no mínimo precipitada esta sua análise. Estas poucas fotos não são material suficiente para criarmos uma teses sociológica, não é mesmo? Ainda mais se pensarmos que na maioria das fotos, o trem parece estar vazio. E, se o trem está vazio, qual o problema de se ocupar um espacinho a mais? Em outras fotos, o trem realmente está cheio e o que vemos são alguns mal educados com as pernas abertas. Por que só os homens fazem isso? Porque são folgados? Porque são machistas? É claro que não, Vinicius. Os homens fazem isso por um motivo muito simples: homem senta de perna aberta, mulher não. Já posso ouvir você degladiando “Isso é culpa do machismo, que obriga as mulheres a fecharem as pernas, mostrando sua submissão e blá, blá, blá…”. Mas não, Vinicius. Isso é culpa da saia. Mulheres são acostumadas a ficarem de perna fechada, pois elas usam saias. E é por isso que mesmo as mais folgadas das moças não ficam de pernas abertas no transporte coletivo: elas simplesmente não têm o costume de ocupar espaço dessa maneira. Mas pode apostar que existem sim mulheres espaçosas – muitas delas, inclusive, pegam metrô todos os dias comigo. Elas podem não abrir as pernas, mas põem a bolsa no banco ao lado, ouvem música alta no celular etc. Enfim, este seu artigo só prova uma coisa (uma coisa que todos nós já sabíamos, é importante dizer): mulheres não ficam de perna aberta. Abraços.

  6. Interessante, é preciso dizer ‘elas também fazem’, para defender o quê? E sentir-se ofendido, por abrirem espaço para discussão sobre as variáveis manifestações da ‘Tradicional Cultura Patriarcal do Homem Sexista’ é senão, alguém que “já sabe que mulheres não ficam de perna aberta.” Quem sabe, devemos propor o fim das saias curtas e justas, pelo o bem da humanidade…

  7. Dou um saco para cada um ver como é bom sentar de pernas fechadas.

    E você entenderão o prazer de sentar em um assento que não tem ninguém ao lado. #Beyjos

  8. De fato, não tem nada a ver com fisiologia, mas, por favor, a maioria das fotos mostram momentos em que não há concorrência de espaço. Nestas condições, a pessoa senta ou se estica como quiser, ué! Agora, havendo aperto, convém facilitar pra todo mundo, né!

    Outra coisa, eu gostaria é que no transporte público houvesse conforto o suficiente para todos se sentarem da forma mais espaçosa possível, homens e mulheres. Cuidado pra não fazer da luta feminista, justa e necessária, se tornar um retrocesso nas lutas sobre outras questões. Acho que nisso o texto pisou na bola!

  9. Na moral, se tem a porra do espaço eu vou sentar do meu jeito. Se tiver pessoas para sentar irei respeita-las e dar espaço, mas vazio? foda-se sento do jeito que quero.

  10. Não consigo olhar pro título desse post e as imagens sem conseguir repudiar esse tipo de pensamento pelo simples fato de ter amigas que não curtem usar saias e sentam igual a esses homens.

    Cara, na boa, não vejo nada de mal você criar a teoria que for sobre aonde está o machismo na nossa sociedade.
    Mas não acho que seria bom para o seu blog censurar os comentários que acham suas teorias malucas, até por que isso arranca um bom momento de reflexão dos leitores da discussão iniciada por você.

    Estou estudando feminismo há algum tempo e pelo que vejo, ao menos aqui no Brasil a grande maioria segue vertentes coletivistas: juntando uma forma de feminismo social, marxista e radical. As outras vertentes sequer são discutidas em termos gerais, o que eu acredito ser bem nocivo para o próprio movimento feminista aqui no Brasil. Nocivo porque há feministas individualistas que nem sequer sabem que são feministas devido a comportamento contraproducente de movimentos feministas coletivistas.
    Acredito que uma das grandes virtudes que vejo no movimento feminista é a grande variedade de vertentes de pensamento sobre este assunto e parece que cada vez mais o movimento está se tornando algo estereotipado como a imagem que machistas tem de uma feminista e menos com o que o movimento prega.

  11. Bom Vinicius, concordo com você em partes, neste caso você abordou o caso do trem e como algumas pessoas que são bem folgadas se comportam, mas o fato do homem ocupar mais espaço que a mulher em um transporte coletivo vai muito além disso, por experiência própria digo que há questões anatômicas:

    Normalmente homens são mais altos que mulheres e o espaço entre um banco e outro é muito pequeno e se você se manter em seu espaço provavelmente vai ficar batendo o joelho na parte de aço do banco, neste caso eu coloco a minha perna mais para o lado e ocupo um pouco do outro lado do banco. Então eu prefiro sentar ao lado de pessoas que são menores justamente por isso, porque sou grande para o espaço que temos. E quando tem espaço livre eu me posiciono da melhor forma (e essa forma da foto é a forma mais confortável de tirar um cochilo), mas quando alguém vai sentar eu me arrumo de forma que não ocupo tanto espaço e acho que mulheres podem se comportar da mesma forma também.

    De fato há caras como este que são assim porque são condicionados a um tipo de comportamento, assim como quem dirige com o banco deitado, não sei se é totalmente machista ou um comportamento de alguém que quer se impor. No dia a dia de uso de ônibus como transporte coletivo, uso para praticamente tudo, não vejo muito esse tipo de comportamento, eu vejo um comportamento generalizado de gente folgada, seja ela criança, mulher, homem. Até mesmo no metro não vejo pessoas dessa forma, e ainda mais porque é bem apertado.

  12. A forma como HOMENS (só homens?) sentam nos trens e metrôs demonstra as manifestações do “machismo patriarcal histórico etc”? Ok, cara, mesmo sendo antifeminista por não acreditar na existência do patriarcado, eu tento respeitar quem pensa diferente, pois cada um tem o direito de acreditar no que quiser. Mas desculpa, com esse tipo de paranoia, não dá…

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