Por Alexandre Matos da Gama, em colaboração com Colunas Tortas.
Em uma das “44 cartas do mundo líquido moderno“, Zygmunt Bauman discute nossas conectividades sociais, já que estas tendem cada vez mais a parecerem com as relações das redes sociais na internet.
Em uma sociedade onde estar aberto às oportunidades é fundamental, o mundo virtual é extremamente atrativo na medida em que é possível estabelecer conexões com muita facilidade e desfazê-las na mesma proporção, fazendo com que tudo seja “breve, superficial e descartável”, como diz o próprio Bauman.
O principal atrativo do mundo online para os jovens é a ausência das contradições do mundo off-line. Os contatos podem ser excluídos com muita facilidade, o que na vida real seria desgastante, já que o vínculo é mais forte e o número de contados tende a ser reduzido conforme o aprofundamento das relações.
Outro fator importante é que não só os contatos, mas a própria identidade deve ser algo remodelável e descartável sempre que for necessário, caracterizando a liquidez do indivíduo moderno que não está atrelado a nada que seja absolutamente rígido e sólido, exemplificado por Bauman na analogia da foto, que representa essa instantaneidade: a foto, que sempre teve o intuito de fixar um momento no tempo, agora pode ser editada, alterada e remodelada.
A conexão e a desconexão acabam invadindo as esferas do mundo off-line e fazendo com que nossas relações também se tornem fáceis de “conectar e desconectar” aos outros indivíduos.
A questão é saber se os indivíduos acostumados a tanta superficialidade serão capazes de interagir de forma plena e/ou eficaz nessa sociedade que ainda funciona em boa parte no modo off-line, com relações cara a cara que exigem cada vez mais flexibilidade. Abaixo, está um vídeo sobre a relação entre as redes sociais e nossa vida cotidiana.
Entre em nosso canal no telegram: https://t.me/colunastortas.
O Colunas Tortas é uma proto-revista eletrônica cujo objetivo é promover a divulgação e a popularização de autores de filosofia e sociologia contemporânea, sempre buscando manter um debate de alto nível – e em uma linguagem acessível – com os leitores.
Nietzsche, Foucault, Cioran, Marx, Bourdieu, Deleuze, Bauman: sempre procuramos tratar de autores contemporâneos e seus influenciadores, levando-os para fora da academia, a fim de que possamos pensar melhor o nosso presente e entendê-lo.
Republicou isso em Elias Lima.