E se a Loucura falasse com você?

A sátira aos absurdos da filosofia, fé e comportamento humano evoca a insanidade e demonstra que a própria loucura está presente na vida dos homens e que é justamente ela, que move o mundo.

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‘Elogio da Loucura’ de Erasmo de Rotterdam, teólogo e filósofo de pensamento ocidental da Idade Média à época Moderna, aborda a loucura de forma sublime e enfática, ela que se apresenta em primeira pessoa, colocas seus efeitos e subjetividades à mesa. Para o autor está acima de qualquer sentimento humanista.

A obra escrita no início do século XVI é puro deleite. A Loucura em suas várias vertentes, seja no amor, seja na audácia, seja acompanhada de bebidas, seja no pensamento, seja no simples fluxo léxico da palavra…

Passou-se cinco séculos desde que o livro foi publicado e, de fato ao descobrir os anseios lunáticos da Loucura que fala é extremamente divertido e fabuloso a leitura regada de admirações e petulâncias.

A sátira aos absurdos da filosofia, fé e comportamento humano evoca a insanidade e demonstra que a própria loucura está presente na vida dos homens e que é justamente ela, que move o mundo. Caro Leitor, você conseguiria imaginar um mundo sem Loucura? Certamente seria um mundo sem cor e desfalcado de prazeres.

“Quanto mais os homens se entregam à sabedoria, mas se distanciam da felicidade. Mais loucos que os próprios loucos, eles esquecem então que são apenas homens e querem ser vistos como deuses; amontoam, a exemplo dos Titãs, ciências sobre ciências, artes sobre artes, e servem-se delas como outras tantas máquinas para fazer guerra à natureza. Portanto, é aproximando-se o quanto puderem da ignorância e da loucura dos brutos, é jamais empreendendo algo que esteja acima de sua condição e de sua natureza, que os homens verão diminuir sensivelmente as misérias inumeráveis que os atormentam e os oprimem”.

Não é assim? Um morre de amor por outro e, quanto menos é amado, maior é sua paixão. À loucura que surge devido aos efeitos lisérgicos das drogas… Às matanças que são feitas aos sacrifícios religiosos e/ou de guerras. À loucura mais desprezível dos empresários para obterem lucro dos mais gentis e humildes.

Outros renomados como Descartes e Freud trataram a experiência da loucura como algo satisfatório. A meu ver, a Loucura está na ordem do sensível e deve estar presente não somente nas comemorações como também no sossego ou no simples fato de falar com o teu animal de estimação. Loucura não é utopia. Loucura é condição de todo ser, faz parte do universo lúdico ser louco. Caso contrário, não teria graça.

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