Ao invés de abraçar um idealismo bobo faz com que partidos se coloquem neutros frente às suas acusações, eu acredito que o verdadeiro pragmatismo está na coragem para assumir posições. Eu não vou denunciar a corrupção na Petrobras tendo como pano de fundo a moralidade burguesa ou os interesses do império.
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Também não sou esquerdista o bastante para lutar única e exclusivamente pela revolução perfeita, como se isso fosse possível. Quando o partido Bolchevique estourou a revolução, os socialistas preenchiam grande parte do parlamento russo (e preenchiam quase a metade da Segunda Duma, com 200 deputados de um total de 450, antes da renovação da lei do voto, retirando parte da representatividade do operariado). É necessário saber caminhar dentro dos limites da institucionalidade.
Da mesma forma, não sou bobo o bastante para evitar ações que à longo prazo não me ajudam, embora sejam úteis a curto prazo. A estratégia não se faz com princípios, se faz com ações práticas eficientes. Não há espaço para coerência quando é necessário ganhar a luta – e nenhuma luta se faz com coerência, se faz com força e estratégia. A coerência, na verdade, é uma estratégia dos ricos para travar a luta proletária – é a coerência que está por trás do argumento infantil do “é comunista? Vai pra Cuba!”. Será que a coerência não está também localizada dentro de uma sociedade de classes e, portanto, é algo a ser criticado duramente quando sai da boca de uma minoria universitária e limpinha?
No entanto, os partidos coerentes sabem disso: por isso colocam em suas fileiras homofóbicos popularescos, conservadores líderes de greve sem nenhuma formação política, candidata a presidência que só consegue falar com universitários (e por isso grita junto com a grande mídia a caça aos corruptos que nem foram julgados). Não nego que é possível existir bons quadros em partidos mascarados, mas não é possível fazer um bom partido só com alguns bons quadros.
Nunca se deve proteger o PT. Suas ações foram covardes e traidoras, a classe trabalhadora não pode nunca perder seus direitos: mas ainda é possível entender que há muito mais por trás disso na manifestações do dia 15. Os trabalhadores da Petrobras que o digam.
Já sou velho, mas olho para o mundo a partir de seu ineditismo, nunca sob o ranço interminável dos anciãos.