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Pierre Bourdieu, sociólogo francês.
Pierre Bourdieu nasceu em 1930, na cidade de Denguin e morreu em 2002, em Paris.

Pierre Bourdieu foi um sociólogo francês da segunda metade do século XX – na mesma época de Foucault e Derrida.

Apesar de ter se graduado como filósofo, começou suas pesquisas como etnólogo na Argélia e terminou por revolucionar a sociologia: sua inovação metodológica o tornou reconhecido em todo o mundo acadêmico.

Para promover sua obra, colocamos links para download de 20 teses e dissertações e 27 artigos no fim desta matéria.

Índice

  1. Pierre Bourdieu, muito mais que um reprodutivista
  2. Opinião de intelectuais sobre Pierre Bourdieu
  3. 6 artigos do Colunas Tortas sobre Pierre Bourdieu
  4. 20 teses e dissertações de Pierre Bourdieu para download gratuito
  5. 21 artigos sobre a obra de Pierre Bourdieu

Pierre Bourdieu, muito mais que um reprodutivista

Bourdieu conseguiu absorver Weber, Durkheim e Marx em sua teoria e desenvolveu conceitos como habitus, o sistema de disposições gerais de cada agente social; campo social, um local de relações de força e lutas internas pela legitimidade; e violência simbólica, violência do opressor internalizada pelo oprimido.

Nasceu no interior da França, em 1 de agosto de 1930, na família de um funcionário público de baixo escalão. Logo, Bourdieu foi guiado para manter seus estudos em Paris e entrou na prestigiada École Normale Supérieure. Ao contrário do esperado, o autor não fez sociologia, mas sim graduação em filosofia, e estudou epistemologia e história da ciência – o que o colocou em oposição à escola dominante na França, naquele momento, o existencialismo sartreano[1].

Sua mudança para o campo da sociologia ocorreu após ser chamado pelo exército francês à Guerra da Libertação da Argélia, de 1956 à 1962, aprofundando-se no estruturalismo de Claude Lévi-Strauss e produzindo uma etnografia da sociedade Cabila. Ao voltar para França, em 1960, foi assistente de Raymond Aron e no ano seguinte tornou-se professor da Universidade de Lille[2]. Em 1964, passou a ser institucionalmente um sociólogo, ocupando o cargo de diretor da École des Hautes Études en Sciences Sociales. Quatro anos mais tarde fundou também um centro de pesquisas sociológicas e lançou em 75 o Actes de la recherche en sciences sociales, revista interdisciplinar de sua responsabilidade[3].

Ainda assim, sua obra é objeto de grandes controvérsias, já que muitos o consideram um mero autor da reprodução das desigualdades sociais (reprodutivista). Uma leitura rasa pode gerar más interpretações e ocultar a complexidade de sua teoria já que, para Bourdieu, os agentes sociais estão sempre em constante jogo de forças que os empurra em cada campo social, desejantes dos troféus do campo em que participam, marcando seus corpos com trejeitos e lhes inculcando modos de ser e fazer.

O campo de forças insere, na sociologia de Bourdieu, a impossibilidade de se fazer o que quer, como se quer, na hora em que se quer – ao mesmo tempo; também nega a inferência de que a técnica seria um ‘dom’, afirmando ser fruto da origem dos indivíduos, segundo códigos que lhes são familiares – para ele, o filho de família rica teria ‘dom’ para entender música erudita não por ‘gênio’, mas porque conhece suas regras, revelando na verdade uma distinção social e cultural entre indivíduos. Estas conclusões nascem da própria vida de Bourdieu e das oposições que ele mesmo viveu: nasceu no campo, mas se profissionalizou em Paris; era de uma família pobre, mas se relacionou com a nata rica e a classe-média francesas[4].

Não se pode resumir uma análise social pelo montante de dinheiro de uma pessoa ou por seu diploma universitário, diria Bourdieu, mas sim através da interrelação de todos os fatores importantes nos campos sociais em que cada pessoa participa num dado momento e no espaço.

Como a sociedade é essencialmente relacional, o espaço social é importante para a sociologia de Pierre Bourdieu. Os diferentes capitais (econômico, simbólico, social, cultural etc) irão posicionar cada agente de acordo com o acúmulo de capital dos outros agentes – o todo define a parte, sendo que toda definição é exterior em Bourdieu – nada se define por si.

Isso significa que o privilégio ou não-privilégio de um sujeito não depende de uma essência, de uma marca corporal – nem mesmo de sua renda, mas sim do volume de cada tipo de capital (econômico, simbólico, social, cultural etc) acumulado e de seus campos de atuação na sociedade, pois só assim é possível entender se um grande volume de um dado capital de fato terá relevância para tornar seu possuidor um privilegiado dentro das relações de poder nas quais ele está envolvido.

Reunimos abaixo uma coleção de depoimentos e citações de intelectuais sobre a obra de Pierre Bourdieu, veja o que especialistas pensam da sociologia bourdiana e não deixe de baixar todas as teses, dissertações e artigos disponíveis em PDF no fim da matéria.

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Opinião de intelectuais sobre Pierre Bourdieu

Abaixo a opinião de alguns intelectuais sobre Bourdieu:

Clóvis de Barros Filho, em matéria para a Folha:

“Discorrer sobre a importância de Marx para o estágio atual das ciências sociais é fazê-los perder tempo”, sentencia. Refuta, no entanto, com veemência, o rótulo de “neomarxista”, não só por ser redutor, mas por gerar equívocos. Alonga-se sobre a relação entre campo e classe, o que o afasta da sua literatura publicada até então. Critica o caráter substancialista do conceito de classe. Contrapõe-lhe a lógica reflexiva das posições do campo. Esclarece: se o burguês é objetivamente burguês, em razão dos meios de produção, as posições de dominante e dominado no campo só existem e têm sentido umas em relação às outras.

Loic Wacquant, em artigo:

Os maiores pensadores de qualquer época são aqueles que não apenas “fazem descobertas” importantes – essa é a tarefa de qualquer cientista, como, aliás, afirmou Émile Durkheim –, mas também são aqueles que causam naqueles à sua volta uma mudança no modo de pensar, indagar e escrever. Pierre Bourdieu pertence a essa categoria, pois ele alterou para sempre a maneira como os estudiosos da sociedade, da cultura e da história em todo mundo, de Tóquio a Tijuana e a Tel Aviv, concebem e exercem seus ofícios. Para ser fiel ao espírito de sua vida sociológica e para continuar seu legado, devemos seguir aplicando suas idéias e testando seus achados a fim de produzir novos objetos de pesquisa.

Marco Weissheimer, em artigo:

Um dos pontos mais originais da obra de Bourdieu reside na vontade de superar o que ele chamava de “falsas antinomias” da tradição sociológica – entre interpretação e explicação, estrutura e história, liberdade e determinismo, indivíduo e sociedade, objectivismo e subjetivismo. Pierre Bourdieu não era apenas um pesquisador excepcional, reconhecido pela comunidade acadêmica internacional, mas um intelectual empenhado nas lutas sociais e no debate público, na tradição francesa que reúne nomes como Émille Zola e Jean-Paul Sartre.

Maria da Graça Jacintho Setton, em matéria para a revista Cult:

Pierre Bourdieu é um dos mais importantes pensadores do século 20. Sua produção intelectual, desde a década de 1960, estende-se por uma extensa variedade de objetos e temas de estudo. Embora contemporâneo, é tão respeitado quanto um clássico. Crítico mordaz dos mecanismos de reprodução das desigualdades sociais, Bourdieu construiu um importante referencial no campo das ciências humanas.

Veja na próxima parte desta publicação todos os artigos do Colunas Tortas para ler.

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Artigos no Colunas Tortas sobre Pierre Bourdieu

  1. Pierre Bourdieu – Uma introdução
  2. Pierre Bourdieu e o campo social
  3. Sujeito e objeto: uma falsa dicotomia
  4. Gostos de Classe e Estilos de Vida – Pierre Bourdieu: Resenha
  5. Televisão, indústria da informação – Pierre Bourdieu
  6. Veja 8 olhares sobre a pós-modernidade

Veja na próxima parte desta publicação todos os artigos de Pierre Bourdieu para download.

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Teses e dissertações de Pierre Bourdieu para download gratuito

Sua obra é gigantesca, mas conseguimos reunir 18 livros para você fazer download gratuitamente. Também agrupamos 21 artigos sobre a obra do autor, que lhe ajudarão a entender seus conceitos e suas conclusões. Veja abaixo.

  1. BERG, Tabata. A gênese das categorias trabalho e habitus: Possíveis pistas ontológicas apreendidas do diálogo entre os “jovens” Lukács e Bourdieu;
  2. CAPRARA, Bernardo Mattes. A influencia do capital cultural no desempenho estudantil: Reflexões a partir do SAEB 2013;
  3. CORDAO, Michelly P. de S. O Jogo Político Da Democracia: Lutas Simbólicas Na “Redemocratização” Brasileira (1984-1985);
  4. COSTA, Martha Gabrielly Coletto. Nas pegadas da dissimulação: um estudo sobre as novas figuras da ideologia a partir de Claude Lefort e Pierre Bourdieu;
  5. DINIZ, Renato Domingues. A família, a televisão e a constituição da criança em consumidor.
  6. FERRER, Sidney R. Marginal e apátrida na filosofia brasileira: Uma análise sociológica sobre Vilém Flusser.
  7. GAMA, Monalisa Ribeiro. O preço da conversão: Análise das trocas simbólicas e dos mecanismos de subjetivação dos conversos na Assembléia de Deus;
  8. GRANATO, Natalia Cristina. O campo político paranaense no contexto do golpe de 1964 e suas lutas políticas;
  9. HERDEIRO, Rafael Correia. A Relação Entre Esporte Escolar E Esporte De Alto Rendimento: Recreação, Reprodução E Distinção;
  10. KREMER, Rodrigo Leite. A Evolução da Economia Matemática na História do pensamento Econômico: uma interpretação a partir da Sociologia da Ciência de Pierre Bourdieu;
  11. LIMA, Raul V. A. O Programa Mais Educação: uma análise sobre o habitus do professor coordenador dentro do contexto da prática;
  12. LOPES, Gabriel F. da R. Sistema de direito e campo jurídico: convergências e divergências;
  13. MACIEL, Pollyane R. F. Relações de gênero no espaço religioso pentecostal paraibano: comparação entre a Assembléia de Deus e a Bola de Neve Church, em Campina Grande – PB;
  14. MELLO, Marcello Mazzaro de. Paradigmas da Educação: os Polos Antagônicos de Pierre Bourdieu e Raymond Boudon;
  15. MIRALDI, Juliana Closel. Pierre Bourdieu e a Teoria Materialista do Simbólico;
  16. PINHO, Marcelo S. S. de. Políticas de Segurança Pública: análise do campo no Legislativo Federal;
  17. PONTES, Nicole L. M. T. de. Habitus, Maldade E Permanência: O problema do mal e os limites do conhecimento sociológico;
  18. SANTANA, Ricardo A. de. Sociologia da Arte e os paradoxos do valor estético: uma discussão metodológica;
  19. SILVEIRA, Luis Gustavo Guadalupe. Bourdieu e o papel de legitimação social do discurso filosófico sobre a autonomia da arte;
  20. SOUZA, Taina Ramos Leal de. Fruição como elemento da política na arte: Entre Bourdieu e Rancière;

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Artigos sobre a obra de Pierre Bourdieu

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Referências

[1] Pierre Bourdieu. Oxford Bibliographies. Acessado em 09 de agosto de 2016, http://goo.gl/BaL7W3.

[2] GRENFELL, Michael. Pierre Bourdieu: Agent Provocateur. Estados Unidos da América: Editora Continuum, 2004, pag.8.

[3] Pierre Bourdieu, A Biography in Brief. About Sociology, Acessado em 09 de agosto de 2016, http://goo.gl/9QoDQ1.

[4] GRENFELL, Michael. Pierre Bourdieu: Agent Provocateur. Estados Unidos da América: Editora Continuum, 2004, pag.9.

49 Comentários

  1. Um homem complexo, tantas vezes não compreendido e encerrado em categorias binárias, que uns amaram e outros odiaram ou invejaram, PB nunca perdeu a dimensão relacional nas suas análises, não sendo, pois, como alguns quiseram ver, um essencialista ou um determinista. Por isso preferiu sempre o uso de agente social ao de ator ou mesmo de sujeito. Tive o prazer de o conhecer ao vivo, em Paris, em 1992 e em 1994 e a muitos investigadores da sua equipa, principalmente François Bonvin, um grande amigo, que hoje vive entre Paris e São Paulo. Morreu cedo. Demasiado cedo. Mas deixou-nos uma obra admirável, sempre diversa e sempre unificada pelos seus conceitos mais queridos: habitus, campo, agente social, produção e reprodução.

  2. Material importante.para dialogar e aprender,outras metodologias,buscar diversos conhecimentos,para fundamentar nosso aprendizado.nossa condição e produção acadêmica.

  3. Tive dificuldades para baixar os livros, muitos links estão quebrados. Se for possível enviar por e-mail agradeço. Parabéns pela iniciativa!

  4. Segue o link da minha dissertação “Campo do cineclubismo brasileiro : uma análise dos interesses em jogo no período de rearticulação do Movimento Cineclubista”. As noções teórico-metodológicas de Pierre Bourdieu foram a base para este trabalho. A partir delas, identificaram-se os agentes eficientes e as posições deles, a distribuição de capitais, as estratégias e o habitus coletivo no campo do Cineclubismo no período de rearticulação.

    http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/129872

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