Livro da semana: Teeteto – Platão

O que é conhecimento? É em Teeteto que Sócrates discute bravamente sobre o tema. Clique aqui, leia a apresentação e baixe o livro em PDF.

Teeteto de Platão.
Platão viveu entre o século V e IV antes de Cristo. Foi um dos fundadores da Filosofia e escreveu os diálogos de seu mestre, Sócrates.

Teeteto era filho de Eufrônio, nascido em Símio, homem de grande reputação e riqueza. Além de ter um bom pai, também era feio, seu rosto era tão amassado quanto o de Sócrates. Qual sua importância?

O jovem Teeteto é o interlocutor principal do diálogo de Platão que recebe seu nome. O tema é o conhecimento: o que é?

Sócrates, durante todo o diálogo, traz diversas referências. Se utiliza de Protágoras e sua máxima “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”; também cita Heráclito e sua teoria do devir que impossibilita a apreensão do ser, já que este não existiria igual em dois momentos diferentes; por fim, utiliza Parmênides de contraponto aos dois ícones do relativismo acima citados.

Como poderia a afirmação de Protágoras fazer sentido? Se o homem é a medida de todas as coisas, então a verdade depende sempre dele e, desta forma, seria impossível o filósofo se dizer mais sábio que qualquer de seus aprendizes. Qualquer tipo de discussão filosófica perderia seu sentido. O interlocutor que afirmasse que a verdade é absoluta estaria falando uma verdade.

Platão, por sua vez, não nega a teoria do fluxo de Heráclito, que ele até mesmo aplica às coisas sensíveis, no entanto, não se permite aceitar sua validade em relação ao suprassensível. “Em outras palavras, para haver o conhecimento sobre alguma coisa deve existir, em um dado momento, estabilidade nessas coisas”[1].

A complementação vem em seguida: o conhecimento não é a experiência, portanto, saber que as coisas sensíveis não permanecem, não o torna impossível. A experiência sensível, por sua vez, tem sua importância: o conhecimento é percebido por meio dos sentidos. Daí a possibilidade de se errar.

O erro, a opinião errada, se dá através da relação entre a percepção e o pensamento, que se confundem e trazem resultados divergentes da realidade.

O conhecimento vem a ser, portanto, a opinião verdadeira, mas não sozinha. A opinião verdadeira pode existir quando o sujeito escolhe aleatoriamente uma opção. Mas não é possível que ele sempre escolha a opção verdadeira, pois a escolha da verdade não estará ancorada na racionalidade, mas sim na probabilidade.

Destarte, a opinião verdadeira só pode se tornar conhecimento se vier acompanhada de uma explicação. Mas a explicação precisa distinguir o objeto explicado do restante dos objetos, não apenas caracterizá-lo.

“Agora, escuta por que falei dessa maneira. É como dizíamos há pouco: se apanhares num determinado objeto o que distingue dos demais, apanhaste, como dizem alguns, sua explicação, ou definição. Mas enquanto só atingires caracteres comuns, tua explicação dirá respeito apenas aos objetos que tenham de comum essa característica”[2]

Mesmo assim, a jornada em busca da definição de conhecimento esbarra em um problema. Se o conhecimento é a opinião verdadeira acompanhada da explicação racional, então o conhecimento é a opinião verdadeira acompanhada do conhecimento do objeto.

Como pode a definição do conhecimento precisar do conhecimento para ser definida?

O livro termina assim, com uma missão ainda não cumprida.

Teeteto, de Platão

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Referência

[1] ↑ ZENI, Eleandro Luis. Conhecimento e linguagem: um estudo do Teeteto de Platão. 2012, dissertação de mestrado. Centro de Ciências Sociais e Humanas. Universidade Federal de Santa Maria, p. 40.

[2] ↑ Platão. Teeteto. Tradução: Carlos Alberto Nunes. 3ª edição, Belém: Editora Universitária UFPA, 2001, p. 137.

2 Comentários

    1. Rapaz, sei que isso foi a dois anos atrás, mas assim… Cê tá ligado que o próprio Platão rejeita a definição tripartida, né? O.o

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