Encontro filosófico aborda Vigiar e Punir de Michel Foucault (SP)

foucualt inanna
Michel Foucault é autor chave na leitura social contemporânea.

Após 2 encontros filosóficos com muita gente, diversas questões e discussões cheias de entusiasmo, o Colunas Tortas anuncia o 3º Encontro Filosófico do Colunas Tortas com o tema Vigiar e Punir: Disciplina e Controle Social, com apresentação inicial feita pelo professor Marcos Cesar Alvarez* da Universidade de São Paulo.

Há poucas semanas, o Brasil se encontrou num caos carcerário, acordou diante de greves do aparelho policial, recebeu as forças armadas nas ruas e viu de perto a falência da segurança pública no Brasil.

Vigiar e Punir, de Michel Foucault, segundo Alvarez, “coloca questões incontornáveis: qual o lugar da prisão na economia de poder em uma sociedade como a brasileira, marcada pela desigualdade? Como as relações de poder no interior da prisão transbordam o tempo todo para o ‘fora’ da prisão? Que formas de poder mas também de resistência se manifestam nas rebeliões nas prisões?”.

No entanto, é necessário manter uma distância segura para utilizar o livro, pois ele é fruto das questões colocadas no momento em que Foucault o escreveu, quando ainda participava do Grupo de Informações sobre Prisões, o GIP.

“É preciso não empregar de forma direta e mecânica as discussões de Vigiar e Punir para se pensar a atual (e permanente) crise do sistema prisional brasileiro. Mas, para além das questões próprias às condições de emergência do livro, a análise ali realizada transformou de forma decisiva a maneira de se pensar não apenas o lugar da prisão nas sociedades modernas mas, de forma mais geral, o papel da punição e da gestão dos ilegalismos em nossas sociedades. Em um contexto marcado, segundo vários autores, pelo encarceramento massivo de parcelas importantes das populações urbanas e por novas formas de gestão dos conflitos sociais, as questões colocadas pelo autor são ainda muito pertinentes”, diz Alvarez.

Vigiar e Punir foi lançado em 1975 e é considerado o livro que inaugura a (vulgarmente) conhecida “fase genealógica” de Foucault. É uma obra de alcance amplo, que mudou a maneira de se observar as políticas sociais no ocidente, descrevendo mecanismos disciplinares com detalhamento microscópico, que tomam o lugar das análises do discurso e dos saberes, conduzidos em sua fase anterior, “arqueológica”.

“Mas a passagem não é tão simples, pois Foucault retoma questões e temas que já estavam presentes desde a publicação, no inícios dos anos 60, do seu livro História da Loucura, no qual já fazia uma história das práticas institucionais de exclusão e de internação. Por outro lado, a elaboração do livro é indissociável do contexto da atuação militante do autor no Grupo de Informações sobre Prisões e diante da repressão em curso aos movimentos políticos e sociais no pós 1968 na França”, complementa Alvarez.

A leitura de Vigiar e Punir, portanto, é um esforço de entender o procedimento específico de Foucault para descrever os mecanismos de exercício do poder e as formas como as relações de poder se espalham pela sociedade através de sujeitos – muitas vezes – considerados fora do sistema, como os encarcerados.

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Serviço

O quê: Encontro “Desmortificar o corpo: Deleuze leitor de Espinosa”, apresentado pelo professor Fernando Bonadia e organizado pelo Colunas Tortas (Clique aqui para ver o evento no Facebook).

Onde: Livraria Tapera Taperá, Av. São Luiz, 187, 2º andar, loja 29 – Galeria Metrópole, próximo ao metrô República da Linha Vermelha, em São Paulo.

Quando: Dia 18/02, das 10:30hs às 12:30hs.

Entrada Franca.

Notas

*Marcos César Alvarez é sociólogo, professor Livre Docente no Departamento de Sociologia da USP, e desenvolve atividades de ensino, de pesquisa e de extensão relacionadas aos domínios da Sociologia da punição e do controle social, bem como no âmbito da teoria social, das metodologias de pesquisa e do pensamento social no Brasil. Possui graduação em Ciências Sociais (1984), Mestrado (1989) e Doutorado (1996) em Sociologia, todos obtidos na Universidade de São Paulo, e pós doutorado na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris (2008-2009)

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