Documentário: o complexo de vira-latas

O complexo de vira-latas é aquele sentimento de que tudo o que vem de fora é melhor, as pessoas de fora são mais bem educadas e finas, e o que vem daqui não presta, é inferior.

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Nelson Rodrigues nos deu o termo que designa um sentimento muito comum na sociedade brasileira: complexo de vira-latas.

O complexo de vira-latas é aquele sentimento de que tudo o que vem de fora é melhor, as pessoas de fora são mais educadas e finas, e o que vem daqui não presta, é inferior.

Pois bem, esse sentimento está presente na sociedade brasileira fazendo com que a nossa própria identidade seja preterida, nossas conquistas diminuídas, pois de acordo com esse imaginário, nada do que pudéssemos fazer aqui teria a qualidade que teria se fosse feito em outro país.

Mas será mesmo que tudo feito aqui é de tal forma ruim que jamais estaríamos ao nível de um país europeu? Não realmente. Temos cientistas brilhantes, jogadores de futebol excelentes, artistas renomados internacionalmente. Porém, em vários momentos, comparações são feitas. Nicolelis, cientista brasileiro responsável pelo projeto do exoesqueleto que permite a uma pessoa com deficiência física dar alguns passos novamente — e receber feedback táctil, presenciou vários colunistas desmerecendo seu trabalho, dizendo que já foi feito, que é difícil de se usar, ou que cientistas estrangeiros fariam melhor.

Complexo de vira-latas.
Documentário: Complexo de vira-latas. Imagem: reprodução

Essa construção do imaginário do Brasileiro preguiçoso, corrupto e inapto serve, também, para se criar uma espécie de submissão social. Ela impede a revolta, pois deixa a entender que a nossa realidade não pode ser mudada pois é inato à nossa sociedade fazer assim. Vemos, com frequência, insinuações de que o nosso futuro só seria melhor se pudéssemos ser como os europeus, como se pudéssemos arrancar da pele a nossa brasilidade e nos identificar como vindo de lá, mesmo que tenhamos nascido e crescido por aqui.

Classes sociais mais abastadas reforçam este sentimento por não se identificarem como sendo somente brasileiros, mas sim como tendo um pé na Europa; como no episódio recente, de grande repercussão nas redes sociais, na qual uma empresária e socialite se mostrou indignada, pois fazia parte de uma “elite branca e europeia” que estava marginalizada no país, mesmo tendo consciência de que ela possui uma vida bastante privilegiada.

Para mudar isso, não temos de, necessariamente, rejeitar tudo o que vem de fora, e muito menos embarcar em um nacionalismo exacerbado. O contato entre diferentes culturas é necessário e estimulante, porém precisamos ter a consciência de que não somos um povo subserviente; nós podemos, sim, ser competentes, crescer, criar coisas novas e mudar a realidade ao nosso redor.

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