Manifestações No Rio De Janeiro Hoje: Ainda É Só O Começo

Manifestações no Rio De Janeiro Hoje são as mais expressivas no Brasil e com maior utilização do aparelho repressivo. Eis aqui uma contribuição de um manifestante nos dando o clima geral das manifestações no Rio.

Por João Pedro Ferreira

Ainda É Só O Começo

No meio de completa desilusão com política, os jovens de todas as partes do Brasil saem nas ruas e buscam algo mais que 20 centavos num junho que mal passou e já está na historia do país.

No rio, os protestos contra o abuso das tarifas de ônibus vinham reunindo por volta de 300 manifestantes há mais de um ano. Mas parece que São Paulo e principalmente o Movimento Passe Livre tiveram um papel determinante no futuro do movimento. A aliança entre Rio e São Paulo deu aos cariocas a possibilidade de sonhar mais e exigir uma vida sem catracas.

 Manifestações no Rio de Janeiro hoje com violência

Nos maiores atos, que reuniram mais de um milhão de pessoas nas principais avenidas do centro da cidade o que se viu foi uma infinidade de pautas, indignação de sobra e uma falta de organização recorrente a um povo que, até então, não tinha o hábito de protestar. Esse último fator geraria diversos rachas e discussões entre partidários e apartidários dentro do próprio movimento.

Com o fim do oba-oba da “juventude apartidária Guy Fawkes”, rumos mais plausíveis de uma verdadeira mudança social vieram à tona. Junto ao descobrimento de práticas questionáveis do governador Sergio Cabral (como a utilização de helicópteros para visitas a sua mansão entre muitas outras) e pautas que mobilizara anteriormente milhares pra protestar, a organização dos protestos girava agora em torno de um ponto comum: o impeachment do governador do rio.

A partir daqui podemos virar uma nova pagina da história desses protestos. Através de uma maior organização desses grupos, existiu uma possibilidade de debater e decidir os meios que o movimento utilizaria para ser vitorioso.

Ele continuou com o caráter de buscar dialogar de maneira pacífica, mesmo que o velho Estado se mostre totalmente incapaz disso. Neste contexto, reafirmou que os Black Blocs, junto com sua atuação mais radical e sua ideologia anarquista, são representantes do movimento, visto que estão todos lutando pela mesma causa, numa posição oposta a da mídia tradicional que tentou de todas as formas criminalizar essa parte dos manifestantes – os “vandalos”. Este grupo, para o desespero da mídia, veio crescendo a cada novo ato até uma mudança na política de repressão utilizada pelo governador.

Black Bloc nas manifestações no rio de janeiro

Além da criação da CEIV (que provocou muita discussão até mesmo entre grupos favoráveis ao governador), o Estado decidiu por fim a atuação de P2’s no meio dos protestos e colocar policiais fardados rodando a manifestação visando por fim a atuação dos Black Blocs. Isto se deu logo após a polêmica dos coquetéis molotov lançados por esses policiais à paisanas durante a visita do papa.

A PM conseguiu com que a atuação desse grupo diminuísse, mas a revolta popular e o sentimento de insatisfação continuaram crescendo. Atos quase diários durante a visita do papa foram ocorrendo paralelamente a uma ocupação na rua do governador Sergio Cabral, que ainda ocorre sem data pra sair.

Após essa maior organização, a revolta popular mostrou que veio pra ficar e que seus objetivos serão atendidos, diferente de manifestações ocorridas em outras épocas e que estávamos acostumados. Ainda que esses frutos não sejam imediatos, o PMDB – que desde o anúncio dos grandes eventos manda e desmanda no rio – está totalmente abalado.

Levantou-se uma organização popular e democrática que além de querer tirar o governador do poder e sonhar com uma nova realidade para sua cidade, busca também servir de exemplo para outras cidades fazerem o mesmo, visando nacionalizar o movimento.

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