Para lavar a alma diante do golpismo

Às vezes, o golpismo precisa ser massacrado. Nem que seja num debate na Jovem Pan, como no caso que irei expor, é necessário massacrar. O golpismo não fala, ele cala.

Em minha coluna de hoje, gostaria de lavar minha alma ao lado do jornalista Cesar Calejon, que deu uma resposta boa o bastante para ser generalizada a qualquer membro da elite golpista. Abaixo, o vídeo e a transcrição.


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Você está numa posição absolutamente confortável. Você está no estúdio, bem vestido, com seu mocassinzinho, com terno e lencinho. Quando você sair daqui, você vai jantar no Figueira Rubaiyat [restaurante da elite paulistana]. Enfim, você está fomentando algo, está assinando um cheque que não é da sua conta que o valor sai, Marco Antônio. Você não foi pra porta de quartel utilizar banheiro químico e passar a noite em barraca pra pedir golpe. Sabe o que você faz? Você passa cera no cabelo, bem pro estúdio, fomenta um golpe de Estado e não precisa arcar com as consequências de absolutamente nada.

A sua vida, caso estoure um golpe de Estado no país, vai continuar a mesma coisa: você veio de uma família abastada, você pode pegar um voo e ir pra Europa, ir pros Estados Unidos.

Não se trata de um ataque pessoal. Trata-se de uma materialidade factual, pois você está fomentando um processo que não estoura nas suas costas e você está numa posição absolutamente confortável porque, de muitas maneiras, a situação lhe favorece. Você é amigo da família Bolsonaro, é amigo do Eduardo Bolsonaro. Então, de muitas maneiras, você está defendendo seus interesses próprios.

Eu sei que a ampla maioria das pessoas que estão nos vendo neste momento discordam da minha visão política. Eu sei disso. Agora, tomem muito cuidado com o que vocês vão fomentar porque a maioria também não está na mesma situação do Marco Antônio. Vocês vão se colocar numa situação absolutamente complicada se estourar efetivamente um golpe de Estado.

Você, Marco, deve ter nascido alí em 1987, 88… Antes de você nascer, houve um golpe militar, que é o que você está fomentando no Brasil. Entre 64 e 85, nós vivemos num estado de exceção no qual foram cassados direitos políticos, liberdades civis, uma série de coisas que você está fomentando quando pede que a soberania do voto popular seja ignorada com esse tipo de falácia, com esse tipo de delírio ultradireitistas de que o resultado das urnas não é legítimo. Ora, meu caro… OAB, OEA, toda comunidade internacional ratificando o resultado do pleito eleitoral.

Eu não vi você questionar a eleição do Tarcísio de Freitas em São Paulo, eu não vejo os bolsonaristas questionarem a eleição do Nicolas em Minas Gerais. Ou seja, só o que está errado na urna aconteceu na eleição do Lula, que é uma eleição que não lhe interessa.

Veja o tipo de coisa que essa gente está estimulando no Brasil e se acontecer de fato um processo golpista contra a soberania do voto popular as consequências serão impensáveis. Este tipo de debate não irá acontecer. A coisa pode evoluir, Marco Antônio, e é isso que eu quero lhe dizer, pra uma violência generalizada nas ruas: atentados, assassinatos, com coisas muito parecidas com o que vimos na década de 60. Você não tem noção do que é isso.

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