Os 50 anos da ditadura militar e a tortura

O golpe militar foi lembrado. O passado não pode ser esquecido.

O golpe militar foi lembrado. O passado não pode ser esquecido. Os 50 anos da ditadura precisam ecoar. As fotos dos famosos mortos, desaparecidos e torturados apareceram em todos os cantos e uma face já bem conhecida da ditadura se materializou com um pouco mais de força: a tortura passou a ter um local mais fácil de se ver. A tortura ficou mais palpável.

É difícil perceber que a tortura parece ser coisa de filme. Mas parece. A tortura só tomou sua expressão material quando veio à tona com declarações vivas e protestos de rua que exigiam o julgamento de torturadores, quando os escrachos passaram a ter mais frequência e a denunciar velhos ranzinzas que não pareciam ter culpa de nada.

50 anos de ditadura Alexandre Vannucchi Leme
Alexandre Vannucchi Leme, morto pela ditadura militar
50 anos de ditadura Stuart Angel,
Stuart Angel, morto pela ditadura militar

Segundo Zizek, a tortura é algo que não pode nunca ser regulamentada. Não pode haver possibilidade legal de tortura, pois então ela perderia seu status de violação terrível do corpo humano. A regulamentação seria uma forma de normatiza-lá, de retirá-la de uma esfera moral e simbólica para colocá-la na esfera fria e racional do direito.

A tortura, enquanto uma violação do corpo, se mostra como a afirmação do poder do Estado sobre os corpos. Melhor, do poder do coletivo sobre os corpos individuais. A tortura só tem um espaço na cultura enquanto a emancipação do corpo ainda não for plena. Se ela for plena, a tortura fica impensável. Se a emancipação do corpo for plena, a tortura se torna um crime tão duro quanto a violação da propriedade privada em um sistema capitalista.

Que todos os Rubens Paiva, Herzogs e Angels sejam lembrados para sempre.

50 anos de ditadura Antônio Carlos Bicalho
Antônio Carlos Bicalho, morte pela ditadura militar
50 anos ditadura tortura
A presidenta Dilma também foi torturada

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