Comprar ou baixar livros, este não é um problema

Hoje eu fui comprar livros. Comprei 4 livros. Essa semana eu baixei uma porrada de livros – na minha vida, com certeza eu baixei mais livros e filmes do que comprei.

Esta matéria do Opera Mundi, que é bem curtinha, fala sobre uma editora francesa que publica poucos livros por ano e se mantém viva com seus próprios recursos. Não pede empréstimos bancários, não se endivida, mas não passa de doze publicações anuais – entre elas Alain Badiou e Slavoj Zizek – que cobrem temas subversivos.

Eric Hazan, fundador da La Fabrique

De acordo com Eric Hazan, o fundador da La Fabrique, seus livros “questionam a ordem existente”. São livros que não são publicados com uma estratégia de marketing para atrair um “público-alvo”. Digamos que não há um “público-alvo” no sentido mercadológico da coisa para livros subversivos, afinal, gente subversiva não costuma nascer igual chuchu na cerca, tê-los como um público fiel seria o mesmo que não ter um público. Exatamente por isso as publicações são escassas.

Preço Dos Livros

Eu ganhei alguns vale-presentes de uma livraria, fui até lá e gastei cada tostão deste vales e o que percebi é que cada livro custa em média 40 reais ~ 50 reais. Não é pouca coisa… Na verdade, é muita coisa, entretanto, é o preço médio dos livros, sejam quais forem. A pergunta que ecoa é: como financiar uma editora que tenha um tema bacana se seus livros são caríssimos? Claro que a culpa não é da editora, há custos para produção de cada livro e há custos administrativos, como aluguel do escritório e salário de funcionários não-produtivos. No fim, o preço é realmente nesta faixa.

A opção menos elegante é baixar os livros. As editoras não ganham nada e podem, sem dúvida, falir. Isso significa que aquela editora que publica os livros que gostamos poderá falir por que nós não compramos os livros que gostamos diretamente das livrarias que compram diretamente dela ou por que nós não compramos diretamente da editora.

Não compre! – Manda o Mercado

No fim, o que se percebe é que há um custo fixo que, a priori, torna a compra dos livros inviável e que tem como desdobramento a falência dessas editoras e, por consequência, o fim de editoras que publiquem livros subversivos. A cultura impressa se revela como apossada pelo mercado – o mercado editorial. Qual é a finalidade do mercado: o intercâmbio com base na demanda construída socialmente. O que vender mais será mais produzido e aquilo que não vende não tem chance de reprodução.

Numa sociedade consumista e individualista, pautada numa naturalidade do sistema capitalista, qual será a demanda do mercado? Livros de Bakunin? Creio que não.

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