Em defesa da sociedade é um curso de Michel Foucault no Collège de France ministrado em 1975-76 e publicado em formato de livro em 1976. No livro, o autor apresenta a noção de biopoder e traça uma genealogia do racismo na Europa a partir da análise das relações de poder e seu desenrolar no nível do conflito, da guerra. Antecede Segurança, Território, População e precede Os Anormais.
O livro Em defesa da sociedade, de Michel Foucault, é uma obra fundamental para a compreensão das relações de poder na sociedade moderna. No curso ministrado no Collège de France em 1975 e 1976, que deu origem ao livro, Foucault analisa a constituição do racismo como uma forma de poder.
Foucault argumenta que o racismo não é apenas um preconceito ou uma atitude individual, mas uma forma de poder que se manifesta em instituições, leis e práticas sociais. O racismo se baseia na identificação de grupos de pessoas como inferiores ou perigosos. Essa identificação é utilizada para justificar a discriminação, a violência e até mesmo o extermínio desses grupos.
Segundo Alessandra Olivato[1]:
No curso, Foucault discute a verdade da história, isto é, as batalhas pelo poder no enfrentamento entre saberes pela interpretação da história, questão que perpassa o conjunto de sua obra. Esse enfrentamento se dá entre os discursos enunciadores de verdades, daí a relevância do método arqueológico como análise de discursos locais. Entre os três campos que a maior parte dos analistas considera compreender a obra foucaultiana – análise dos campos de conhecimento, análise das modalidades de poder e das relações de si para consigo -, essa obra caminha pelos dois primeiros.
[…]
A questão central é fundamentalmente política, e temas como direito, soberania, sujeito e verdade estão mais presentes nesta obra do que em outras. E aí ele dialoga com teorias políticas clássicas (Hobbes, Locke, Montesquieu) para questionar a idéia do poder instituído segundo uma teoria da soberania, como insuficiente para pensar a dinâmica da política contemporânea. A aproximação, portanto, com alguns argumentos inscritos em Vigiar e Punir (1977) é tanto real quanto pertinente, porque é a partir da diferenciação do mecanismo disciplinar que melhor se poderá compreender a nova mecânica de poder – o biopoder.
Resenhas:
- OLIVATO, Alessandra. Em defesa da sociedade, curso no Collège de France (1975-1976), de Michel Foucault;
- DANNER, Fernando. Biopolítica e racismo de Estado: Uma leitura do curso Em Defesa da Sociedade (1975-1976) de Michel Foucault;
- MARQUES, Jaqueline. Michel Foucault. 1999. Em Defesa da Sociedade: Curso no Collège de France (1975/ 1976).
Resumo
Livro: | Em defesa da sociedade; |
Publicação: | 1976; |
Autor: | Michel Foucault; |
Precedido por: | Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975); |
Seguido por: | Segurança, território, população: curso no Collège de France (1977-1978). |
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Referências
[1] OLIVATO, Alessandra. Biopolítica – biopoder: o formato da guerra no poder contemporâneo. Revista Plural; Sociologia, USP, S. Paulo, 8: 161-166, 2º sem. 2001.
Instagram: @poressechaopradormir
Pós-graduado em sociopsicologia pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo e editor do Colunas Tortas.
Atualmente, com interesse em estudo do biopoder nos textos foucaultianos.
Autor dos e-books:
Fascismo: uma introdução ao que queremos evitar;
Análise do Discurso: Conceitos Fundamentais de Michel Pêcheux;
Foucault e a Arqueologia;
Modernidade Líquida e Zygmunt Bauman.