Amostragem teórica – Teoria Fundamentada nos Dados

A amostragem teórica é uma maneira de conduzir a coleta de dados em conjunto com a análise, amplicando a exploração feita sobre os dados com fins de atingir uma descoberta específica: uma teoria fundamentada em dados.

Índice

Introdução

Com objetivo de descrever uma metodologia de geração de teorias, focada na coleta e organização dos dados e funcional para pesquisa qualitativa, a amostragem teórica funciona na contra-mão de uma pesquisa tradicional. Em vez do escopo de coleta ser delimitado de maneira prévia, ele é construído segundo a própria emergência da teoria a partir dos dados coletados.

Neste artigo, falarei sobre a amostragem teórica, conceito de Strauss e Glaser presente no livro The discovery of grounded theory: strategies for qualitative research (1999).

Sulear em vez de Nortear – Marcio Campos

A mudança na linguagem é uma mudança que transforma a própria cognição em relação ao mundo, a própria forma de interpretar a totalidade. Sulear, assim, é destruir o monopólio do Norte em organizar o planeta a partir de seu território. Sulear é a forma como o Sul retoma seu território enquanto território real, autônomo e independente de criação de conhecimento.

A pesquisa participante – Streck e Adams

A emancipação se liga à carne, se expressa na palavra, transforma a subjetividade dos participantes e não só sua cognição. Tomando como exemplo o trabalho de Paulo Freire: não só ensina a ler e escrever, mas constrói, em conjunto com os participantes, a própria histórica local e a memória coletiva por meio da prática da leitura e da escrita, por meio da aproximação que a leitura e a escrita podem ter com a vida política, econômica e cultural. 

O dilema do intelectual negro – Sueli Carneiro

A existência de um dispositivo racial no Brasil formado desde o período colonial produz subjetividades submetidas à relação hierárquica entre classes e produz processos identitários que naturalizam, inconscientemente, a inferioridade de uma raça frente a outra. A participação negra na acadêmia num contexto racista tende a ser um forma de resistência do próprio intelectual quando adequado à norma, mas não surge como solução para os fatores sociais, econômicos, políticos e até mesmo ontológicos que promovem a exclusão negra do trabalho intelectual.

O encobertamento da discriminação social como tática – Sueli Carneiro

Entende-se que o silêncio é uma tática de reprodução das relações de poder e das relações discursivas que garantem a manutenção do dispositivo racial que hierarquiza negros e brancos no Brasil. Entende-se, portanto, que a prática do silêncio cúmplice e do silêncio transitivo é uma maneira de construir subjetividades que normalizam e internalizam as dinâmicas hierárquicas entre raças no Brasil.

Negros não podem ascender socialmente – Sueli Carneiro

Os desenvolvimentos presentes na própria transformação interna do sistema educacional brasileiro e na esfera política nacional não interferem no dispositivo de racialidade na medida em que não visam diretamente alterá-la. O resultado é a mudança nas técnicas de exclusão de pessoas negras do sistema educacional e da educação de qualidade mesmo após os avanços nos últimos séculos.

A educação negada ao negro no período pós-abolição – Sueli Carneiro

Quando as classes altas e médias puderam pagar por escolas privadas que paulatinamente cresciam em número, as escolas de baixa estrutura tendiam a ser destinadas para os alunos pobres e negros. O epistemicídio, assim, acontece na própria exclusão do negro do processo educacional de integração social que tem como consequência um habitus distinto e uma péssima disciplinarização pelos mecanismos que funcionam na esfera do trabalho.

Os jesuítas e o epistemicídio negro no Brasil – Sueli Carneiro

A Companhia de Jesus aplicou no Brasil um humanismo restrito aos sujeitos legitimados enquanto humanos, detentores de alma. Um humanismo restrito àqueles que não eram negros. Uma bondade cristã limitada às determinações históricas e afundada no racismo próprio das nações colonizadoras.

A dificuldade em dizer “não”, por Lívia Barbosa – DROPS #72

BARBOSA, Lívia. O jeitinho brasileiro: a arte de ser mais igual que os outros. Rio de Janeiro: Campus, 2006, pp. 54-56. Dizer não no Brasil é aventura no terreno do desconhecido. A esse respeito, a revista Veja (07/11/1984), na seção “Ponto de Vista”, publicou ensaio intitulado “É preciso dizer não”, de Fernando de Oliveira. Nele,…

O epistemicídio negro – Sueli Carneiro

A teoria da dominação e um analítica do poder são elementos que permitem compreender que o racismo está para além da ignorância ou do esclarecimento. É parte da própria estrutura social. O epistemicídio não promove uma concorrência ou uma convivência entre culturas, mas a hegemonia de uma cultura particular que, sozinha enquanto produtora dos critérios de legitimação, se autoproclama superior.