
A passagem de uma classe social a outra pressupõe, também, uma readaptação ao habitus necessário para transitar nos espaços que essa nova classe circula. Essa readaptação é essencial para o trânsito fluido neste espaços (sejam clubes, reuniões ou eventos sociais), mas também para mitigar todos os sinais que revelam a passagem, que demonstram o não pertencimento, que reprovam a presença e mitigam o acúmulo de capital social.
Pierre Bourdieu exemplifica o funcionamento desta passagem a partir da figura do pequeno-burguês. Este, por sua vez, ao descolar-se da pobreza, distanciar-se da classe trabalhadora (mesmo que infinitesimalmente), adquirir um pequeno ou médio negócio, alcança um lugar novo: agora, o horizonte da melhora está presente, a possibilidade da ascensão à classe alta parece real.