Os jesuítas e o epistemicídio negro no Brasil – Sueli Carneiro

A Companhia de Jesus aplicou no Brasil um humanismo restrito aos sujeitos legitimados enquanto humanos, detentores de alma. Um humanismo restrito àqueles que não eram negros. Uma bondade cristã limitada às determinações históricas e afundada no racismo próprio das nações colonizadoras.

Epistemicídio é a destruição das formas de conhecimento que um povo desenvolve através de sua cultura. No Brasil, o epistemicídio negro aconteceu de uma maneira diferente. Não foi através da conquista, que promoveu um epistemicídio e genocídio indígena, mas na negação de seu status de sujeito.

O epistemicídio, como conceituado por Boaventura de Sousa Santos,

es el proceso político-cultural a través del cual se mata o destruye el conocimiento producido por grupos sociales subordinados, como vía para mantener o profundizar esa subordinación. Históricamente, el genocidio ha estado con frecuencia asociado al epistemicidio. Por ejemplo, en la expansión europea el epistemicidio (destrucción del conocimiento indígena) fue necesario para “justificar” el genocidio del que fueron víctimas los indígenas (SANTOS, 1998, p. 208).

A dificuldade em dizer “não”, por Lívia Barbosa – DROPS #72

BARBOSA, Lívia. O jeitinho brasileiro: a arte de ser mais igual que os outros. Rio de Janeiro: Campus, 2006, pp. 54-56. Dizer não no Brasil é aventura no terreno do desconhecido. A esse respeito, a revista Veja (07/11/1984), na seção “Ponto de Vista”, publicou ensaio intitulado “É preciso dizer não”, de Fernando de Oliveira. Nele,…

O epistemicídio negro – Sueli Carneiro

A teoria da dominação e um analítica do poder são elementos que permitem compreender que o racismo está para além da ignorância ou do esclarecimento. É parte da própria estrutura social. O epistemicídio não promove uma concorrência ou uma convivência entre culturas, mas a hegemonia de uma cultura particular que, sozinha enquanto produtora dos critérios de legitimação, se autoproclama superior.

Mulher negra como signo da negligência – Sueli Carneiro

A própria ausência de pesquisas em nível nacional que evidenciem o recorte racial é uma das maneiras de perceber, enquanto manifestação concreta, o racismo estrutural que o biopoder é apoiado e apoia na fabricação do corpo destinado à morte. As mulheres são alvo do descaso das práticas médicas e da invisibilização da falta de pesquisas que tragam dados em nível nacional deste tipo de negligência.

O homem negro como signo da morte – Sueli Carneiro

É possível estabelecer uma relação entre a escravização, o momento pós-abolição de exclusão social de ex-escravizados que nem sequer entraram no fluxo de disciplinarização para entrada no mercado de trabalho e o presente de morte estatisticamente superior de pessoas negras comparadas com pessoas brancas.

Pierre Bourdieu: biografia, resumo e livros

Pierre Bourdieu foi um sociólogo francês da segunda metade do século XX, mesma época de Foucault e Derrida. Apesar de ter se graduado como filósofo, começou suas pesquisas como etnólogo na Argélia e terminou por revolucionar a sociologia: sua inovação metodológica o tornou reconhecido em todo o mundo acadêmico. Neste artigo, você poderá ler a biografia…

O uso da ideologia em Michel Foucault – Maria do Rosário Gregolin

A ideologia, enquanto falseamento da realidade ou elemento diretamente ligado a um sujeito, é substituída por um entendimento anterior à consciência, em que o sujeito é fabricado, tem seu corpo marcado, por configurações de poder e tipos de saber. No nível do corpo, o poder cria condutas, no nível do sujeito, o saber entrega os enunciados possíveis para a enunciação.

A felicidade consumidora – Zygmunt Bauman

É a própria vida voltada ao consumo que suscita os medos que a modernidade líquida condena e insere como responsabilidade dos próprios indivíduos dar conta das manifestações concretas de infelicidade que eles geram. A felicidade líquida é como uma promessa sem satisfação, é o fator ideológico de escamoteamento da infelicidade real cotidiana.

Tempo na sociedade líquida – Zygmunt Bauman

A sociedade do consumo prevê um uso ilimitado da velocidade com fim em diminuir os espaços e aumentar a possibilidade de acúmulo de experiências. A hesitação é desaconselhada em uma sociedade de tempos líquidos, em que a forma social do tempo pode ser representada pela alegoria ao pontilhismo. O tempo pontilhista exige a plena satisfação imediata dos objetivos de consumo e, ao mesmo tempo, exige a insatisfação por não ser possível satisfazer tal necessidade plenamente.