O drama da classe média em ascensão – Pierre Bourdieu

Cabe ao pequeno-burguês se adaptar ao novo mundo que quer viver e que, ao mesmo tempo, é impossibilitado pelas relações que firmou com seu antigo mundo. Em todos os pequenos sacrifícios, ele se faz pequeno para tentar ser burguês, sem nenhuma garantia de sucesso e sem rede de apoio.

A distinção, de Pierre Bourdieu.
A distinção, de Pierre Bourdieu. (Clique aqui e compre o livro)

A passagem de uma classe social a outra pressupõe, também, uma readaptação ao habitus necessário para transitar nos espaços que essa nova classe circula. Essa readaptação é essencial para o trânsito fluido neste espaços (sejam clubes, reuniões ou eventos sociais), mas também para mitigar todos os sinais que revelam a passagem, que demonstram o não pertencimento, que reprovam a presença e mitigam o acúmulo de capital social.

Pierre Bourdieu exemplifica o funcionamento desta passagem a partir da figura do pequeno-burguês. Este, por sua vez, ao descolar-se da pobreza, distanciar-se da classe trabalhadora (mesmo que infinitesimalmente), adquirir um pequeno ou médio negócio, alcança um lugar novo: agora, o horizonte da melhora está presente, a possibilidade da ascensão à classe alta parece real.

A sociedade é do consumo, mas as classes sociais não podem consumir

A sociedade do consumo se realiza, no Brasil, a partir da impossibilidade de realização do ato do consumo pela maior parte da população brasileira. Na medida em que a maior parte do assalariado brasileiro está sujeito à satisfação de necessidades básicas, mas imerso no mundo da publicidade, o consumo tende a ser um desejo e formatar uma sociabilidade que, no limite, não permite acesso pleno ao seu próprio núcleo.

Classe social – Pierre Bourdieu

A classe aparece como o resultado de uma relação entre propriedades adquiridas ao longo da vida, entre propriedades relativamente estáveis da classe de origem, entre a relação da capacidade de reproduzi-las na nova classe ou na própria classe, entre os acúmulos de capitais e o trânsito que se tem nos diferentes campos sociais.

A pesquisa participante: o que é? Como funciona?

A emancipação se liga à carne, se expressa na palavra, transforma a subjetividade dos participantes e não só sua cognição. Tomando como exemplo o trabalho de Paulo Freire: não só ensina a ler e escrever, mas constrói, em conjunto com os participantes, a própria histórica local e a memória coletiva por meio da prática da leitura e da escrita, por meio da aproximação que a leitura e a escrita podem ter com a vida política, econômica e cultural. 

Pedoar para seguir em frente. Mas quem segue em frente?

Introdução Nesta semana, Baby do Brasil foi filmada em um culto na balada D-Edge, na Barra Funda em São Paulo, quando pedia para que vítimas de abuso sexual perdoassem seus agressores. A fala da ex-cantora dos Novos Baianos: Perdoa tudo o que tiver no seu coração nesse lugar, perdoa. Se teve abuso sexual, perdoa. Se…

O que significa uma pesquisa ser participante? – Carlos Brandão

Trata-se de uma participação que não se resume ao fornecimento de dados à pesquisa, mantendo a estrutura de pesquisa em que o pesquisador é o protagonista e autor, enquanto os participantes são sujeitos e, ao mesmo tempo, objetos no interior da produção do conhecimento. Nesta mudança participativa, a própria autoria se vê compartilhada, o protagonismo se vê compartilhado e o resultado é fruto da própria ação coletiva sem liderança privilegiada do pesquisador.

10 princípios fundadores da pesquisa participante – Carlos Brandão

Esses dez princípios guiam o entendimento de o que é uma pesquisa participante, em que é fundamentada e quais são seus objetivos no interior de uma comunidade. De certo, a pesquisa participante é aquela em que o protagonista está naqueles que geralmente são fonte de dados: os participantes. Enquanto protagonistas, há uma nova relação que se constrói: em vez de sujeito-objeto, sujeito-sujeito.

Cossujeitos de pesquisa – C. R. Brandão

Para além de uma pesquisa com forte influência da educação popular, é uma pesquisa que envolve uma pedadogia política emancipadora, em que o outro é reconhecido como um sujeito legítimo de participação e, enquanto um outro, é parte do nós, do todo da pesquisa, tomador de decisão e detentor da palavra que fomenta o diálogo.

Prever o prazo de uma pesquisa qualitativa – Teoria Fundamenta nos Dados

O procedimento de amostragem teórica pode levar o pesquisador a realizar diversas entrevistas, por exemplo, que podem gerar mais necessidade de realização de outras entrevistas a partir da emergência de novas categorias. O mesmo vale para uma pesquisa documental. Sendo assim, o planejamento baseado no tempo tende a ser uma tarefa desafiadora que pode ser encarada como um momento de destacar as tarefas esperadas para a realização da pesquisa, mas sempre com margem para a introdução de novas tarefas como coleta de novos dados e análise incessante.