Eni Orlandi – biografia e obras de Eni Orlandi

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Perfil

O que sempre me atraiu, me seduziu na análise de discurso é que ela ensina a pensar, é que ela nos tira as certezas e o mundo fica mais amplo, menos sabido, mais desafiador.[1] 

Eni Orlandi (1942 - )
Eni Orlandi (1942 – )

Eni de Lourdes Puccinelli Orlandi é uma pesquisadora brasileira, pioneira na esfera da análise do discurso no Brasil com suporte pecheutiano.

Formou-se em 1964 na  Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, em 1970 foi mestre em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em 1976, também pela USP em conjunto com a Universidade de Paris/Vincennes na mesma área[2].

De 1967 até 1979 foi professora da USP, quando se transferiu para o  Laboratório de Estudos Urbanos da Universidade de Campinas (UNICAMP), que coordena atualmente[3].

É a maior especialista brasileira em análise do discurso e tem vasto conhecimento sobre a obra de Michel Pêcheux.

Quanto ao fato de eu afirmar que compreender é saber que o sentido pode ser outro, desde muito cedo, quando se aprende análise de discurso, isso vai-se impondo. A incompletude, a divisão, o político, o inconsciente, a ideologia, as diferenças são uma constante para quem aprende análise de discurso. Daí a teorizar a leitura e afirmar que o sentido pode ser outro é só um passo. O que sempre me atraiu, me seduziu na análise de discurso é que ela ensina a pensar, é que ela nos tira as certezas e o mundo fica mais amplo, menos sabido, mais desafiador. E pensar que o sentido pode ser sempre outro vai nessa direção.[4]

A análise do discurso, então, lida com uma língua sempre em processo de produção de sentidos. A língua não é um filtro instrumental para o uso de palavras.

Nas Ciências Sociais e Humanas tem-se uma visão da língua como algo transparente, que você atravessa para procurar o sentido lá atrás. Com a linguística, aprendi que a língua tem uma ordem nela mesma, que você não a atravessa assim. Não se pode considerar que o sentido é um conteúdo depositado em algum lugar e que você vai procurar. O sentido está na materialidade discursiva, no fato de que a língua para significar tem que se inscrever na história.[5]

O sentido não é fixo porque o ser humano é histórico, simbólico e social. Isso coloca em jogo não só aquilo que é dito, mas como é dito, na medida em que as palavras escolhidas para uma mesma coisa por sujeitos ou em situações diferentes podem resultar em significados completamente díspares.

Eni Orlandi: resumo

Nome:Eni de Lourdes Puccinelli Orlandi.
Nascimento:1942.
Titulação:Ph.D., Universidade de São Paulo/Paris-Vincennes. Pós doutorados: Université Denis Diderot, U.P. VII, França, 1987/1988, 1997; Université de Paris XIII, EHESS- Paris, UNIL- Lausanne.
Nacionalidade:Brasileira.
Campo de atuação:Linguística; Análise do discurso; Semiótica.
Formação:Doutorado pela Universidade de São Paulo e pela Universidade de Paris/Vincennes.
Livros em destaque:As Formas do Silêncio (1a. edição: 1992, Ed. da Unicamp; Prêmio Jabuti 1993);

Análise de discurso: princípios e procedimentos (1a. edição: 1990, Ed. Pontes).

Atualmente:É coordenadora do Laboratório de Estudos Urbanos da Universidade de Campinas (UNICAMP), cujo vínculo com a universidade segue desde 1980.

Obras de Eni Orlandi

  • 2012. Discurso e Leitura. 6a. ed. São Paulo: Cortez editora.
  • 2012. Discurso em Análise: Sujeito, Sentido, Ideologia. Campinas: editora Pontes.
  • 2011. Discurso, Espaço, Memória – Caminhos da identidade no sul de Minas. Campinas: editora RG. (org.).
  • 2011. La construction du Brésil – á propos des discours français sur la découverte. Paris: L´Harmattan.
  • 2011. Análise de Discurso Michel Pêcheux textos escolhidos. Campinas: Pontes. (org.).
  • 2010. Discurso e Políticas Públicas Urbanas – A Fabricação do Consenso. Campinas: Editora RG.
  • 2010. Gestos de Leitura. Campinas: Editora Unicamp (org.).
  • 2009. O que é lingüística? (1a. edição: 1986, Ed. Brasiliense). 15. ed. São Paulo: Brasiliense.
  • 2009. Língua Brasileira e outras Histórias – Discurso sobre a língua e ensino no Brasil. Campinas-SP: Editora RG, 2009.
  • 2008. Discurso e texto: formação e circulação dos sentidos. 2a. ed. Campinas: Pontes, 2008.
  • 2008. Terra à vista: Discurso do Confronto – Velho e Novo Mundo (1a. edição: 1990, Ed. Cortez/Ed. da Unicamp). 2a. ed. São Paulo/Campinas: Cortez/Unicamp.
  • 2007. As Formas do Silêncio (1a. edição: 1992, Ed. da Unicamp; Prêmio Jabuti 1993). 6a. ed. Campinas-SP: Editora da Unicamp.
  • 2007. Análise de discurso: princípios e procedimentos (1a. edição: 1990, Ed. Pontes). 2a. ed. Campinas: Pontes.
  • 2007. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico (1a. edição: 1996, Ed. Vozes). 2a. ed. Campinas: Pontes.
  • 2007. Política lingüística no Brasil. Campinas – SP: Pontes Editores, 2007.
  • 2007. Un dialogue atlantique: production des sciences du langage au Brésil. Lyon: ENS Éditions, 2007.
  • 2006. A linguagem e seu funcionamento – As formas do discurso (1a. edição: 1983, Ed. Brasiliense). 4a. ed. São Paulo: Pontes Editores.
  • 2006. Discurso e textualidade (com Suzy Lagazzi). Campinas-SP: Pontes Editores.

Referências

[1] BARRETO, Raquel Goulart. Análise de discurso: conversa com Eni Orlandi. TEIAS: Rio de Janeiro, ano 7, nº 13-14, jan/dez 2006.

[2] FÁVARO, Tatiana. Eni Orlandi fala sobre análise do discurso e linguagem em entrevista. Rede Globo. Disponível em: <<https://glo.bo/1husoo2>>. Acesso em 9 dez 2018.

[3] FÁVARO, Tatiana. Eni Orlandi fala sobre análise do discurso e linguagem em entrevista…

[4] BARRETO, Raquel Goulart. Análise de discurso: conversa com Eni Orlandi…

[5] FÁVARO, Tatiana. Eni Orlandi fala sobre análise do discurso e linguagem em entrevista…

*Por Vinicius Siqueira