A Ordem do Discurso, de Michel Foucault, é a transcrição de sua conferência inaugural no Collège de France, de 1970.
Nela, o filósofo costura os caminhos metodológicos de suas pesquisas anteriores acerca do discurso (História da Loucura na Idade Clássica (1961), O Nascimento da Clínica (1963) e As Palavras e as Coisas (1966)) e aponta para caminhos de observação das relações de poder, introduzindo sua perspectiva genealógica de maneira explícita.
Segundo Simone Aparecida de Sousa[1]:
A contribuição de Michel Foucault para a Análise do Discurso é de suma importância, pois num estilo literário envolvente o autor reflete conceitos, analisa posicionamentos, na obra A ordem do discurso percebe-se que o enfoque, segundo o autor do discurso, não se encontra no sujeito, nem no enunciado, mas nas formulações discursivas.
Segundo Caius Brandão[2]:
Portanto, não é trivial a tese de que Foucault tenha feito exatamente isto – lutar contra uma forma de poder, ao colocar em pauta a ‘ordem do discurso’ em sua aula inaugural no Collège de France. Se o papel da Universidade é manter certa classe social no poder; e se é verdade que a instituição deva que ser atacada em seu âmago para ser destruída, então, cogitar a subversão da ordem do discurso parece ter sido mesmo a melhor estratégia para questionar o papel de uma instituição de ensino. Tanto a Universidade, quanto a família, o manicômio e a prisão são instituições que foram alvo da genealogia do poder que Foucault desenvolve ao longo da sua vida de trabalho. Para ele, essas lutas contra o poder são apenas regionais… e as únicas possíveis.
Para Genilda D’Arc Bernardes[3]:
A importância dessa obra deve-se ao fato de ela constituir um elo de ligação entre História da loucura, As palavras e as coisas, Arqueologia do saber (todos da década de 1960, com análises voltadas para as condições de possibilidades das ciências humanas) e as que se seguiram ao maio de 68, centradas na apreciação da microfísica do poder. Com Vigiar e punir, Foucault busca desvendar a relação entre as práticas discursivas e os poderes que as permeiam, delineando artifícios que moldam e controlam os discursos na sociedade. Para o autor, “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo pelo que se luta, o poder de que queremos nos apoderar”.
Resumo
Livro: | A ordem do discurso |
Publicação: | 1971; |
Autor: | Michel Foucault; |
Precedido por: | A arqueologia do saber (1969); |
Seguido por: | Isso não é um cachimbo (1973). |
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Referências
[1] SOUSA, Simone Aparecida de. Discurso, autor e sujeito dentro da obra A Ordem do Discurso de Michel Foucault: uma análise metadiscursiva. Acesso em 5 abr 2022. Disponível em <<https://bit.ly/36ZotBZ>>.
[2] BRANDÃO, Caius. A ordem do discurso, de Michel Foucault. Acesso em 5 abr 2022. Disponível em <<https://bit.ly/3jcdTKo>>.
[3] BERNARDES, Genilda D’Arc. A ordem do discurso (Michel Foucault). Sociedade e Cultura, V. 7, N. 2, JUL./DEZ. 2004, P. 247-250.
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