Breton nasceu em 1896, na França, mas somente em 1916 que sua vida começou a tomar rumos surpreendentes, quando entrou para o movimento dadaísta. Durante a adolescência, foi influenciado por Paul Valéry e Gustave Moreau. Ambos, por um período longo, foram a grande referência de Breton para formar seu senso estético. Breton acreditava que não era possível viver da arte e da poesia, mas precisava desta atividade para expressar seu eu interior. Precisava deste momento de escape da realidade, entretanto, suas ideias sobre a produção artística mudaram sensivelmente. As informações são do MoMA e do Surrealists.
Apesar de parecer ter encontrado uma segunda casa junto aos dadaístas, mais tarde ele começaria a promover os primeiro encontros surrealistas: os argumentos para sair do movimento dada e simplesmente seguir em frente são simples, “Deixe tudo. Deixe o dada. Deixe sua esposa. Deixe sua amante. Deixe seus medos e suas esperanças. Deixe suas crianças nas florestas. Deixe a substância para as sombras. Deixe sua vida fácil, deixe aquilo que está dado para o futuro. Parta para a estrada”.
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André Breton: surrealismo como libertação
O jovem Breton frequentou a faculdade de medicina, mesmo tendo uma paixão cada vez maior por Rimbaud, Jacques Vaché e Guillaume Apollinaire. O pensamento deste último o levou para o mundo de Marie Laurencin, Derain, De Chirico e Picasso. Breton ainda não se considerava artistas, mas estava completamente dentro da efervescência cultural de seu país. Foi editor da revista Littérature com Philippe Soupault de 1921 à 1924, mas a abandonou na fase decadente do dadaísmo. Breton declarou que Apollinaire e Paul Valéry falharam em suas tentativas de descrever o espírito humano, e tentou tomar uma nova iniciativa para este objetivo no movimento dada.
Ele foi contradito, não conseguir colocar seu plano em prática e decidiu que sair do movimento dadaísta seria a única opção plausível para o momento. Foi quando se interessou pelo surrealismo.
Influenciado pela teoria freudiana, para o já psiquiatra André Breton o surrealismo poderia ser descrito como “puro automatismo psíquico, em que uma tentativa é feita para se expressar tanto verbalmente, pela escrita ou por qualquer outro meio, o verdadeiro funcionamento da mente. Aquilo que é ditado pelo pensamento, sem nenhum controle da razão, excluindo qualquer tipo de preocupação estética ou moral”.
Já no Manifesto Surrealista, a essência do movimento foi definida como um “psico automatismo”, que era significado como a maneira de pensar livre de “qualquer controle exercido pela razão, e a isenção de qualquer preocupação estética ou moral”, segundo André Breton. O Surrealismo “é baseado na crença de uma realidade superior a certas formas de associação previamente negligenciadas, na onipotência do sonho e no jogo desinteressado do pensamento”. E ainda vai além, “eu acredito que no futuro haverá uma reconciliação destes dois estados, sonho e realidade, que parecem ser tão contraditórios, em um tipo de realidade absoluta, uma surrealidade, caso possa me expressar assim”.
No segundo manifesto, Breton diz que os surrealistas tentavam se manter “em um ponto mental de vantagem em relação à vida e a morte, o real e o imaginário, o passado e o futuro, o comunicável e o incomunicável, e ao alto e baixo, que nunca mais seriam vistos como contradições”. Depois de publicar ambos os manifestos, Breton continuou seu trabalho com poesia, publicando diversos textos principalmente na década de 30, incluindo Mad Love, em que ele usa o mito da Cinderela como base.
O líder do movimento surrealista também se filiou ao Partido Comunista Francês em 1927, se desligando da organização por não concordar com seus alinhamentos ao regime stalinista soviético. Mesmo após ter saído do Partido, ainda continuou fiel ao marxismo, tendo colaborado junto a Leon Trotsky para a redação do Manifesto por uma Arte Independente e Revolucionária. O documento começa expondo que “sem nenhum exagero qualquer um pode dizer que nunca antes a civilização humana esteve exposta a tantos perigos”. Para ambos, era necessário transgredir às leis que guiavam a criação artística e intelectual, principalmente na Alemanha nazista e na URSS stalinista.
Segundo ambos, “Se nós rejeitamos toda solidariedade com a casta que está agora vigente na URSS, é precisamente porque, em nossa visão, ela não representa o comunismo, mas seu mais traiçoeiro e perigoso inimigo”. “A revolução comunista não deve temer a arte, ela estudou o desenvolvimento do chamado artístico na sociedade capitalista em colapso, portanto, esse chamado deve ser o resultado da quebra entre o indivíduo e as várias formas sociais que são hostis a ele”, expressa o documento.
Eles ainda terminam com a seguinte frase: “nossos objetivos: arte independente para a revolução e a revolução para a libertação da arte de uma vez por todas. Breton se exilou nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, onde conheceu David Hare, Gorky, Enrico Donati, Wifredo Lam, e o pintor britânico Gordon Onslow-Ford. Quando voltou para França, já em 1941, continuou seus trabalhos artísticos, colaborando com Miró e Gérard Legrand. Morreu em 1966, em Paris.
Instagram: @viniciussiqueiract
Vinicius Siqueira de Lima é mestre e doutorando pelo PPG em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da UNIFESP. Pós-graduado em sociopsicologia pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo e editor do Colunas Tortas.
Atualmente, com interesse em estudos sobre a necropolítica e Achille Mbembe.
Autor dos e-books:
Fascismo: uma introdução ao que queremos evitar;
Análise do Discurso: Conceitos Fundamentais de Michel Pêcheux;
Foucault e a Arqueologia;
Modernidade Líquida e Zygmunt Bauman.
o cara é demaissssssss. Bjus