Zygmunt Bauman e sua biografia são objetos de interesse e curiosidades. O autor já fez parte do Exército Vermelho e foi expulso da Polônia por conta do antissemitismo do pós-guerra.

mais que uma opinião
Zygmunt Bauman e sua biografia são objetos de interesse e curiosidades. O autor já fez parte do Exército Vermelho e foi expulso da Polônia por conta do antissemitismo do pós-guerra.
Esses dez princípios guiam o entendimento de o que é uma pesquisa participante, em que é fundamentada e quais são seus objetivos no interior de uma comunidade. De certo, a pesquisa participante é aquela em que o protagonista está naqueles que geralmente são fonte de dados: os participantes. Enquanto protagonistas, há uma nova relação que se constrói: em vez de sujeito-objeto, sujeito-sujeito.
Para além de uma pesquisa com forte influência da educação popular, é uma pesquisa que envolve uma pedadogia política emancipadora, em que o outro é reconhecido como um sujeito legítimo de participação e, enquanto um outro, é parte do nós, do todo da pesquisa, tomador de decisão e detentor da palavra que fomenta o diálogo.
O procedimento de amostragem teórica pode levar o pesquisador a realizar diversas entrevistas, por exemplo, que podem gerar mais necessidade de realização de outras entrevistas a partir da emergência de novas categorias. O mesmo vale para uma pesquisa documental. Sendo assim, o planejamento baseado no tempo tende a ser uma tarefa desafiadora que pode ser encarada como um momento de destacar as tarefas esperadas para a realização da pesquisa, mas sempre com margem para a introdução de novas tarefas como coleta de novos dados e análise incessante.
A amostragem teórica é uma maneira de conduzir a coleta de dados em conjunto com a análise, amplicando a exploração feita sobre os dados com fins de atingir uma descoberta específica: uma teoria fundamentada em dados.
A mudança na linguagem é uma mudança que transforma a própria cognição em relação ao mundo, a própria forma de interpretar a totalidade. Sulear, assim, é destruir o monopólio do Norte em organizar o planeta a partir de seu território. Sulear é a forma como o Sul retoma seu território enquanto território real, autônomo e independente de criação de conhecimento.
A existência de um dispositivo racial no Brasil formado desde o período colonial produz subjetividades submetidas à relação hierárquica entre classes e produz processos identitários que naturalizam, inconscientemente, a inferioridade de uma raça frente a outra. A participação negra na acadêmia num contexto racista tende a ser um forma de resistência do próprio intelectual quando adequado à norma, mas não surge como solução para os fatores sociais, econômicos, políticos e até mesmo ontológicos que promovem a exclusão negra do trabalho intelectual.
Entende-se que o silêncio é uma tática de reprodução das relações de poder e das relações discursivas que garantem a manutenção do dispositivo racial que hierarquiza negros e brancos no Brasil. Entende-se, portanto, que a prática do silêncio cúmplice e do silêncio transitivo é uma maneira de construir subjetividades que normalizam e internalizam as dinâmicas hierárquicas entre raças no Brasil.
Os desenvolvimentos presentes na própria transformação interna do sistema educacional brasileiro e na esfera política nacional não interferem no dispositivo de racialidade na medida em que não visam diretamente alterá-la. O resultado é a mudança nas técnicas de exclusão de pessoas negras do sistema educacional e da educação de qualidade mesmo após os avanços nos últimos séculos.
Quando as classes altas e médias puderam pagar por escolas privadas que paulatinamente cresciam em número, as escolas de baixa estrutura tendiam a ser destinadas para os alunos pobres e negros. O epistemicídio, assim, acontece na própria exclusão do negro do processo educacional de integração social que tem como consequência um habitus distinto e uma péssima disciplinarização pelos mecanismos que funcionam na esfera do trabalho.