A crítica à tradição filosófica: o pensamento orgânico de Cioran

Em sua obra, o pensador franco-romeno Emil Cioran, que leu os moralistas franceses, filósofos alemães como Hegel, Kant, Nietzsche, Schopenhauer, entre muitos outros, escreve, em seu tom sempre lírico, sobre a inanidade da filosofia. Em última instância, o exercício filosófico seria ineficaz em seu objetivo, qual seja: o de elucidar e conhecer, de modo a fazer cessar a aflição que há frente ao desconhecido.

O fanatismo: ideias transformadas em deuses

“Breviário de decomposição”, primeira obra em francês do filósofo romeno publicada em 1949, inicia-se com os ensaios “Genealogia do fanatismo” e “O antiprofeta”, nos quais Cioran denuncia uma necessidade de ficção inerente ao homem e que alcança todos os âmbitos de sua vida, para além do religioso, assim como a necessidade do homem de tornar-se fonte de acontecimentos.

A verdade de si em dois regimes distintos: o exame de consciência na antiguidade e a confissão cristã

Foucault (2014) constrói uma forte oposição entre a antiguidade greco-romana e o cristianismo no que tange a relação do sujeito com a verdade. O autor aponta que as práticas de confissão cristãs impõem um regime de verdade bastante diferente das práticas de cuidado de si gregas ou romanas.