Mikhail Bakunin: anarquismo, filosofia e biografia

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Biografia

Mikhail Aleksandrovich Bakunin (1814–1876) foi um dos mais influentes pensadores anarquistas do século XIX e figura central nos debates políticos e filosóficos sobre o Estado, a autoridade e a liberdade. Nascido em 30 de maio de 1814, na aldeia de Premukhino, na província de Tver, Rússia, Bakunin pertencia a uma família nobre influenciada pelos ideais do Iluminismo. Inicialmente destinado à carreira militar, ingressou na Escola de Artilharia de São Petersburgo em 1833, mas abandonou a formação em 1835, insatisfeito com a repressão política vigente e motivado por um crescente interesse pela filosofia.

Nos anos seguintes, Bakunin passou a integrar os círculos intelectuais de Moscou, onde travou contato com nomes como Vissarion Belinsky e Alexander Herzen, ao mesmo tempo em que aprofundava seus estudos na filosofia alemã, especialmente em Fichte, Kant e Hegel. Em 1840, transferiu-se para Berlim e, posteriormente, para Paris, onde conheceu Karl Marx e Pierre-Joseph Proudhon, vindo a se aproximar do grupo dos Jovens Hegelianos. Foi nesse período que publicou seu primeiro ensaio político relevante, “A Reação na Alemanha” (1842), em que declara: “A paixão pela destruição é, ao mesmo tempo, uma paixão criadora”, frase que se tornaria emblemática de sua postura revolucionária.

A trajetória de Bakunin foi marcada por ativa participação nas revoluções de 1848, em especial na insurreição de Dresden (1849), o que lhe rendeu a prisão e condenação à morte, posteriormente comutada para prisão perpétua. Transferido para a Rússia, foi encarcerado na Fortaleza de Pedro e Paulo, em São Petersburgo, e depois exilado na Sibéria, onde permaneceu por cerca de onze anos. Em 1861, fugiu através do Japão e dos Estados Unidos, estabelecendo-se em Londres e retomando sua militância revolucionária.


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A partir de então, Bakunin tornou-se uma figura central na construção do pensamento anarquista e em sua oposição direta às teses marxistas, especialmente no contexto da Primeira Internacional. Ingressou na Associação Internacional dos Trabalhadores (A.I.T.) em 1868 e rapidamente se destacou como líder da ala antiautoritária. A cisão definitiva com Marx ocorreu no Congresso de Haia, em 1872, quando Bakunin foi expulso da Internacional, fundando em seguida a Internacional Antiautoritária. Sua crítica ao marxismo concentrava-se na rejeição do Estado, mesmo sob controle proletário, que via como uma perpetuação da dominação. Em seu lugar, propunha uma federação de comunas autogeridas, baseadas na liberdade, na solidariedade e na ação direta das massas.

Entre suas obras mais significativas destacam-se Deus e o Estado (escrito em 1871, publicado postumamente em 1882), Estatismo e Anarquia (1873) e os textos programáticos como Catecismo Revolucionário e Apelo aos Eslavos. Em suas formulações, Bakunin antecipou críticas que viriam a ser retomadas por pensadores libertários do século XX, como Herbert Marcuse e E. P. Thompson, além de influenciar diretamente figuras como Piotr Kropotkin e Errico Malatesta. Sua visão de um mundo sem hierarquias, baseado na livre associação e na espontaneidade das massas, constituiu uma alternativa radical às teorias socialistas centralizadas.

O legado de Bakunin ultrapassa o campo estritamente teórico, alcançando movimentos práticos como os anarquistas na Guerra Civil Espanhola e os protestos antiglobalização contemporâneos. Morreu em 1º de julho de 1876, em Berna, na Suíça, deixando uma contribuição duradoura ao pensamento político moderno, marcada por uma crítica radical à autoridade e por uma intransigente defesa da liberdade como valor fundante da vida social.

Bases filosóficas de Bakunin

As bases filosóficas do pensamento de Mikhail Bakunin estão profundamente enraizadas em uma crítica à metafísica idealista e na defesa de um materialismo radical e ateu, articulado com um compromisso intransigente com a liberdade humana. Inicialmente influenciado pela filosofia alemã — especialmente por Fichte, Hegel e os Jovens Hegelianos —, Bakunin rompe com o idealismo hegeliano ao perceber que este reproduzia formas de autoridade ao subordinar a realidade concreta a estruturas racionais e abstratas, como o Estado, a História ou a Razão absoluta.

Contra essa tradição idealista, Bakunin desenvolve uma filosofia da práxis baseada no materialismo, no ateísmo e no naturalismo. Para ele, a realidade não é regida por ideias, mas por forças materiais, sociais e naturais, sendo a liberdade uma potência imanente ao mundo e não um ideal transcendente. Em Deus e o Estado, talvez sua obra filosófica mais expressiva, Bakunin argumenta que a crença em Deus — e, por extensão, em qualquer autoridade transcendental, como o Estado, o direito ou a moral absoluta — representa a negação da liberdade humana. “Se Deus existe, o homem é escravo; o homem pode ser livre, portanto Deus não existe”, afirma, sintetizando sua concepção de ateísmo libertador.

A liberdade, para Bakunin, não é entendida como um atributo abstrato do indivíduo isolado, mas como uma relação social concreta que só se realiza plenamente na coletividade. Ele rejeita tanto o autoritarismo estatal quanto o individualismo burguês, propondo, em seu lugar, uma ética da solidariedade baseada na autonomia recíproca e na interdependência dos seres humanos. Essa concepção é profundamente influenciada pelo pensamento de Pierre-Joseph Proudhon, especialmente no que diz respeito à crítica ao Estado e à valorização da ação direta e da auto-organização das massas.

Outra base filosófica importante em Bakunin é sua antropologia otimista, segundo a qual os seres humanos possuem uma inclinação natural à cooperação e à justiça quando libertos das instituições coercitivas. Ele acreditava que o instinto de rebelião e o desejo de liberdade são forças constitutivas da natureza humana e que a dominação — seja ela política, econômica ou religiosa — é uma deformação imposta por estruturas de poder artificiais.

Por fim, sua filosofia é marcada por uma crítica contundente ao racionalismo iluminista, quando este se torna instrumento de dominação burocrática. Bakunin desconfiava da aliança entre ciência, técnica e poder, como evidenciado em sua crítica aos socialistas autoritários, especialmente Karl Marx. Para ele, a ciência deve ser libertada do monopólio estatal e colocada a serviço da emancipação popular, sendo guiada por critérios éticos e políticos oriundos da base social, não de elites ilustradas ou vanguardas revolucionárias.

Em síntese, as bases filosóficas de Bakunin articulam uma crítica ao idealismo metafísico, uma aposta no materialismo e no ateísmo, uma defesa radical da liberdade social e coletiva, e uma desconfiança estrutural em relação a qualquer forma de autoridade centralizada, tornando-o um dos mais originais e consequentes pensadores da tradição anarquista e libertária.

Crítica ao racionalismo humanista

A crítica de Mikhail Bakunin ao racionalismo humanista está centrada em sua desconfiança profunda quanto ao uso da razão como fundamento exclusivo da organização social, especialmente quando essa razão é monopolizada por elites ilustradas, burocracias ou partidos revolucionários autodeclarados como portadores da verdade. Para Bakunin, o racionalismo — particularmente aquele herdado do Iluminismo e do idealismo alemão — tende a produzir formas sutis, mas igualmente opressoras, de dominação ao substituir a autoridade religiosa por uma autoridade científica, intelectual ou estatal.

Essa crítica se expressa de modo contundente em sua oposição ao projeto de socialismo autoritário de Karl Marx. Bakunin argumenta que a centralização do saber nas mãos de uma vanguarda “científica” leva inevitavelmente a uma nova forma de tirania, na qual o povo é governado não mais por reis ou padres, mas por técnicos, especialistas e burocratas. A razão, nesse contexto, deixa de ser instrumento de emancipação e se transforma em justificativa para a dominação de classe sob a aparência da neutralidade científica.

Além disso, Bakunin aponta que o racionalismo humanista tende a conceber o ser humano como um ente abstrato e universal, desconsiderando sua realidade concreta, histórica e plural. Essa universalização da razão — como se houvesse uma forma única, legítima e superior de racionalidade — serve para apagar as vozes e saberes populares, espontâneos e práticos, que não se encaixam nos moldes da filosofia oficial ou da ciência acadêmica. O humanismo racionalista, nesse sentido, seria apenas mais uma forma de etnocentrismo e autoritarismo, travestido de emancipação.

Bakunin também rejeita a ideia iluminista de que a razão humana possa moldar o mundo segundo um plano racional e progressivo. Ele considera isso uma ilusão perigosa que desconsidera os impulsos vitais, passionais e instintivos do ser humano — que, para ele, são forças legítimas de ação e transformação social. Assim, seu pensamento se distancia da confiança ilustrada no progresso racional da humanidade e se aproxima de uma visão mais anárquica, vitalista e espontaneísta da ação social.

Em resumo, a crítica de Bakunin ao racionalismo humanista é uma crítica à centralização do saber, à substituição da autoridade religiosa pela autoridade científica, à abstração do sujeito humano, e à crença na razão como força ordenadora universal. Ele propõe, em contraponto, uma razão enraizada nas práticas populares, na experiência vivida e na autonomia coletiva — uma razão insurgente, e não governante.

Crítica de Bakunin à autoridade

A crítica de Mikhail Bakunin à autoridade se baseia, fundamentalmente, em sua defesa da liberdade individual e coletiva como princípio irrenunciável da organização social. Para ele, toda forma de autoridade que se impõe de maneira hierárquica, permanente e institucionalizada tende inevitavelmente à dominação, exploração e opressão. Sua crítica é, portanto, ético-política e filosófica, mas também histórica e pragmática: ela parte da constatação de que a autoridade raramente se limita a coordenar ou auxiliar, e frequentemente se transforma em um mecanismo de coerção e desigualdade.

Princípio da liberdade

Bakunin parte do princípio de que a liberdade é o bem supremo — não uma liberdade abstrata ou jurídica, mas concreta, vivida e coletiva. Qualquer autoridade que viole a autonomia dos indivíduos ou das comunidades está, para ele, em contradição com a liberdade. A autoridade, quando institucionalizada — como no Estado, nas igrejas, nos exércitos ou nos partidos — nega a livre autodeterminação dos sujeitos e se impõe pela força, pela tradição ou pelo saber técnico.

Autoridade como negação da igualdade

Bakunin vê a autoridade como o sustentáculo de relações hierárquicas e desiguais. Quem detém autoridade assume uma posição superior sobre os demais — seja moral, intelectual ou física — e, com isso, inaugura relações de comando e obediência. Isso é incompatível com a ideia de igualdade radical que ele defende como base da justiça social. O autoritário, mesmo que bem-intencionado, exerce um poder que reduz os outros à passividade e dependência.

Crítica ao Estado e à centralização

Para Bakunin, o Estado é a forma mais concentrada e legitimada de autoridade. Mesmo quando democrático, o Estado continua sendo uma estrutura vertical que concentra o poder de decisão em uma elite política, separando os governantes dos governados. Essa centralização, segundo ele, perpetua a alienação do povo em relação à sua própria vida e à sua capacidade de se autogovernar. Ele argumenta que “onde começa a autoridade, termina a liberdade”.

Autoridade e saber

Outro ponto essencial da crítica é dirigido à autoridade intelectual ou científica. Bakunin denuncia a ideia de que certos indivíduos — por terem mais conhecimento, formação ou prestígio — tenham o direito de decidir pelos outros. Aqui está sua ruptura com Marx, que propunha a ditadura do proletariado dirigida por um partido “cientificamente” orientado. Bakunin rejeita qualquer projeto de emancipação baseado na tutela iluminada de uma elite, pois, para ele, isso substitui um tirano por outro.

Autoridade espontânea e transitória

Bakunin não nega toda e qualquer forma de autoridade. Ele admite que, em certas situações práticas — como ouvir um médico ou um engenheiro — é sensato recorrer ao saber de alguém mais experiente. No entanto, essa autoridade deve ser sempre livremente aceita, temporária e contestável. O problema é quando ela se torna institucionalizada, irrevogável e imposta, rompendo com a autonomia do indivíduo e com a lógica da cooperação horizontal.

A crítica de Bakunin à autoridade se baseia na convicção de que a liberdade só pode florescer onde não há dominação, e que a emancipação real exige a abolição das estruturas autoritárias, inclusive aquelas travestidas de ciência, moral ou boa intenção. Ele propõe, em seu lugar, uma sociedade autogerida, igualitária e federativa, fundada na ajuda mútua, na responsabilidade coletiva e no reconhecimento recíproco entre iguais.

Deus e o Estado

Deus e o Estado é uma das obras mais conhecidas e influentes de Mikhail Bakunin, embora tenha sido publicada postumamente em 1882 a partir de manuscritos inacabados. O texto representa uma crítica contundente às estruturas de autoridade, tanto religiosas quanto políticas, e é uma expressão concentrada de suas ideias anarquistas. Concebido originalmente como parte de um trabalho maior, O Império Knouto-Germânico e a Revolução Social, o manuscrito foi organizado por Carlo Cafiero e Élisée Reclus após a morte de Bakunin. Apesar de seu caráter fragmentário, o texto apresenta com clareza o pensamento do autor, articulando uma crítica radical ao teísmo, ao Estado e à ciência autoritária.

No plano filosófico, Bakunin parte de um materialismo radical influenciado por Ludwig Feuerbach, mas avança além deste ao afirmar que a ideia de Deus não é apenas uma projeção alienada da humanidade, mas o fundamento metafísico de toda forma de dominação. Para ele, a crença em Deus implica necessariamente a negação da liberdade humana, o que é resumido em sua famosa máxima: “Se Deus existe, o homem é escravo; se o homem é livre, Deus não existe”. Essa formulação central evidencia o vínculo que Bakunin estabelece entre religião e servidão, onde a submissão ao divino legitima a obediência às hierarquias terrenas.

A crítica à religião se desdobra numa crítica à autoridade política, sobretudo à figura do Estado. Bakunin argumenta que o princípio teológico da soberania é reproduzido na organização estatal, seja ela monárquica, liberal ou socialista. Ainda mais alarmante, segundo ele, é o surgimento de uma nova forma de dominação no interior dos projetos socialistas autoritários: a autoridade da ciência e dos especialistas. Ele denuncia o perigo de que a ciência, quando separada da base popular e monopolizada por uma elite técnica, se converta em um novo tipo de poder clerical. Nesse sentido, o socialismo autoritário – representado, para Bakunin, por figuras como Marx – levaria à instauração de uma ditadura científica, em que poucos iluminados governariam em nome de uma verdade objetiva.

No lugar de qualquer tutela institucional, Bakunin propõe uma organização social baseada na liberdade imanente, na igualdade federativa e na autogestão. Ele vê a liberdade não como um ideal jurídico abstrato, mas como uma potência concreta que emerge das práticas sociais dos indivíduos e coletividades. A igualdade, por sua vez, não se realiza por meio da centralização do poder, mas por meio da livre federação de comunidades autônomas. Assim, a obra defende uma política fundada na reciprocidade e na ajuda mútua, em oposição às imposições hierárquicas do Estado ou da tecnocracia.

A linguagem de Deus e o Estado é panfletária, carregada de aforismos, metáforas históricas e apelos emocionais, revelando o esforço de Bakunin em comunicar-se diretamente com os trabalhadores e militantes populares. Sua crítica ao saber institucionalizado e à concentração de poder antecipou debates contemporâneos sobre tecnocracia, biopolítica e o papel das instituições científicas nas sociedades modernas. Ainda hoje, o texto ressoa como uma denúncia da forma como o discurso racional e científico pode ser instrumentalizado para justificar novas formas de dominação, e como a liberdade só pode ser plena quando acompanhada de autonomia coletiva.

Por fim, Deus e o Estado permanece uma obra central para o pensamento anarquista e para todas as correntes políticas que desconfiam da naturalização do poder e da autoridade. Sua atualidade se manifesta nos debates sobre democracia radical, sobre os limites da ciência como forma de regulação social e sobre a construção de novas formas de vida coletiva que dispensem tanto o “céu” da religião quanto o “trono” do Estado.

Obras

 

Deus e o Estado (Dieu et l’État, 1871, publicado postumamente em 1882)
Obra inacabada e uma das mais influentes de Bakunin. Apresenta uma crítica radical à religião e ao Estado, acusando ambos de cercear a liberdade humana. Combate o racionalismo autoritário e propõe a emancipação baseada na liberdade, na negação do poder coercitivo e na ação coletiva.

Confissão (Confession, 1851)
Escrita durante o cárcere na Rússia e dirigida ao czar Nicolau I, esta obra mistura elementos autobiográficos e justificativas políticas. Revela as angústias de Bakunin diante da repressão czarista e fornece informações relevantes sobre sua trajetória e pensamento inicial.

O Império Knouto-Germânico e a Revolução Social (L’Empire knouto-germanique et la révolution sociale, 1871)
Trata-se de uma crítica ao expansionismo e autoritarismo da aliança entre o Império Russo e o prussiano. Defende a revolução social contra o militarismo, o clericalismo e o centralismo estatal.

A Teologia Política de Mazzini e a Internacional (La Théologie politique de Mazzini et l’Internationale, 1871)
Nesse texto, Bakunin confronta o nacionalismo espiritualista de Giuseppe Mazzini, reafirmando a prioridade da luta social sobre os projetos de unificação nacional inspirados por princípios religiosos ou morais idealistas.

Catecismo Revolucionário (Catéchisme révolutionnaire, 1865)
Texto de caráter programático, em que Bakunin sistematiza os princípios do anarquismo revolucionário. Defende o coletivismo econômico, a autogestão, a abolição do Estado e uma organização social baseada na federação de comunas autônomas.

Carta à Voz do Povo (Lettre à La Voix du Peuple, 1865)
Escrito breve no qual Bakunin responde a críticas e reafirma seu compromisso com a revolução social, o federalismo e a rejeição ao centralismo e à burocracia como formas de opressão política.


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Referências

EBSCO. Mikhail Bakunin – Research Starters. Disponível em: https://www.ebsco.com/research-starters/history/mikhail-bakunin. Acesso em: 9 jun. 2025.

MARXISTS INTERNET ARCHIVE. Biography of Mikhail Bakunin. Disponível em: https://www.marxists.org/reference/archive/bakunin/bio/. Acesso em: 9 jun. 2025.

ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA. Mikhail Bakunin – Russian anarchist. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Mikhail-Bakunin. Acesso em: 9 jun. 2025.

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