“O artista nunca trabalha em condições ideais, pelo contrário, o artista existe porque o mundo não é perfeito. A arte seria desnecessária se o mundo fosse perfeito, assim como o homem não procuraria por harmonia, apenas viveria nela.”
– Andrei Tarkovsky
Quando me pego para escrever, nesse momento, tenho que me preparar um pouco.
Infelizmente, não basta apenas sentar na frente de um computador e começar a dissertar uma ideia que esta cozinhando na cabeça.
Preciso marcar um horário, e antes de sua chegada, vou me distraindo com pequenas coisas.
“Só mais uma!”, me perco em outro passatempo.
O tempo marcado passa, e percebo que estou fugindo.
Quando tomo consciência que é necessário se colocar para produzir, vejo uma situação de injustiça.
De um lado populoso, tenho todo um cansaço, raiva, desilusão a respeito do tempo.
Faço um confronto com a urgência de ser nada, e com isso a necessidade de escrever tudo.
Sempre sendo uma questão de fazer a conta de quando posso me permitir ser um corpo com conteúdo, o quanto irá demorar, ou se isso realmente importa.
De abandonar certos condizeres culturais, que do berço ainda me fazem companhia
E do outro lado, sozinha, esta a folha em branco, tendo que negociar para não ser bombardeada com tudo isso.
Não se repetir, repelir, contradizer e harmonizar.
Dissonante desde o momento em que eu bater na sua bigorna.
Escritor do acaso. Na vida amarga, que horas apodrece mais rápido mas também estabiliza no prazer.
Que texto simplesmente maravilhoso.
Muito obrigado! 😀