Em conversa de amigo, com um em especial que não vejo fisicamente há um bom tempo mas, que a menudo trocamos papos livres e rasgadamente honestos, o que, aliás sempre é empolgante. Fiquei feliz com a nova troca de palavras.
Quando perguntam para nós como estamos, querendo ou não nosso ego inflama, é instintivo, sentimos que somos especiais e até mesmo importantes. Não se trata de indagações corriqueiras, muito menos de fofocas estapafúrdias, e sim de afeto, certa preocupação…
Tentei resumir o que se passava comigo em 32 linhas e ainda coube um ditado popular. Meu nobre amigo, esperto por si só, retribui com palavras sábias, apropriadas para a ocasião e tudo em 6 linhas! Quanta artimanha a sintetizar! Um dia eu chego lá…
É claro que se fosse pessoalmente em um bar qualquer na Cidade Alta, bairro da ilha em que nasci, Vitória. Cidade saúde, sempre ensolarada de céu límpido e tenro azul. Até o inverno lá é quente, luminoso… Enfim, eu explanaria e explanaria entre uma golada e outra, entre o gosto amargo e leve de uma boa cerveja continuaria a explanar e por ventura, e não por má educação, cortaria meu amigo Paulo.
Gentil, sempre gentil, riria da situação, afirmaria com a cabeça um sinal positivo, um tudo bem ou soltaria uma frase pontualmente certeira e ainda citaria um poema de autor famoso ou não. Esse descobrir é uma das coisas que mais gosto nele, carrega experiência vicária não porque viveu bastante mas, porque é um observador nato. A maioria dos sábios precisam da companheira denominada Velhice para estar nesta posição, o que no caso de Paulo, o conhecimento é praticamente tácito.
Como eu ia dizendo… Paulo me ofereceu palavras amigas… Confesso que passei boa parte do dia e a volta para a casa no que ele me falou:
– Tudo na tua vida é intenso e não há desastres amorosos, há um caminho que continua a ser explorado”.
Definitivamente, por esse viés até então não havia pensado. Paulo é um vidente e o melhor: não me cobrou nada.
Pessoas singelas, com “P” me fazem ter saudades de casa e, já que estamos sendo francos, semana passada ao fazer minha corrida interplanetária ao no stress numa manhã típica de domingo. Domingo ameno, de sol frio e silencioso, uma música do Foo Fighters soou… fechei os olhos enquanto corria ofegante (sem temer que era um perigo tal artimanha) e pude sentir o cheiro da maresia. Foi surreal!
Lembrei que tive um exercício parecido em meu leito, numa noite noturna em dia inútil. No entanto, era para recordar de alguém, de sentir o cheiro de uma pessoinha que me fez bem, mesmo que por pouco tempo. Relativo citar isto. O tempo que Cronos criou é convenção nossa. Muitas das vezes, o tempo torna-se amigo, em outras, ele é pesado demais, um fardo. Quero viver mil anos de casos enigmáticos, sentir-me poderosa pelo menos por um instante desmedido, fazer coisas realmente sublimes a quem tanto necessita.
Agora, neste exato momento, meu gatinho deitado em colo meu com a cabeça apoiada no sofá com olhos grandes azuis me fitando, me conforta. Ele participa de minha estabilidade… Queria que você soubesse Paulo, que ao terminar de ler esta minha nota de esclarecimento, se é que posso julgar assim, não quero e não desejo mais atenção da parte tua porque nossos encontros fora do comum e esporádicos são vitais na hora em que se deve acontecer e não teria momento mais oportuno.
Meu muito obrigada! Da sua Molequinha das Palavras.
P.S.: Ao engolir meu café ordinário recordei-me bem de outra parola, de muito tempo atrás e então pude encontrar a resposta apesar de discordar de você porque sou assumidamente fantasiosa quanto ao amor. (Você me disse que não se preocupa com o amor porque não é romântico, o amor é uma coisa feia).
Estamos no Olá e não é chegada a hora da despedida! Há muitas cartas a serem postas na mesa, que bom.