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David Harvey é um geógrafo britânico marxista formado na Universidade de Cambridge. Ele participou do programa da estatal BBC Hard Talk, no qual é questionado sobre as teses que ele defende, principalmente em seu livro citado no vídeo, “O enigma do capital”.
Alguns pontos importantes a serem elucidados são que: a crise, assim como os efeitos provocados por ela na população, é sistêmica, o que quer dizer que o capitalismo, em si, jamais irá escapar disso, e essa crise afeta bem mais a classe trabalhadora do que os bancos; existem pessoas que lucram com a crise, como no exemplo citado em que banqueiros indianos se tornaram bilionários.
A entrevistadora também aborda como o capitalismo nunca chegou ao seu ápice por não ter sido um capitalismo realmente de livre mercado, ou seja, sem interferência estatal na economia. Porém, como Harvey demonstra, em toda crise os bancos pedem socorro ao Estado e esse age em benefício deles, destinando pacotes de bilhões de dólares para cobrir os efeitos da crise, a qual foi causada principalmente por especulações. No entanto, esses pacotes nunca são destinados a reverter os problemas causados ao povo pela crise e a classe trabalhadora sempre sofre com o desemprego em longo prazo.
Durante a entrevista, é mostrado que o capitalismo trouxe muitas vantagens ao mundo, como conforto e qualidade de vida. Realmente, para muitas pessoas, a vida sem muitos luxos é suficiente. Isso serviria para demonstrar que o capitalismo é desejável para a população em geral? Certamente que não. Se existem pessoas que possuem uma vida agradável graças às benesses do capitalismo, também existem 2 bilhões de pessoas que sobrevivem com 2 dólares ou menos por dia. É mais uma prova de que o fim do capitalismo não é a distribuição de riquezas, mas sim a sua concentração.
A alternativa para isso tudo não é reformar o capitalismo, mas sim superá-lo. Nunca teremos um “capitalismo ético” ou um “capitalismo sustentável” até porque o próprio capitalismo não é sustentável, já que sempre há a necessidade de crescimento constante da economia. Para se ter um crescimento constante é necessário a procura constante de novos mercados, novos negócios, mais dinheiro a ser feito. Todo esse desenvolvimento do capitalismo tem um preço muito grande a ser pago pela sociedade, a qual sempre irá sofrer com problemas ambientais, falta de segurança, desemprego, ou mesmo crises cíclicas. Contra essas crises, Harvey propõe uma economia “de crescimento zero”, a qual irá sempre buscar o equilíbrio ao invés de buscar taxas cada vez maiores de crescimento.
É possível uma sociedade melhor, sustentável, livre e segura? Sim. Harvey argumenta que talvez essa sociedade só seja possível com um processo revolucionário. Ele propõe que é necessária uma conversa sobre isso na sociedade, uma conscientização, para que possamos propagar a ideia de que o capitalismo não irá solucionar nossos problemas, só o fim dele irá.