Da série “Janta Filosófica“.
A Janta Filosófica nº 47 abordou a visita de Elon Musk ao Brasil, seus possíveis interesses em implantar a Starlink, empresa de satélites, para fechar uma acordo com o Estado brasileiro e conseguir explorar níquel na região amazônica.
Ao longo da live, o ouvinte Artur e o membro do canal Alex Lago entraram ao vivo conosco e contribuíram com suas visões sobre o mito do empreendedorismo, sobre a situação da educação básica no país e sobre a possível resistência bolsonarista na troca de poder caso Lula seja eleito.
O vídeo:
O áudio:
Veja a transcrição do início da live abaixo:
Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. […] Eu vos digo: – o problema do escrete não é mais de futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo. – Nelson Rodrigues.
A visita de Elon Musk ao Brasil foi recepcionada pelo próprio Jair Bolsonaro e por um time de ministros e empresários. Às vezes, se vê indagações sobre a veracidade da luta de classes. Tudo parece muito abstrato, como se classe fosse um ser metafísico. Eu proponho que nós olhemos para uma lista que representa alguns sujeitos concretos pertencentes à classe dominante e que fazem parte do famigerado bloco no poder: André Esteves (BTG Pactual), Flávio Rocha (Riachuelo), Rubens Menin (MRV e banco Inter), José Félix (Claro), Pietro Labriola (TIM), Jorge Moll Filho (Rede D´Or) e Rodrigo Abreu (Oi).
Fazem parte de uma fatia deste bloco no poder e têm interesses econômicos diretos na presença dos empreendimentos de Elon Musk no Brasil. Primeiramente, quem é Elon Musk? Trata-se de um empresário sul-africano, pessoa mais rica do mundo, que ganhou uma boa grana com o Paypal, é proprietário da empresa de foguetes e satélites Space X e da Tesla, que faz entre outras coisas carros elétricos. Os interesses em energia não fóssil de seu conglomerado encontram espaço gigante no território brasileiro.
O empresário também se envolveu num processo de compra do Twitter, em que ele promete mais liberdade e menos censura na plataforma. No Brasil, oferece um projeto com sua empresa Starlink que prevê 42 mil satélites para oferecer uma conexão global que não dependa de grandes estruturas no solo. Seu objetivo é satisfazer a demanda de 53% da população rural brasileira, por exemplo, que não tem acesso à internet. Suprir deficiências estruturais.
Bom, o acesso à internet que sua constelação de satélites possibilita custa US$ 599 (R$ 2.950 na cotação de 20 de maio), e pagar uma mensalidade de US$ 110 (R$ 540 na cotação de 20 de maio). Desde de janeiro deste ano a empresa de Musk é liberada para atuar no Brasil pela anatel.
Declaradamente, Musk teria como objetivo, aqui eu abro aspas para o empresário, num tweet, em que disse: “Animado por estar no Brasil para lançar a Starlink em 19.000 escolas em áreas rurais e projetos de monitoramento ambiental na Amazônia”.
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