O Livro do Desassossego é, sem dúvidas, uma das mais belas obras do poeta português Fernando Pessoa, que nela aparece sob o heterônimo de Bernardo Soares, um ajudante de guarda-livros (profissional contábil) que vive em Lisboa.
Escrita no que mais se aproxima de uma prosa poética, um diário de pequenos trechos, alguns até mesmo inconclusos, a obra é permeada por temas como a vacuidade da ação, das grandes narrativas metafísicas e dos fatos históricos, mas, sobretudo, pela angústia particular, por vezes indiferença, de um homem que, não sabendo lidar com o fato de estar vivo, depositou nas sensações e na imaginação todos os seus motivos. O tédio em que vive é, antes de tudo, a sensação de que “não vale a pena fazer nada”, pois, como ele observa, toda ação exige uma dose tremenda de fé. Como dar sequência à vida diária com esta convicção imponente?
“A mania do absurdo e do paradoxo é a alegria animal dos tristes. Como o homem normal diz disparates por vitalidade, e por sangue dá palmadas nas costas de outros, os incapazes de entusiasmo e alegria dão cambalhotas na inteligência e, a seu modo, fazem os gestos da vida”.
Frente à autoconsciência, que faz dos outros apenas espectros, o que se tornam as relações sociais? Um vislumbre, assim como todos os seus aspectos: a comunicação, a arte, a escrita, a política, etc. O Livro do Desassossego, ainda que cheio de temas abordados pela filosofia, é um livro sobre as sensações de um homem que encontrou o contraponto da vida mecanicamente vivida, do cansaço e da poesia, descrevendo-o com muita lucidez.
Felizmente, a obra está disponível em domínio público, e você pode ter acesso a ela clicando aqui. Boa leitura.
Acredito que a palavra segue sendo meu ponto fraco.
É um dos meus livros preferidos.
Livro para ser lido e relido incontáveis vezes.
O link indicado não possui o Livro do Desassossego, somente uma seleção de alguns trechos, com 17 páginas.
Corrigido!
Republicou isso em Eu Vivo a Melhor Idadee comentado:
Admiro demais Fernando Pessoa e seus heterônimos
Fernando Pessoa e seus heterônimos são adoráveis companhias para uma vida inteira. Cada vez que os visito, encontro novidades… e mesmo o que é releitura, traz-me sempre o sabor do novo. Insuperável Pessoa nas suas pessoas.
Observação perfeita. Sempre o sabor do novo.
esse livro ensina a sentir…
o fato de sermos constituidos de vários ‘ EUS’ NOS DEIXA SEM UM ‘EU’ .Éimpossível ‘SER’.E O NAÕ SER’ é angustiante.É O NADA.