Artigo de Lucas Silva, em colaboração com o Colunas Tortas.
Para melhor compreender as relações entre os países da União Europeia e Estados Unidos com as nações árabes pós-colonialismo, Orientalismo – de Edward Said – é leitura obrigatória.
Assim como outras de suas obras (A questão da Palestina e Cultura e Imperialismo) Said brilhantemente fornece todo o cenário sócio econômico que as intervenções ocidentais no Oriente árabe causaram na formação dos países árabes, sendo fundamental para o desenrolar de questões contemporâneas, como a situação na Síria , invasão ao Iraque e a ascensão armada do Estado Islâmico.
Nesse livro, publicado pela primeira vez em 1978, Said analisa um pensamento iniciado entre alguns dos eruditos europeus do final do século XIX. Um sistema de estudo do chamado Oriente próximo (ou Oriente Médio) com base nas experiências europeias nas colônias do império Britânico e Frances, mas que contém traço de relações anteriores entre o Ocidente e o Oriente árabe.
Os orientalistas elaboraram imagens do árabe colonizado como um individuo atrasado e de caráter dúbio, usando de princípios equivocados da analise ao Islã para ditar o comportamento do oriental de maneira geral, sem se preocupar com as peculiaridades de cada cultura. Essas imagens se desenvolvem e são espalhadas por meio dos estudos acadêmicos, tratados diplomáticos, traduções de textos árabes, literatura e cinema.
Esses estudos sobre o árabe, segundo Said, são tentativas para justificar a exploração do Ocidente e também apagar socialmente qualquer seriedade do oriental, levando o árabe a ser compreendido como um individuo que seria impossível de ter alguma base intelectual e autonomia política.
Eleito um dos 20 livros mais influentes de todos os tempos pela organização inglesa Academic Book Week, Orientalismo é a chave para a discussão do Oriente inventado pelo Ocidente. De Blafour a Lawrence da Arábia, sua critica é de enorme influencia para a analise do mundo árabe moderno.
Para baixar Orientalismo, de Edward Said, clique aqui.
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“Assim como outras de suas obras (A questão da Palestina e Cultura e Imperialismo) Said brilhantemente fornece todo o cenário sócio econômico[sic] que as intervenções ocidentais no Oriente árabe causaram na formação dos países árabes”
Não. É um exagero afirmar que ele apresenta “todo o cenário sócio-econômico”. Aliás, ele lida rasteiramente com economia.
“sendo fundamental para o desenrolar de questões contemporâneas, como a situação na Síria, invasão ao Iraque e a ascensão armada do Estado Islâmico.”
Também não. Se puder me explicar como Orientalismo ajuda a entender a Síria, o Iraque e o Daesh… mas, por favor, sem teorias da conspiração e sem conceitos que explicam tudo.
There are a number of reasons that might explain why Said says nothing
about Islam. He might have intended to write only of the West. He might
not know enough about Islam. He might have felt that it was sufficient in-
stead to name those of whose work he disapproves. He might have felt it best
to say nothing rather than to say some one thing. He might believe that it is
inappropriate or impossible or even hostile for any outsider to speak of a
belief system which he does not share. Whatever his reason, Said says noth-
ing and says nothing about why he says nothing.—Leonard Binder (1988)