Segundo Slavoj Žižek, em entrevista à Biblioteca Nacional da Universidade da Dinamarca e Copenhagen, a sabedoria é “nojenta” e conformista.
Žižek aborda a noção de sabedoria de maneira crítica e muitas vezes irônica, desafiando ideias tradicionais sobre o que significa ser “sábio”.
Em vez de ver a sabedoria como um estado de conhecimento sereno e equilibrado, Žižek questiona essa visão, argumentando que ela pode mascarar realidades ideológicas e injustiças sociais.
Os sábios sempre possuem uma opinião a respeito de tudo e sempre são procurados por suas ideias quando algo novo acontece.
Eles possuem um certo ar de autoridade, pois, afinal de contas, são sábios: eles entendem o que dizem.
Porém, não se pode dizer, de acordo com Žižek, que o que eles dizem seja realmente verdade.
Para Žižek, a sabedoria tradicional frequentemente está ligada a uma aceitação passiva das coisas como elas são, o que ele considera problemático. Ele acredita que esse tipo de sabedoria pode servir para manter o status quo, evitando conflitos e mudanças radicais necessárias para enfrentar as contradições do mundo moderno.
A sabedoria pode ser usada como uma forma de desacreditar opiniões alheias, pois o sábio sempre terá argumentos para sustentar suas ideias e por sua postura de autoridade, qualquer coisa, sábia ou não, que ele disser será tida como verdade.
Como uma forma de rebeldia, Žižek demonstra o caminho de procurar nossas próprias verdades, sem aceitar como fato a sabedoria pronta de alguém. “Só sei que nada sei”, diria o filósofo grego.
Em suas análises, Žižek sugere que a verdadeira “sabedoria” talvez esteja mais relacionada com a disposição de enfrentar as complexidades e paradoxos da realidade, em vez de buscar uma compreensão harmoniosa ou uma aceitação resignada das coisas.
Ele frequentemente desafia o público a questionar suas próprias crenças e a confrontar os aspectos perturbadores da sociedade e da própria psique humana.
Assim, para Žižek, a sabedoria não é tanto sobre alcançar um conhecimento profundo e sereno, mas sobre estar disposto a lidar com a dissonância, o conflito e as contradições que são inerentes à existência e às estruturas sociais.
Entre em nosso canal no telegram: https://t.me/colunastortas.
O Colunas Tortas é uma proto-revista eletrônica cujo objetivo é promover a divulgação e a popularização de autores de filosofia e sociologia contemporânea, sempre buscando manter um debate de alto nível – e em uma linguagem acessível – com os leitores.
Nietzsche, Foucault, Cioran, Marx, Bourdieu, Deleuze, Bauman: sempre procuramos tratar de autores contemporâneos e seus influenciadores, levando-os para fora da academia, a fim de que possamos pensar melhor o nosso presente e entendê-lo.
1 Comentários