A humanidade caminha para o mal caótico que a ordem globalizatória nos oferece. Tudo vira lixo. Tudo mesmo, não falo de objetos somente ou coisas fúteis, mas de nós. Tenho que aqui tocar na ferida e não faço apenas uma crítica de outras cabeças pensantes, me incluo também. Ora, no processo da globalização, ainda somos o que sobrou da Revolução Industrial. Mas, calma! O pior ainda está por vir já que não enxergamos o fim do processo.
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman em seu livro Vidas Desperdiçadas nos oferece uma luz sobre as consequências catastróficas que os serem passam devido ao progresso da modernidade. O lixo torna-se tema central, sejam os dejetos que produzimos, sejam as sujeiras produzidas pelas cidades, seja pela poluição da órbita.
A Terra está estufada de lixo e nós, consequentemente viramos parte. O livro, dotado de narrativas rápidas nos leva a pensar em quatro direções: A cultura do lixo; a natureza dos poderes humanos, a vulnerabilidade e incerteza humana e o refugo. O ser humano é rejeitado porque foi excluído do mundo em que vive, pois, a lei e nem os governos os eleva, não carregam suas responsabilidades. O que sobra é o caos de mãos dadas com a ordem. Somos todos humilhados e por isso, abandonados desse sistema de que não vale ter aval para entrar.
Bauman se pergunta se há lugar para onde fugir. E há? Abro um parêntese, a respeito do posicionamento do sociólogo no que tange à moda: O que é a moda? Substituir coisas menos adoráveis por outras mais bonitas, ou a alegria que se sente quando as coisas são jogadas num monte de lixo depois de seres despidas do glamour e do fascínio? As coisas são descartadas por sua feiura, ou são feias por terem sido destinadas ao lixo?
Uma amiga próxima tem o costume de me dizer que sempre que nasce uma criança é porque existe esperança. De certa forma ela tem razão. No entanto, como o próprio Bauman diz, histórias são como holofotes e refletores, iluminam partes do palco enquanto deixam o resto na escuridão.