A pesquisa participante: o que é? Como funciona?

A emancipação se liga à carne, se expressa na palavra, transforma a subjetividade dos participantes e não só sua cognição. Tomando como exemplo o trabalho de Paulo Freire: não só ensina a ler e escrever, mas constrói, em conjunto com os participantes, a própria histórica local e a memória coletiva por meio da prática da leitura e da escrita, por meio da aproximação que a leitura e a escrita podem ter com a vida política, econômica e cultural. 

O que significa uma pesquisa ser participante? – Carlos Brandão

Trata-se de uma participação que não se resume ao fornecimento de dados à pesquisa, mantendo a estrutura de pesquisa em que o pesquisador é o protagonista e autor, enquanto os participantes são sujeitos e, ao mesmo tempo, objetos no interior da produção do conhecimento. Nesta mudança participativa, a própria autoria se vê compartilhada, o protagonismo se vê compartilhado e o resultado é fruto da própria ação coletiva sem liderança privilegiada do pesquisador.

10 princípios fundadores da pesquisa participante – Carlos Brandão

Esses dez princípios guiam o entendimento de o que é uma pesquisa participante, em que é fundamentada e quais são seus objetivos no interior de uma comunidade. De certo, a pesquisa participante é aquela em que o protagonista está naqueles que geralmente são fonte de dados: os participantes. Enquanto protagonistas, há uma nova relação que se constrói: em vez de sujeito-objeto, sujeito-sujeito.

Cossujeitos de pesquisa – C. R. Brandão

Para além de uma pesquisa com forte influência da educação popular, é uma pesquisa que envolve uma pedadogia política emancipadora, em que o outro é reconhecido como um sujeito legítimo de participação e, enquanto um outro, é parte do nós, do todo da pesquisa, tomador de decisão e detentor da palavra que fomenta o diálogo.