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Biografia
Vladimir Pinheiro Safatle (1973 – ) é um filósofo e psicanalista chileno-brasileiro, atualmente pesquisador e professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP.
É filho de Fernando Safatle, militante que fugiu para o Chile para se proteger da ditadura militar brasileira. Com a ascenção de Pinochet, voltou ao Brasil e trouxe Vladimir que, após morar em Brasília e Goiânia, em 1991 foi para São Paulo e concluiu seus estudos em Filosofia na USP e Publicidade na Escola Superior de Publicidade e Marketing em 1994[1].
Vladimir Safatle mestrou-se em 1997 e conseguiu seu doutorado em 2002, com a tese intitulada La passion du négatif: modes de subjectivation et dialectique dans la clinique lacanienne, sendo orientado por Alain Badiou[2].
A articulação entre Adorno e Lacan foi crucial na carreira acadêmica de Safatle:
Talvez, a novidade do trabalho de Safatle não esteja meramente na apresentação desta articulação. Lembremos como no Brasil tal relação já ocupa certa tradição, uma linha do tempo com variações que segue desde a apreensão existencialista próprio Bento Prado Júnior ou Luiz Roberto Molzani, a posições epistemológicas da psicanálise como em autores como Osmyr Faria Gabbi Jr., Renato Mezan, Richard Simanke entre outros. No interior desta tradição da filosofia da psicanálise, o pensamento de Safatle habita um lugar diverso, que não se limita a questões de ordem epistemológica; a discussão sobre o destino do conceito de subjetividade nos tempos contemporâneos, núcleo central da prática psicanalítica, recebe na ótica safatleana aspectos de teoria social.
Não por menos, Safatle elege Lacan como o seu interlocutor privilegiado, o que se confirma alguns anos depois em sua tese de doutorado publicada aqui no Brasil sob o título A Paixão do Negativo: Lacan e a Dialética, defendida na Universidade de Paris VIII em 2002, sob a orientação do prof. Alain Badiou. Decerto, Lacan é o psicanalista que, em meio a uma linguagem por vezes impenetrável, nunca deixou de lado a máxima de Rimbaud: “O Eu é um outro”. Eis a marca do descentramento do sujeito que nunca é visto como isolado, mas, desde sempre, em relação. Mais do que uma passagem pela alteridade, o modelo subjetivo de Lacan se identifica de pronto à ordem social. Definido pelo olhar do outro, o Eu é sempre estranho a si mesmo, e carrega em sua formação marcas desta alienação de si.[3]
O autor também não se limita ao meio acadêmico:
As atividades de Safatle não se restringem à pesquisa e ao ensino. Há nele a inquietação de ocupar o espaço público. Desde 1997, já podemos encontrar diversos textos de intervenção em meios de maior circulação, como o Correio Braziliense e a Folha de São Paulo, revistas como a Cult, e sítios eletrônicos como o Trópicos. A natureza destes textos é diversa, mas já apontam para o lugar que Safatle anseia ocupar: no coração do debate público a partir de resenhas de livros acadêmicos, críticas de arte e literatura, artigos sobre os fatos políticos.[4]
A filosofia de Vladimir Safatle passa pelo marxismo, pela psicanálise, pela teoria do conhecimento, mas se situa, principalmente, nas possibilidades de modificar o mundo e criar uma nova sociedade e um novo sujeito.
Artigos no Colunas Tortas
- O que é fascismo?;
- Porquê e para quê, a filosofia?;
- “Rumos da esquerda”;
- Vladimir Safatle e o fim da música.
Livros
- 2003 – Um limite tenso: Lacan entre a filosofia e a psicanálise. São Paulo: Editora Unesp (organização);
- 2004 – O tempo, o objeto e o avesso: ensaios de filosofia e psicanálise. Belo Horizonte: Autêntica (co-organização);
- 2006 – Sobre arte e psicanálise. São Paulo: Editora Escuta (co-organização);
- 2006 – A Paixão do Negativo: Lacan e a dialética. São Paulo: Unesp;
- 2007 – Lacan. São Paulo: Publifolha (republicado pela Editora Autêntica).;
- 2007 – Ensaios sobre música e filosofia. São Paulo: Editora Humanitas (co-organização);
- 2008 – A filosofia após Freud. São Paulo: Humanitas (co-organização);
- 2008 – Cinismo e falência da crítica. São Paulo: Boitempo;
- 2010 – La passion du négatif : Lacan et la dialectique. Hildesheim: Georg Olms Verlag.;
- 2010 – Fetichismo: colonizar o Outro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira;
- 2010 – O que resta da ditadura: a exceção brasileira. São Paulo: Boitempo (co-organização);
- 2012 – A esquerda que não teme dizer seu nome. São Paulo: Três Estrelas;
- 2012 – Grande hotel abismo: por uma reconstrução da teoria do reconhecimento. São Paulo: WMF Martins Fontes;
- 2013 – La Izquierda que no teme decir su nombre. Santiago: LOM Ediciones;
- 2015 – O Circuito dos Afetos: Corpos Políticos, Desamparo e o Fim do Indivíduo. São Paulo: Cosac Naify (republicado pela Editora Autêntica).
- 2016 – Grand Hotel Abyss: desire, recognition and the restoration of the subject. Leuven University Press;
- 2016 – Quando as ruas queimam: manifesto pela emergência. São Paulo: N-1 edições;
- 2017 – Só mais um esforço. São Paulo: Três Estrelas;
- 2018 – Patologias do social: arqueologias do sofrimento psíquico. São Paulo: Autêntica (co-organização);
- 2018 – Um dia, esta luta iria ocorrer. São Paulo: N-1 edições;
- 2019 – Dar corpo ao impossível: o sentido da dialética a partir de Theodor Adorno. Belo Horizonte. Autêntica;
- 2019 – El circuito de los afectos: cuerpos politicos, desamparo y fin del individuo. Cali: Editorial Buonaventura.
Resumo
Nome: | Vladimir Pinheiro Safatle. |
Nascimento: | 03/06 de 1973, Santiago, Chile. |
Atualmente: | Pesquisador e professor pela FFLCH – USP. |
Campo de atuação: | Filosofia e Psicanálise. |
Formação: | Universidade Paris-XIII (2002). |
Referências
[1] Portal dos Jornalistas. Vladimir Pinheiro Safatle. Disponível em <<http://bit.ly/2AhSxVJ>>. Acesso em 16 set 2019.
[2] Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Vladimir Pinheiro Safatle. Disponível em <<http://bit.ly/2AqdoGo>>. Acesso em 17 set 2019.
[3] Revoluções.org. Breve biografia comentada de Vladimir Safatle. Disponível em <<http://bit.ly/2Aqn2c8>>. Acesso em 17 set 2019.
[4] Revoluções.org. Breve biografia comentada de Vladimir Safatle…