Discurso de Luiz Ruffato na Feira do livro de Frankfurt continua atual

Historicamente habituados a termos apenas deveres, nunca direitos, sucumbimos numa estranha sensação de não pertencimento: no Brasil, o que é de todos não é de ninguém…

Luiz Ruffato em seu discurso na Feira do Livro de Franfurt.
Luiz Ruffato em seu discurso na Feira do Livro de Franfurt. Foto: D.W./L. Frey.

Em 2013, Franfurt recebeu em sua tradicional Feira do Livro a presença de Luiz Ruffato, escritor brasileiro que discursou na abertura do evento com tom crítico às desigualdades sociais no Brasil e privilégios das classes dominantes. Veja o vídeo no fim da matéria.

Luiz Ruffato fez críticas agudas às contradições que emergiram no Brasil desde sua colonização, “nascemos sob a égide do genocídio. Dos quatro milhões de índios que existiam em 1500, restam hoje cerca de 900 mil, parte deles vivendo em condições miseráveis em assentamentos de beira de estrada ou até mesmo em favelas nas grandes cidades”, disse o escritor.

Apesar de aplaudido pela plateia de Frankfurt, Marta Suplicy se sentiu incomodada com as críticas de Ruffato. A então ministra da Cultura reclamou dos rumos de seu discurso, “ele apresentou uma visão dura do País, mas senti falta do lado mágico e literário do Brasil”.

De fato, Ruffato não tinha intenção de fazer qualquer tipo de truque ou mágica para apresentar o Brasil ao mundo, sua dureza encobriu os objetivos ingênuos de Marta e do então vice-presidente, o golpista Michel Temer, em mostrar um Brasil maquiado.

“Avoca-se sempre, como signo da tolerância nacional, a chamada democracia racial brasileira, mito corrente de que não teria havido dizimação, mas assimilação dos autóctones. Esse eufemismo, no entanto, serve apenas para acobertar um fato indiscutível: se nossa população é mestiça, deve-se ao cruzamento de homens europeus com mulheres indígenas ou africanas – ou seja, a assimilação se deu através do estupro das nativas e negras pelos colonizadores brancos”.

Ruffato escancarou os déficts educacionais do país, trouxe dados sobre a violência, impunidade, machismo, assassinatos e a distância social entre os descendentes de colonos e os de colonizados.

Veja seu discurso na íntegra abaixo:

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