Estratégia sem estrategista – Michel Foucault

O poder é relacional, é constituído por relações de força e, através delas, ele se arranja em suas formas históricas. Como a observação das relações de poder é uma observação sobre seu funcionamento, seu resultado é uma estratégia sem estrategista: um conjunto de relações de poder que, em sua combinação, resultam em táticas e estratégias possíveis ao exercício do poder.

Da biopolítica à necropolítica – Suze Piza

O racismo adquire uma característica positiva, ou seja, prescritiva da morte: em vez de um subproduto da biopolítica, em vez de uma necessidade de matar mesmo após transformar a política monárquica em política para fazer viver sua população, uma necessidade de matar que até mesmo não se faz como necessidade, mas como imperativo.

Três características de nossa época – Achille Mbembe

No caminho oposto a uma visão dos efeitos da globalização nas metrópoles e nos locais dominados, Achille Mbembe caracteriza nossa época a partir de um olhar à migração, ao movimento dos corpos entre os territórios nacionais, um olhar à política que é feita sobre os corpos dominados, que os fabrica, a partir de um olhar sobre as condições materiais de realização da política moderna que, em alguns momentos, tende à necropolítica.

Nanorracismo, por Achille Mbembe – DROPS #28

MBEMBE, Achille. Políticas da inimizade. São Paulo, SP: N-1 edições, 2020, p. 98-101, 105. Mas o que se deve entender por nanorracismo, senão essa forma narcótica do preconceito de cor que se expressa nos gestos aparentemente inócuos do dia a dia, por causa de uma insignificância, uma afirmação aparentemente inconsciente, uma brincadeira, uma alusão ou…

O povo – Michel Foucault

A condução das condutas dos membros do povo constitui o governo sobre a população. A população, por sua vez, é o resultado da filiação (consciente ou não) dos indivíduos aos desígnios do poder que governa. O povo é seu contrário, mas não é o oposto delinquente da população. Não se trata somente disso e essa oposição não é central. O povo é o objeto a ser administrado, gerido pelo Estado a partir de uma ciência própria. O povo é ingênuo e, em sua ingenuidade, pede um pastor que o guie pelo melhor caminho, que evite sofrimento em demasia e, ao mesmo tempo, a selvageria contra alvos não adequados.

O desejo de apartheid – Achille Mbembe

Aquele que se situa do outro lado do muro não é só um outro, mas é um outro que se faz como nada. Sua perda não é sentida, não por ser um sujeito menor, mas por praticamente não ser sujeito. Eram corpos que cercavam e, no limite, precisavam ser separados, precisavam ser vigiados e precisavam existir para manter estável a criação do inimigo a ser conquistado.

Martírio e fim – Achille Mbembe

O mundo externo impede a realização de uma vida já entendida como mítica, enquanto o mundo interno permite a acumulação de forças para a produção de uma nova moral. Desta forma, o martírio e o suicídio acontecem como medidas de existência: a existência acontece no momento de morte, de aproximação sagrada de Deus (ou do absoluto).

O corpo em Michel Foucault – DROPS #25

Eleições, resultados e o corpo político. Youtube do Colunas Tortas, 2022. Disponível em <<https://youtu.be/3LgKJdnyugI>>. Acesso em 05 out 2022. O corpo em Michel Foucault Me parece que há uma relação direta da noção de corpo em Michel Foucault com política, uma relação refinada, uma relação que se difere da maneira como entendemos o corpo sendo…