A grande internação – Michel Foucault

A pobreza foi o primeiro alvo formal das casas de internação, uma multiplicidade disforme foi seu habitante de fato: após o esvaziamento dos leprosários, o espaço vazio foi preenchido por uma massa confusa. Um novo gesto organiza uma nova sensibilidade à miséria e à assistência aos pobres, ao mesmo tempo, cria uma espaço que será preenchido pela confusa massa de desatinados, de infelizes percebido sob o signo da loucura durante a Idade Clássica através do nascimento de uma nova razão.

As 4 características do delírio na Idade Clássica – Michel Foucault

A estrutura de percepção do delírio o coloca como elemento que transcende o corpo e atinge a alma, que transcende a observação do corpo e atinge uma estrutura elementar da loucura mas, ao mesmo tempo, é animado pela sua existência. A totalidade do corpo e da alma estão em jogo no discurso delirante.

História da Sexualidade I: A Vontade de Saber, por Michel Foucault

é o primeiro volume do projeto de Michel Foucault em realizar uma arqueologia e uma genealogia da sexualidade. Foi publicado em 1976, sucede Vigiar e Punir e antecede o segundo volume da mesma obra chamado O uso dos prazeres. Vinicius SiqueiraInstagram: @viniciussiqueiract Vinicius Siqueira de Lima é mestre e doutorando pelo PPG em Educação e…

As quimeras da loucura – Michel Foucault

Entende-se o delírio como momento para a expressão da verdade última da loucura, enquanto linguagem delirante que, num salto irônico, tem base na própria linguagem da razão. Convive com a linguagem da razão, pois é como que o espaço delimitado e excluído por ela: a linguagem delirante trabalha com a lógica irredutível e rigorosa da razão, mas através de um fio condutor ilusório.

Antes da loucura, a pobreza – Michel Foucault

O internamento passa a ser a ordem perante a pobreza, já dessacralizada e assistida por instituições seculares. O miserável submisso saberá que o internamento é o melhor para sua vida, será internado de bom grado; o miserável insubmisso, justamente por sua insubmissão, merece o internamento e, mesmo o recusando, deverá ser internado.

A loucura em John Locke – DROPS #7

Abaixo, excertos relacionados à loucura e retirados do Ensaio acerca do entendimento humano* de John Locke, publicado originalmente em 1689. Para recolhê-los, foram utilizadas as palavras-chave “louc” (para cobrir “louco”, “loucura”, “louca”), “idiot” (para cobrir “idiota”, “idiotia”), “imbec” (para cobrir “imbecil”, “imbecilidade”) e, por fim, “estup” (para cobrir “estúpido”, “estupidez”). Não foram encontrados registros de…

A loucura enquanto recusa ética – Michel Foucault

A razão, enquanto escolha, é a negação de todo desatino do mundo, ou seja, é a constante afirmação de si num mundo razoável, é o recorrente questionamento acerca da verdade. Ao mesmo tempo, a loucura, enquanto também escolha, se coloca como culpa e primeiro passo da expressão do indivíduo louco no mundo. Escolhe-se pela loucura.

O louco astrólogo – Michel Foucault

A magia não era mais inscrita no conjunto de técnicas e artes que obtêm sucesso na realidade concreta, no entanto, o século XVII ainda não havia a solidificado como compensação imaginária do fracasso em sua apreensão individual. Se a psiquiatria transformou estes signos mágicos e profanadores em inequívoco sinal de doença, por quase dois séculos ao longo de toda Idade Clássica, ainda transitavam em duas possibilidades: da impiedade e da extravagância, entre o profano e o patológico, justamente na posição de desatino.

Poder: Marx contra Foucault – DROPS #5

Segundo a crítica de Armando Boito Jr., a noção de poder em Michel Foucault representaria algo difuso, descentralizado, desmobilizante e desagregador. Difuso na medida em que nega as localizações estratégicas do poder nas relações de classe, descentralizado na medida em que retira o Estado do centro da análise também retirando o poder de sua centralidade institucional, desmobilizante na medida em que seria fundamento para movimentos que não se centram na conquista do poder de Estado e desagregador na medida em que prejudicaria uma noção coletiva de classe, afunilando as lutas sociais para pautas particularistas.

O aparelho ideológico religioso – Louis Althusser

É possível compreender que o aparelho ideológico religioso não se resume à instituição religiosa, mas compreende uma realidade de relações que reproduzem as relações de produção da formação social vigente a partir da(s) ideologia(s) religiosa(s) existentes. Como qualquer aparelho e principalmente os aparelhos ideológicos, há luta e há possibilidade de transformação sendo que, talvez, a teologia da libertação possa ser localizada num polo de contracorrente nas lutas presentes no aparelho religioso.