Não se entra de qualquer maneira – Michel Foucault

O quinto princípio da heterotopologia preconiza o olhar sobre os sistemas de entrada e saída das heterotopias. Desta forma, as heterotopias são espaços cuja entrada pede um certo ritual de purificação, de higienização ou, grosso modo, de adequação. Tal ritual se refere tanto ao espaço como ao sujeito, que passa a ter regras de conduta específicas a serem observadas nestes lugares.

São espaços que funcionam de maneira diferente – Michel Foucault

As heterotopias não são estrutura fixas e, sendo contraespaços, também assumem novas formas nos mesmos lugares físicos ou através dos mesmos rituais que, ao longo do tempo ou de lugar em lugar, tendem a se modificar simbolicamente e concretamente. São espaços que morrem e nascem a depender das condições entre relações de poder e tipos de saber de um dado período num espaço determinado.

Episteme – Michel Foucault

Não se trata de uma estrutura metafísica, ou de um sistema, mas de um conjunto que se refere aos saberes em sua condição de existência. Um arranjo específico de relações históricas que possibilitam a emergência de discursos científicos interligados seja por proximidade ou por distância, seja por harmonia ou por conflitos.

Estratégia sem estrategista – Michel Foucault

O poder é relacional, é constituído por relações de força e, através delas, ele se arranja em suas formas históricas. Como a observação das relações de poder é uma observação sobre seu funcionamento, seu resultado é uma estratégia sem estrategista: um conjunto de relações de poder que, em sua combinação, resultam em táticas e estratégias possíveis ao exercício do poder.

A loucura em David Hume – DROPS #27

Abaixo, excertos relacionados à loucura e retirados de Uma investigação acerca do entendimento humano* de David Hume, publicado originalmente em 1748. Para recolhê-los, foram utilizadas as palavras-chave “louc” (para cobrir “louco”, “loucura”, “louca”), “idiot” (para cobrir “idiota”, “idiotia”), “imbec” (para cobrir “imbecil”, “imbecilidade”) e, por fim, “estup” (para cobrir “estúpido”, “estupidez”). Não foram encontrados registros…

O Outro e o eu na análise do discurso, por Sírio Possenti – DROPS #23

POSSENTI, Sírio. O “Eu” no discurso do “Outro” ou a subjetividade mostrada. Alfa, São Paulo, 39: 45-55, 1995. Disponível em <<researchgate.net>>. Parece que se pode dizer que tais análises mostram claramente, em relação ao sujeito do discurso, que, de duas uma: ou ele não está sozinho, ou não executa seu papel uniformemente. Em qualquer dos…

A política e o político, por Chantal Mouffe – DROPS #22

MOUFFE, Chantal. Sobre o Político. 1. ed. Tradução de Fernando Santos. São Paulo: Martins Fontes, 2015.  [O princípio] mais importante refere-se à distinção que pretendo fazer entre a “política” e “o político”. Na verdade, na linguagem corrente não é muito comum se falar sobre “o político”; penso, porém, que essa distinção abre novos e importantes…

O interdiscurso – Dominique Maingueneau

O interdiscurso aparece como exterior específico de uma FD que, nesta relação de exterior interiorizado e depois expresso discursivamente, se faz como parte integrante do entendimento da formação discursiva. Dominique Maingueneau reafirma o primado do interdiscurso a partir do entendimento de que há o Outro, parte integrante do caráter dialógico de todo enunciado do discurso, que se faz enquanto resposta a algo dito alhures.

A insurreição de saberes em Michel Foucault – DROPS #14

FOUCAULT, Michel. Genealogia e poder IN Microfísica do Poder. Roberto Machado (Org). Por saber dominado, entendo duas coisas: por um lado, os conteúdos históricos que foram sepultados, mascarados em coerências funcionais ou em sistematizações formais. Concretamente: não foi uma semiologia da vida asilar, nem uma sociologia da delinqüência, mas simplesmente o aparecimento de conteúdos históricos…