O campo é o novo nómos biopolítico da vida contemporânea. É um elemento estrutural da gestão biopolítica. É o lugar em que a exceção do nascimento, do ordenameto e do território se complementam, gerando uma vida nua passivel de qualquer tipo de transgressão por parte do Estado.
Categoria: Giorgio Agamben
Biografia de Giorgio Agamben
Giorgio Agamben (n. 1942) é uma das principais figuras da filosofia e da teoria política. Suas leituras únicas de literatura, teoria literária, filosofia continental, pensamento político, estudos religiosos e arte fizeram dele um dos pensadores mais inovadores do nosso tempo.
Agamben formou-se em direito e filosofia na Universidade de Roma, onde escreveu uma tese de doutorado inédita sobre o pensamento político de Simone Weil. Como pós-doutorado em Freiburg (1966-1968), participou dos seminários de Martin Heidegger sobre Hegel e Heráclito e mais tarde foi bolsista do Warburg Institute, Universidade de Londres, de 1974 a 1975. Agamben começou então a lecionar e – mais o curso das próximas quatro décadas – ministrado na Universidade de Macerata, na Universidade de Verona, no Collège Internationale de Paris, na Università della Svizzera Italiana, na Università Iuav di Venezia, na New School em Nova York e na European Graduate School / EGS, onde ocupa a Cátedra Baruch Spinoza.
Pensamento de Giorgio Agamben
Embora a tese de doutorado de Agamben tenha se concentrado na obra de Simone Weil, sua maior influência é provavelmente Walter Benjamin. Grande parte do seu trabalho é um envolvimento elaborado e recursivo com as questões introduzidas na filosofia ocidental pelo enigmático trabalho de Benjamin. Embora este retorno contínuo às teses de Benjamin sustente o seu trabalho, as raízes e influências de Agamben são amplas e incluem muitas figuras canónicas da filosofia ocidental. Na verdade, a sua dívida e envolvimento com Aristóteles, Heidegger, Michel Foucault, GWF Hegel, Carl Schmitt e Sigmund Freud, entre outros, são claros e profundos. Além desta herança filosófica, Agamben envolveu-se criticamente com textos religiosos e jurídicos, desde a Torá até ao direito grego e romano, bem como com algumas das mais importantes figuras literárias e poetas da cultura ocidental, incluindo Friedrich Hölderlin, Franz Kafka, Fernando Pessoa, Dante Alighieri e Giorgio Caproni. A amplitude de sua erudição, em sintonia com a precisão crítica de suas leituras e interpretações, contribui para a densidade desafiadora de sua obra.
É impossível resumir a obra de Agamben numa breve biografia. Contudo, podemos considerar os contornos de um foco pequeno, mas significativo, ao longo de sua obra. Desde a década de 1980, grande parte da obra do filósofo pode ser lida como um movimento em direção ao projeto Homo Sacer, que começa com o livro Homo Sacer: Poder Soberano e Vida Nua (1995). O trabalho retoma e desenvolve questões levantadas por vários teóricos do século XX, principalmente Michel Foucault. Em resumo, o projeto é uma resposta às questões que envolvem o totalitarismo e a biopolítica.
Obras de Giorgio Agamben
Até o momento, existem quatro volumes do Homo Sacer:
- Homo Sacer: Poder Soberano e Vida Nua (1995);
- Estado de Exceção – Homo Sacer II. (2003);
- O Reino e a Glória: Por uma Genealogia Teológica da Economia e Governo – Homo Sacer II. (2007);
- O Sacramento da Linguagem: Uma Arqueologia do Juramento – Homo Sacer II. (2008);
- Opus Dei: Uma Arqueologia do Dever – Homo Sacer II. (2013);
- Remanescentes de Auschwitz: A Testemunha e o Arquivo, Homo Sacer III (1998);
- e A Mais Alta Pobreza: Regras Monásticas e Formas de Vida – Homo Sacer IV. (2013).
Fonte: perfil do autor no site da European Graduate School.
Conheça mais sobre o pensamento de Giorgio Agamben! Leia nossos artigos listados abaixo!
O povo – Giorgio Agamben
Giorgio Agamben aprofunda a análise foucaultiana acerca do povo, a inserindo num contexto de crítica ao estado de exceção e à própria possibilidade de gerá-lo através da prática da soberania. O povo, na análise do filósofo italiano, ocupa um espaço específico na constituição da esfera política ocidental: é um subconjunto que não pode ser incluído no conjunto em que já pertence e, ao mesmo tempo, não pode pertencer ao conjunto em que está indissociavelmente incluído.
Força-de-lei e estado de exceção – Giorgio Agamben
A foça-de-lei é o aspecto mais importante do estado de exceção que, ao aplicar a norma a desaplicando, torna aquilo que não é lei constituído de força-de-lei, gerando um espaço de anomia para justamente permitir a existência de uma ordem jurídica estável posterior que o pressupõe.
O estado de exceção – Giorgio Agamben
O estado de exceção é um dispositivo de estabelecimento do espaço em que o homo sacer tem seu lugar. Este, por sua vez, é o status do abandono. A exceção, assim, é um vazio que preenche a necessidade estrutural da lei de se ausentar em favor de si própria e da manutenção das condições de sua existência.
O contemporâneo é uma relação singular com o tempo, por Giorgio Agamben – DROPS #66
AGAMBEN, Giorgio. O que é contemporâneo? E outros ensaios. Editora Argos: Chapecó, 2009, p. 57-62. A pergunta que gostaria de escrever no limiar deste seminário é: “De quem e do que somos contemporâneos? E, antes de tudo, o que significa ser contemporâneo?”. No curso do seminário deveremos ler textos cujos autores de nós distam muitos…
Soberania de Estado – Zygmunt Bauman
A estrutura concreta de instituições para estabelecer uma linha que separa os excluídos e os potenciais incluídos é fabricada pelo Estado, mas o interesse que determina o critério da inclusão é justamente econômico, mais especificamente, é baseado na existência e saúde de um mercado de consumidores.
A exceção soberana – Giorgio Agamben
A exceção soberana não é, necessariamente, um espaço geográfico definido, nem mesmo é uma criação opcional da soberania. A exceção é a essência da soberania, é seu efeito real e um sujeito perante a soberania está implicado em sua existência através de um movimento duplo de exclusão e inclusão.
O corpo soberano e o corpo sacro – Giorgio Agamben
Para Giorgio Agamben, há uma divisão no corpo do soberano, sendo um corpo com duas vidas mutuamente ligadas por ele: uma vida natural e uma vida sacra. O autor descreve essa característica do corpo soberano por meio da análise de sepultamentos de imperadores, pela morte de monarcas e pela noção do devoto sobrevivente enquanto sujeito entregue aos deuses mas que não foi morto no campo da batalha.
O poder soberano e o poder do pai – Giorgio Agamben
Para Agamben, o vínculo soberano é originário na constituição da política e se assemelha com o poder do pai no antigo direito romano. Ao estabelecer esta ligação originária, assim como o pai, produz uma vida nua, uma existência particular em que o pai, assim como o magistrado no direito romano, agirá como soberano frente ao filho, no primeiro caso, ou aos cidadãos, no segundo caso. Esta vinculação soberana cria um espaço entre a casa e a cidade de pura insegurança e abandono, despindo o sujeito de qualquer dignidade da vida a não ser que esteja inserido, através dessa exclusão, na política.
Homo sacer – Giorgio Agamben
A sacralidade aparece como a implicação da vida nua, da vida do homo sacer, na ordem jurídico-política. O termo homo sacer é justamente a emergência da relação política originária que é incluída através da exclusão nesta ordem. A vida só é sacra quando presa à exceção soberana, ou seja, quando inserida no contexto político-jurídico de exceção, de inclusão neste contexto através da exclusão de suas possiblidades de assujeitamento pela esfera da política e do direito.