O surrealismo é um movimento artístico?
Sem dúvida, no entanto, como todo movimento artístico modernista, tem características que extrapolam a mera forma. O conteúdo surreal é feito por Freud, seu conceito de inconsciente e – embora ninguém saiba – do marxismo [1].
Breton – líder do movimento na França – escreveu dois manifestos surrealistas: o primeiro versava sobre as bases do movimento na psicanálise freudiana; já o segundo, firmava os dois pés dos artistas no marxismo. Inclusive, este é um dos motivos para a expulsão de Dalí, próximo ao regime fascista de Franco, na Espanha [2].
Lowy extrai da história do surrealismo uma narrativa revolucionária, que mostra a luta do movimento em tornar o mundo o inverso do que era, de se unir a outros movimentos revolucionários e traçar uma política rígida entre seus membros.
Para os surrealistas, era necessário traçar uma nova mitologia, que conseguisse abrir espaço para a criação de um mundo novo. A nova mitologia deveria comportar a poesia, a arte e a política: o próprio surrealista se colocava neste papel.
A aproximação com o trotskysmo foi fruto das desavenças com o Partido Comunista Francês, de linha stalinista. Breton, que chegou a visitar Trotsky em sua casa no México, queria liberdade artística acima de tudo – influência do movimento anarquista, de onde os artistas nunca se retiraram completamente.
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Referências
[1] Surrealismo: características da imaginação. Colunas Tortas, acessado em 15/01/2016. Voltar ao texto.
[2] Quando Salvador Dalí foi expulso do movimento surrealista. Colunas Tortas, acessado em 15/01/2016. Voltar ao texto.
Instagram: @viniciussiqueiract
Vinicius Siqueira de Lima é mestre e doutorando pelo PPG em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da UNIFESP. Pós-graduado em sociopsicologia pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo e editor do Colunas Tortas.
Atualmente, com interesse em estudos sobre a necropolítica e Achille Mbembe.
Autor dos e-books:
Fascismo: uma introdução ao que queremos evitar;
Análise do Discurso: Conceitos Fundamentais de Michel Pêcheux;
Foucault e a Arqueologia;
Modernidade Líquida e Zygmunt Bauman.
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