Esta é uma biblioteca de artigos da seção de sugestão cultural do Colunas Tortas.
Índice
Introdução
Louis Althusser foi um filósofo marxista estruturalista franco-argelino da segunda metade do século XX. Teve grande relevância no desenvolvimento da teoria do Estado marxista a partir de seu ensaio Ideologia e aparelhos ideológicos de Estado.
Também foi diretor de estudos na École Normale Supérieure (ENS) em Paris e teve como aluno Michel Foucault, de quem encomendou o livro Doença Mental e Psicologia.
Abaixo, indicamos 20 artigos sobre sua obra ou que utilizam sua obra para reflexões diversas. A publicação está dividida entre artigos sobre 1) educação, 2) psicanálise e 3) teoria marxista.
Althusser e a educação
- A escola e as identidades dos alunos do campo: um estudo a partir de Bourdieu e Althusser – Eline Gomes de Oliveira Zioli, Elisa Yoshie IchikawaResumo: O objetivo deste estudo é interpretar a reconstrução das identidades dos alunos do Colégio Estadual do Campo (CEC) Adélia Rossi Arnaldi, de Paranavaí-PR, oriundos do meio rural, diante das diversas socializações a que foram submetidos. O aporte teórico foi realizado a partir das contribuições de Pierre Bourdieu (1930-2002) dos conceitos de habitus, campo e da reprodução das condições sociais, e o entendimento de ideologia segundo Louis Althusser (1918-1990). Utilizamos nesta pesquisa depoimentos coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e de narrativa, submetidas à análise do discurso de Michel Pêcheux (1938-1983). Constatamos neste estudo que a escola, mesmo sendo constituída como do campo, impõe aos alunos práticas carregadas de ideologia urbana, que são assimiladas por eles e reconstroem as identidades no convívio em família no espaço rural.
- Contribuições de Althusser e Foucault para os estudos sobre militarização de escolas públicas no Brasil – Alexandre Marinho PimentaResumo: Diante do contexto atual de militarização de escolas públicas no Brasil, o artigo revisa a teoria dos Aparelhos Ideológicos de Estado de Louis Althusser e a teoria do poder disciplinar de Michel Foucault. Indica que a utilização heurística e articulada de tais autores possibilita construir os fundamentos de uma dimensão repressivo-disciplinar da educação no capitalismo. Diante de tais diretrizes analíticas, espera-se contribuir ao estudo das práticas repressivas na/da educação e das dinâmicas de dominação política, reforçadas e rearticuladas em escolas que adotam o modelo militarizado.
- Produtivismo acadêmico: representação da universidade como espaço de reprodução social – Josimar de Aparecido Vieira, Ana Sara Castaman, Mario Luiz Junges JúniorResumo: Partindo do pressuposto de que as relações produtivistas encontram respaldo no padrão de produção da sociedade capitalista, este artigo vem com o intuito de contribuir para o entendimento da educação universitária como espaço de reprodução das formações sociais dominantes. Para tanto, foi produzido por meio da pesquisa bibliográfica concentrada em obras de autores como Althusser (1970), Bourdieu e Passeron (1992), Bianchetti e Machado (2009), Sguissardi e Silva Júnior (2009), Sguissardi (2010), Durkheim (2011), Saviani (2012), Bianchetti e Valle (2014), Patrus, Dantas e Shigaki (2015) e Guill, Zanferrari e Almeida (2017), entre outros. Tal modo de abordagem se assenta como pesquisa exploratória e descritiva e foi desenvolvido seguindo abordagem qualitativa e dialética, seguindo os movimentos e contradições próprios dos espaços educativos. Como organização, o trabalho encontra-se estruturado de modo que apresenta as construções teóricas que evidenciam a educação escolar como espaço de reprodução e de manutenção da estrutura social dominante; as relações de produção existentes nas universidades e a questão do produtivismo acadêmico e a universidade como um espaço de reprodução da ideologia dominante. Esses pontos, apresentados de forma interligada e interdependente, indicam que o entendimento da escola como Aparelho Ideológico de Estado fornece subsídios para o reconhecimento da realidade das universidades e seu acercamento com a formulação de produtivismo acadêmico, levando à compreensão da universidade enquanto ambiente de reprodução social.
- Educação e reprodução: a escola com aparelho ideológico do estado na obra de Louis Althusser (1918-1990) – Rodrigo Pinto de Andrade, Rogerio de Almeida de SouzaResumo: Este artigo analisa a relação entre educação e reprodução, com uma particular ênfase sobre concepção de escola como aparelho ideológico do Estado apresentada na obra de Louis Althusser. O referido autor relaciona as ações da escola às estruturas sociais nas quais está inserida e apresenta uma perspectiva crítica sobre o papel da escola na sociedade capitalista. Na esteira da tradição marxistas, a obra de Althusser propõe a congruência entre a Sociedade Civil e o Estado. Nesta perspectiva, o aparelho do Estado serve aos interesses da classe hegemônica. Entretanto, o autor não decreta a falência da escola. A partir do referencial teórico do materialismo histórico, Althusser apresenta uma leitura crítica acerca da escola, como instituição socioeducativa. Trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, que privilegia a análise dos textos de Althusser, bem como, as contribuições de autores que discutem a temática proposta.
- Ideologia e educação na perspectiva de Louis Althusser – Debora Klippel Fofano, Hildemar Luiz RechResumo: Abordar a ideologia exige a capacidade de adentrar diferentes perspectivas contemporâneas dessa temática, visto que este fenômeno adquire configurações crescentemente mais complexas atualmente. Escolhemos o filósofo esloveno Slavoj Žižek como articulador da miríade de conceitos sobre a ideologia e, tomamos por fundamento a teoria de Althusser e seus conceitos de Ideologia e Aparelhos Ideológicos de Estado. Ao tensionar reflexivamente os conceitos visualizamos como a ideologia atua, quais seus elementos fulcrais. Para tanto, dentro da tradição filosófica, aproximamos a perspectiva do aparelho de Althusser, aos conceitos de positividade de Hegel, dispositivo de Foucault e Agamben e “grande Outro” de Lacan, como mecanismos de controle e alienação do sujeito. Desse modo, compreenderemos melhor a crítica ao “Aparelho Ideológico Escolar” e seus desdobramentos no que diz respeito à educação brasileira. Nesse sentindo, percebemos também os limites do pensamento de Althusser, no que se refere ao processo de subjetivação e dessubjetivação, e de como o processo de educação é atravessado por variados fenômenos e acontecimentos, uma vez que pode estar em permanente transformação, pois nunca é completo, como o sujeito também nunca é.
- A educação personalista e a transformação da sociedade: contribuições de Louis Althusser e Emmanuel Mounier – Antonio Glauton Varela RochaResumo: Este artigo apresenta a proposta de Emmanuel Mounier e a crítica de Louis Althusser em relação à educação capitalista e articula um contato entre essas duas posições. Não é um contato que tem como objetivo um consenso entre os dois autores, mas que procura apontar como podemos aliar a consciência do perigo de alienação na educação com a esperança que a educação pode representar se for desenvolvida com os devidos cuidados (para evitar o perigo citado) e tendo em vista uma concepção integral da pessoa, o que se alcança se a educação é entendida não só como instrução, mas também como formação. Com este enfoque é possível que a pessoa cresça não apenas numa instrução para a profissão, mas numa formação para a liberdade.
Louis Althusser e a Psicanálise
- Sociedade e ideologia a partir de lacan e althusser: uma proposta de psicologia crítica – Edgar Miguel Juárez-SalazarResumo: Este artigo procura primeiro questionar a teoria de Lacan sobre a sociedade como significante e como estrutura significante para, depois, encontrar pontos de ancoragem na noção de ideologia levantada por Louis Althusser e, de tal maneira, tentar elucidar ambas as ideias como uma forma de crítica às questões de ordem social e da ideologia dominante. Ambos os conceitos desempenham um papel de amálgama dentro dos marcos simbólicos e imaginários que, sem dúvida, influenciam nas práticas cotidianas e comuns de indivíduos dentro de um ambiente social. A situação entre a proposta de Althusser e Lacan, então, sugere uma busca a introdução de novos conceitos de resistência crítica além das posições clínicas de Lacan e em relação às propostas marxistas de Althusser.
Sujeito, alienação e desconhecimento. Sobre Lacan e o jovem Marx – Joel Birman
Resumo: A intenção deste ensaio é a de esboçar a presença de marcas cruciais da filosofia de Marx no discurso teórico de Lacan. Para isso, o autor se voltou para a leitura do percurso inicial de Lacan, para colocar em evidência a incidência do discurso filosófico do jovem Marx no discurso de Lacan.
- Sobre o sujeito e a língua em alguns textos e conceitos fundadores de m. Pêcheux: uma retomada em Althusser e Lacan – Bethania MarianiResumo: Leitura e escrita têm a ver com o sujeito e com língua materna, esse é um lugar comum que sabemos bem. Entretanto, é necessário produzir um estranhamento no campo que essa afirmativa abrange, se quisermos evitar uma repetição que os estudos lingüísticos e a pedagógicos engendraram com seus métodos de ensino e técnicas de avaliação. Assim pensando, entendo que precisamos estranhar as teorias com as quais lidamos e, ao mesmo tempo, precisamos tematizar leituras e escritas que constituem o próprio percurso de uma teoria para não cairmos no automatismo de uma repetição sem memória. No caso da Análise do Discurso, esse estranhamento é possível, quando reterritorializamos os conceitos de sujeito e de língua materna com base em dois campos teóricos, sem os quais a Análise do Discurso, tal como a concebemos, não poderia provocar seus efeitos: o Materialismo Histórico e a Psicanálise.
- Leitura sintomal: aproximações entre psicanálise e materialismo histórico dialético em Althusser – Samuel Santos da Rosa, Marta D’AgordResumo: Este trabalho tem por objetivo investigar a questão do paralelo entre psicanálise e materialismo histórico dialético na obra do filósofo francês Louis Althusser (1918-1990). A partir da concepção de corte ou ruptura epistemológica, Althusser mostra a ruptura com a Economia política clássica em Marx e a ruptura com a Psicologia pela Psicanálise. Segundo essa leitura, Marx desvelou o sintoma como o que desmentia um pretendido universalismo, assim como Freud escutou a mensagem inconsciente cifrada nos sintomas histéricos. Como resultado de nossa investigação, concluímos que o projeto althusseriano considera a Psicanálise e a Crítica econômica de Marx como permanentemente “ciências conflituosas”. Em nossa avaliação, podemos ler ambas as ciências como projetos abertos em permanente produção.
- A interpelação ideológica: a entrada em cena da outra cena – Paulo SilveiraResumo: O tema deste ensaio é a ideologia. Acompanho a proposição de Althusser, que mostrou a existência de um vínculo inextricável entre a ideologia e o inconsciente. Esse elo apertado implicou uma torção em aspectos fundamentais da noção de ideologia, tal como fora elaborada em A ideologia alemã. Ao trazer para o exame da noção de ideologia essa “outra cena”, a do inconsciente, ela foi confrontada com a proposição de Lacan, que atribui à psicanálise um estatuto ético. Procuro, então, estabelecer uma relação entre a ideologia e a ética, para mostrar que a ideologia se situa exatamente no avesso da ética. Esta proposição nem de longe equivale à defesa, digamos, da psicanálise contra o marxismo. Considero que, tomadas em conjunto, em bloco, isto é, como sistema, ambas são ideológicas, o que não lhes retira o mérito da produção de algumas notáveis contribuições teóricas pontuais. Essa dupla entrada da crítica ideológica revela a possibilidade de o inconsciente carregar “a peste”, o que parece sempre melhor do que virar um xaropinho! Por fim, procuro mostrar os modos da operação da captura ideológica, especialmente, na conjunção do “supereu”/“ideal do eu” e do amor ao Outro, ao grande Outro, o que nada tem a ver com a sedução pelas ideias ou pelos conteúdos ideológicos.
Teoria marxista althusseriana
- A Figura do Indivíduo na Teoria Althusseriana – Jair PinheiroResumo: Este artigo desenvolve uma reflexão sobre a figura do indivíduo na teoria althusseriana tomando como referência a própria lacuna identificada por Althusser no materialismo histórico, que é a falta de uma teoria da individualidade. A primeira seção é dedicada a explorar as referências à figura do indivíduo nas obras de maturidade de Marx e, a segunda, a estabelecer uma conexão entre tais referências e as indicações de Althusser úteis ao desenvolvimento da questão proposta.
- A dupla superação do “Sujeito” pela crítica marxista da economia política – Lucas Trindade da Silva, Edemilson Paraná, Alexandre Marinho PimentaResumo: Uma das principais polêmicas que atravessam o marxismo se dá em torno de sua posição frente à filosofia da consciência moderna e à soberania do sujeito. Neste artigo, defenderemos a crítica da economia política como superação do “Sujeito” – do conhecimento e imanente à história – embasando-nos no corte epistemológico realizado pelo Marx “tardio” e nas suas proposições anti-humanistas, ponto destacado e desenvolvido pela linhagem althusseriana. Num primeiro momento, esboçamos uma análise do problema do sujeito no pensamento moderno, e de como o jovem Marx se manteve nas problemáticas de sua época. Depois, avançamos na análise do corte epistemológico, suas características e efeitos teóricos e políticos. As concepções de causalidade estrutural ausente e de estrutura relacional serão fundamentais neste exercício. Por fim, constata-se a profunda desigualdade teórica entre o humanismo, enquanto defesa da imanência do sujeito, e o marxismo, enquanto ciência e prática política.
- A Causalidade Estrutural em Althusser – Vittorio MorfinoResumo: Althusser afirma que “a imensa revolução teórica de Marx” é o conceito de causalidade estrutural. Apesar de Marx tê-lo apenas esboçado por meio de uma série de termos como Verbindung, Gliederung ou Dasrtellung, este conceito ocupa, segundo Althusser, o cerne de Ler Le Capital. O objetivo deste artigo é mostrar que a interpretação althusseriana de Marx está fundamentada em uma concepção de causalidade cuja estrutura filosófica depende de três diferentes teses: a constitutividade de relações, a contingência das relações e a temporalidade plural.
- A categoria de trabalho em Marx segundo Louis Althusser – Rodrigo Moreira VieiraResumo: Este artigo tem como objeto central organizar a interpretação de Althusser sobre a categoria trabalho de Marx e sua contraposição à interpretação teórica “humanista”, que considera presente no pensamento de “juventude” de Marx.
- Sobre os silêncios de Carlos Nelson Coutinho: uma defesa de Althusser – João Pedro de Souza Barros Santoro LuquesResumo: Procura-se neste artigo realizar uma defesa da obra de Louis Althusser contra as críticas feitas por Carlos Nelson Coutinho em “Estruturalismo e Miséria da Razão”. Para isso, exploramos um duplo silêncio de Coutinho: um silêncio no que tange ao contexto político da produção althusseriana (estalinismo; XX Congresso do PCUS; críticas chinesas à URSS), bem como um silêncio sobre seu contexto teórico (influências da epistemologia de Bachelard e Canguilhem; da psicanálise etc.). Desta forma, procuramos demonstrar que, ignorando o contexto teórico-político em questão, a crítica a Althusser acaba por não ser capaz de atingir o cerne de sua obra tocando apenas em alguns pontos periféricos.
- O primado do encontro sobre a forma – Vittorio MorfinoResumo: O ensaio considera A corrente subterrânea do materialismo do encontro como o mais importante dos escritos de Althusser nos anos oitenta. O risco subjacente a este texto é considerá-lo como uma afastamento do poderoso racionalismo dos escritos dos anos sessenta em unia filosofia do evento, do acaso, ou, ainda pior, da liberdade. Assim, o desafio está não tanto em negar as ambigüidades em que tais interpretações se baseiam, como em reconhecê-las e trazê-las à luz, procurando resolvê-las por meio de um corte teórico que possibilita colocar no centro do texto de Althusser uma tese não escrita e que, contudo, representa sua pedra de toque: a tese da primazia do encontro sobre a forma. Daí brota uma questão fundamental, que diz respeito à ligação entre tal tese e o relato da primazia da relação sobre os elementos, na qual Althusser insistiu em seus textos dos anos sessenta e setenta.
- Althusser e o materialismo do encontro: continuidade, complementaridade ou ruptura? – Cesar MangolinResumo: O texto pretende discutir brevemente a relação – de continuidade, complementaridade ou ruptura – existente entre a obra de Althusser antes e depois do desenvolvimento do materialismo aleatório ou materialismo do encontro. Para tanto, tomamos dois exemplos que sugerem as duas primeiras posições para, em seguida, argumentar em favor da perspectiva de ruptura entre uma e outra fase.
- A favor de Althusser: revolução e ruptura na teoria marxista – Danilo Enrico MartuscelliResumo: A publicação deste livro ocorre numa conjuntura política e teórica de crise no capitalismo e inscreve-se num processo de retomada do interesse pela obra do filósofo marxista Louis Althusser em escala internacional. Quase sempre tachado como estruturalista por supostamente não ter dado atenção à mudança social, a obra de Althusser constitui-se, na verdade, num marco no processo de renovação do marxismo, especialmente por caracterizar o materialismo histórico como uma ciência e por engajar-se na crítica da ideologia humanista (isto é, da ideologia jurídica burguesa), que tem obnubilado a natureza revolucionária dos escritos de maturidade de Marx.
- O (re)começo do marxismo althusseriano – Luiz Eduardo MottaResumo: Esse artigo discute a contribuição de Althusser para a análise de conjuntura política a partir do seu célebre texto Contradição e sobredeterminação, no qual ele define que a pluralidade de contradições, e os seus deslocamentos e fusões proporcionam momentos explosivos (revolucionários) que não podem ser explicados pela ótica monista, i.e., pelo reducionismo econômico, tampouco em decorrência de uma única contradição (relações de produção e forças produtivas). O trabalho mostra a decisiva influência teórica do pensamento de Mao Tsé-Tung para a constituição desse importante conceito para a análise de conjuntura política.
Instagram: @viniciussiqueiract
Vinicius Siqueira de Lima é mestre e doutorando pelo PPG em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da UNIFESP. Pós-graduado em sociopsicologia pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo e editor do Colunas Tortas.
Atualmente, com interesse em estudos sobre a necropolítica e Achille Mbembe.
Autor dos e-books:
Fascismo: uma introdução ao que queremos evitar;
Análise do Discurso: Conceitos Fundamentais de Michel Pêcheux;
Foucault e a Arqueologia;
Modernidade Líquida e Zygmunt Bauman.