10 princípios fundadores da pesquisa participante – Carlos Brandão

Esses dez princípios guiam o entendimento de o que é uma pesquisa participante, em que é fundamentada e quais são seus objetivos no interior de uma comunidade. De certo, a pesquisa participante é aquela em que o protagonista está naqueles que geralmente são fonte de dados: os participantes. Enquanto protagonistas, há uma nova relação que se constrói: em vez de sujeito-objeto, sujeito-sujeito.

Cossujeitos de pesquisa – C. R. Brandão

Para além de uma pesquisa com forte influência da educação popular, é uma pesquisa que envolve uma pedadogia política emancipadora, em que o outro é reconhecido como um sujeito legítimo de participação e, enquanto um outro, é parte do nós, do todo da pesquisa, tomador de decisão e detentor da palavra que fomenta o diálogo.

Prever o prazo de uma pesquisa qualitativa – Teoria Fundamenta nos Dados

O procedimento de amostragem teórica pode levar o pesquisador a realizar diversas entrevistas, por exemplo, que podem gerar mais necessidade de realização de outras entrevistas a partir da emergência de novas categorias. O mesmo vale para uma pesquisa documental. Sendo assim, o planejamento baseado no tempo tende a ser uma tarefa desafiadora que pode ser encarada como um momento de destacar as tarefas esperadas para a realização da pesquisa, mas sempre com margem para a introdução de novas tarefas como coleta de novos dados e análise incessante.

Sulear em vez de Nortear – Marcio Campos

A mudança na linguagem é uma mudança que transforma a própria cognição em relação ao mundo, a própria forma de interpretar a totalidade. Sulear, assim, é destruir o monopólio do Norte em organizar o planeta a partir de seu território. Sulear é a forma como o Sul retoma seu território enquanto território real, autônomo e independente de criação de conhecimento.

O dilema do intelectual negro – Sueli Carneiro

A existência de um dispositivo racial no Brasil formado desde o período colonial produz subjetividades submetidas à relação hierárquica entre classes e produz processos identitários que naturalizam, inconscientemente, a inferioridade de uma raça frente a outra. A participação negra na acadêmia num contexto racista tende a ser um forma de resistência do próprio intelectual quando adequado à norma, mas não surge como solução para os fatores sociais, econômicos, políticos e até mesmo ontológicos que promovem a exclusão negra do trabalho intelectual.

O encobertamento da discriminação social como tática – Sueli Carneiro

Entende-se que o silêncio é uma tática de reprodução das relações de poder e das relações discursivas que garantem a manutenção do dispositivo racial que hierarquiza negros e brancos no Brasil. Entende-se, portanto, que a prática do silêncio cúmplice e do silêncio transitivo é uma maneira de construir subjetividades que normalizam e internalizam as dinâmicas hierárquicas entre raças no Brasil.

Negros não podem ascender socialmente – Sueli Carneiro

Os desenvolvimentos presentes na própria transformação interna do sistema educacional brasileiro e na esfera política nacional não interferem no dispositivo de racialidade na medida em que não visam diretamente alterá-la. O resultado é a mudança nas técnicas de exclusão de pessoas negras do sistema educacional e da educação de qualidade mesmo após os avanços nos últimos séculos.

A educação negada ao negro no período pós-abolição – Sueli Carneiro

Quando as classes altas e médias puderam pagar por escolas privadas que paulatinamente cresciam em número, as escolas de baixa estrutura tendiam a ser destinadas para os alunos pobres e negros. O epistemicídio, assim, acontece na própria exclusão do negro do processo educacional de integração social que tem como consequência um habitus distinto e uma péssima disciplinarização pelos mecanismos que funcionam na esfera do trabalho.

Os jesuítas e o epistemicídio negro no Brasil – Sueli Carneiro

A Companhia de Jesus aplicou no Brasil um humanismo restrito aos sujeitos legitimados enquanto humanos, detentores de alma. Um humanismo restrito àqueles que não eram negros. Uma bondade cristã limitada às determinações históricas e afundada no racismo próprio das nações colonizadoras.