Três características de nossa época – Achille Mbembe

No caminho oposto a uma visão dos efeitos da globalização nas metrópoles e nos locais dominados, Achille Mbembe caracteriza nossa época a partir de um olhar à migração, ao movimento dos corpos entre os territórios nacionais, um olhar à política que é feita sobre os corpos dominados, que os fabrica, a partir de um olhar sobre as condições materiais de realização da política moderna que, em alguns momentos, tende à necropolítica.

O nível do enunciado e o nível da formulação em J.-J. Courtine – DROPS #29

COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. São Paulo: EdUFSCAR, 2009, p. 92-96. Seja (1) um enunciado extraído do corpus da pesquisa: (1) Nossa política em relação aos cristãos não tem absolutamente nada de uma tática de circunstância, é uma política de princípio.

Nanorracismo, por Achille Mbembe – DROPS #28

MBEMBE, Achille. Políticas da inimizade. São Paulo, SP: N-1 edições, 2020, p. 98-101, 105. Mas o que se deve entender por nanorracismo, senão essa forma narcótica do preconceito de cor que se expressa nos gestos aparentemente inócuos do dia a dia, por causa de uma insignificância, uma afirmação aparentemente inconsciente, uma brincadeira, uma alusão ou…

O povo – Michel Foucault

A condução das condutas dos membros do povo constitui o governo sobre a população. A população, por sua vez, é o resultado da filiação (consciente ou não) dos indivíduos aos desígnios do poder que governa. O povo é seu contrário, mas não é o oposto delinquente da população. Não se trata somente disso e essa oposição não é central. O povo é o objeto a ser administrado, gerido pelo Estado a partir de uma ciência própria. O povo é ingênuo e, em sua ingenuidade, pede um pastor que o guie pelo melhor caminho, que evite sofrimento em demasia e, ao mesmo tempo, a selvageria contra alvos não adequados.

A loucura em David Hume – DROPS #27

Abaixo, excertos relacionados à loucura e retirados de Uma investigação acerca do entendimento humano* de David Hume, publicado originalmente em 1748. Para recolhê-los, foram utilizadas as palavras-chave “louc” (para cobrir “louco”, “loucura”, “louca”), “idiot” (para cobrir “idiota”, “idiotia”), “imbec” (para cobrir “imbecil”, “imbecilidade”) e, por fim, “estup” (para cobrir “estúpido”, “estupidez”). Não foram encontrados registros…

O desejo de apartheid – Achille Mbembe

Aquele que se situa do outro lado do muro não é só um outro, mas é um outro que se faz como nada. Sua perda não é sentida, não por ser um sujeito menor, mas por praticamente não ser sujeito. Eram corpos que cercavam e, no limite, precisavam ser separados, precisavam ser vigiados e precisavam existir para manter estável a criação do inimigo a ser conquistado.

Sujeito em análise do discurso, por Jean-Jacques Courtine – DROPS #26

COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. São Paulo: EdUFSCAR, 2009, p. 87-89. Se o sujeito do enunciado não pode ser concebido como idêntico ao autor da formulação é porque o sujeito do enunciado “é uma função vazia podendo ser preenchida por indivíduos até certo ponto indiferentes, ao formularem o…