5 livros de Zygmunt Bauman para você entender o essencial

Zygmunt Bauman foi um sociólogo polonês famoso por interpretar a contemporaneidade a partir de sua ótica da modernidade líquida. Segundo as obras de Zygmunt Bauman, no estágio atual do capitalismo, não há referências seguras para o desenvolvimento da vida: a estrutura econômica é instável, os medos se proliferam e o espaço público deixa de ser ocupado pela população civil, que passa a frequentar somente espaços de consumo.

A liquidez ganha sentido na explicação do autor, pois os líquidos são flexíveis, leves; são caracterizados pelo autor como analogia perfeita à instabilidade que vivemos: a fluidez é sua característica particular, mudam de forma e se adaptam a cada novo ambiente ou nova força que os atinge.


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Bauman não usa a analogia da liquidez para apontar o comportamento ideal de um indivíduo na modernidade líquida, pois sua intenção é mostrar o funcionamento das relações sociais neste estágio do capitalismo. Por exemplo: como o mercado de trabalho está em processo contínuo de desregulamentação (no Brasil, temos a regularização da terceirização para atividades-fim, aprovada em 2017), não há mais garantias materiais e existenciais na vida do trabalhador comum, que não só precisa se acostumar com a instabilidade na esfera do trabalho como é constituído por uma ideologia que o faz até mesmo desejá-la.

A estabilidade de um trabalhador contratado via CLT desaparece e, junto a ela, não há mais ações possíveis de defesa ou avanço nos direitos trabalhistas como greves e protestos, já que um trabalhador terceirizado ou contratado como Pessoa Jurídica não tem nenhuma garantia de continuar em seu emprego após exercer o direito da greve contra seu patrão. A greve se torna uma denúncia contra si próprio, pois, além de não ser amparada legalmente aos trabalhados precarizados, ainda é o sinal de que o trabalhador não se adequou à regra da sociedade do consumo que prescreve o abandono do trabalho que não o satisfaz, em vez da luta por melhores condições.

Sem qualquer defesa jurídica contra o empregador, o trabalhador inserido nesta estrutura instável se vê sem qualquer suporte, o que lhe coloca em uma situação complicada: deve aceitar qualquer tipo de emprego precarizado, já que a precarização na relação entre trabalhador e patrão tende cada vez mais a ser regra. Com isso, não consegue construir um projeto para sua vida, elemento que assegura sua motivação para continuar trabalhando todos os dias. Por sua vez, a instabilidade psicológica causada através do stress, relacionada também com a insegurança no mercado de trabalho, é um dos grandes fatores do crescimento de doenças psicológicas nos últimos anos.

Este é um exemplo da cadeia de acontecimentos que se relacionam na contemporaneidade e são observados através da chave de leitura proposta por Zygmunt Bauman em suas obras. Abaixo, indicaremos cinco livros essenciais para entender o autor e seu pensamento.

Zygmunt Bauman: 5 livros essenciais

Veja abaixo como as obras de Zygmunt Bauman podem te ajudar a entender as relações na contemporaneidade.

Amor Líquido

Amor Líquido, livro de Zygmunt Bauman.
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Ano da primeira publicação: 2003.

Não é surpresa o fato de Amor Líquido ser um de seus livros mais vendidos e comentados no Brasil.

Aqui, Bauman explica que a modernidade líquida é a época da fragilidade da relação entre os afetos, que se torna uma conexão, a nova forma vigente de se relacionar. A vantagem da conexão está na facilidade em desfazer o laço, já que uma pessoa pode se conectar e desconectar de diversas pessoas, as escolhendo e descartando como produtos em uma prateleira (vide o aplicativo Tinder).

Modernidade Líquida

Ano da primeira publicação: 2000.

Modernidade Líquida, por Zygmunt Bauman.
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Sua obra principal na guinada de suas pesquisa no fim de sua vida, Modernidade Líquida reúne conceitos caros para Bauman, como emancipação, tempo, espaço, comunidade e trabalho. É preocupação do autor realizar uma descrição pormenorizada dos diferentes aspectos da vida em sociedade ditos acima.

Esta é a leitura para quem deseja entender como a interpretação “líquida” do autor se derrama por diversas esferas sociais.

Globalização: As Consequências Humanas

Ano da primeira publicação: 1998.

Globalização, as consequências humanas, por Zygmunt Bauman.
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Para Bauman, os principais beneficiados da globalização são as empresas e uma das contradições que nasce da forma global do capital está entre grandes investidores e empregados locais (ou seja, investidores-elite que podem estar em qualquer lugar para exercer seu poder e trabalhadores que não irão sair de suas casas mesmo depois de demitidos).

As elites são detentoras de tecnologias de informação rápidas, assim como trabalhadores, mas aqueles conseguem exercer poder de decisão com mais eficiência que estes: cabe aos investidores decidirem qual será o próximo passo que dará mais lucros para si. Em Globalização: As Consequências Humanas, Bauman produz ácida crítica contra a globalização da maneira excludente que vem sendo praticada.

Vida Para Consumo

Ano da primeira publicação: 2007.

Vida para consumo, de Zygmunt Bauman.
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A satisfação é impossível no mundo do movimento, diz Bauman. Em Vida para Consumo, o sociólogo se foca sobre a constituição do consumidor, sua inquietude face aos objetos de consumo e sua impossibilidade de parar de consumir.

Como os indivíduos se transformaram em mercadorias? Como a sociedade contemporânea tem responsabilidade sobre isso? A mídia, moda e grupos sociais são responsáveis pela transformação –  mas que ao mesmo tempo é aceita – das pessoas em mercadorias.

Num mundo de mercadorias, ser uma mercadoria desejável é o objetivo do indivíduo.

Medo Líquido

Ano da primeira publicação: 2006.

Medo líquido, por Zygmunt Bauman.
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O medo pode ser culturalmente inculcado nos indivíduos, sem que estes nem mesmo tenham passado pela situação de perigo causadora do medo.

A função do medo é aumentar as vendas de aparatos de proteção, diminuir a segurança existencial dos indivíduos e dar forma a um novo mapa mental dos cidadãos a respeito da cidade.

A arquitetura pós-moderna, com seus aparatos antimendigos, é expressão perfeita do medo líquido, do medo ao outro, representado no morador de rua, sempre impertinente, possível assaltante, potencial molestador. Em Medo Líquido, Bauman se esforça para entender o conceito de medo na contemporaneidade.

E-book Modernidade Líquida: Uma Introdução

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