COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. São Paulo: EdUFSCAR, 2009, p. 75-76.
O interdiscurso, enquanto lugar de constituição do pré-construído, fornece os objetos dos quais a enunciação de uma sequência discursiva se apropria, ao mesmo tempo que (ele) atravessa e conecta entre si esses objetos;
O interdiscurso funciona, assim, como um discurso transverso, a partir do qual se realiza a articulação com o que o sujeito enunciador dá coerência “ao fio de seu discurso”: o intradiscurso de uma sequência discursiva aparece nessa perspectiva como um efeito do interdiscurso sobre si próprio. Se o funcionamento do interdiscurso como pré-construído foi estudado essencialmente a partir do encaixe das nominalizações do intradiscurso, seu funcionamento como discurso transverso deu lugar a trabalhos concernentes às orações relativas. O emprego de uma relativa explicativa produz assim, por expressões tais que “como nós dissemos/como cada um sabe, pode-se ver”, uma lembrança lateral do que se sabe por outro lado (um “retorno do saber no pensamento”, nos termos de Pêcheux), produzindo um efeito de apoio correlativo à articulação das orações no intradiscurso.
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É no interdiscurso como lugar de formação dos pré-construídos e de articulação dos enunciados que se constitui o enunciável como exterior ao sujeito de enunciação.
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