O princípio de cooperação – Dominique Maingueneau

Trata-se de um princípio constitutivo para a comunicação verbal, não de uma norma a ser acatada: a cooperação é o princípio que permite a existência e eficiência das normas de fato, na medida que, pelas normas serem explícitas e ordenadas, precisam do reconhecimento mútuo entre enunciador e destinatário, entendimento de que a comunicação é impositiva e a utilização de mensagens verbais à comunicação da norma. Não há norma sem cooperação.

O interdiscurso – Pêcheux, Courtine e Dominique Maingueneau

O interdiscurso aparece como exterior específico de uma FD que, nesta relação de exterior interiorizado e depois expresso discursivamente, se faz como parte integrante do entendimento da formação discursiva. Dominique Maingueneau reafirma o primado do interdiscurso a partir do entendimento de que há o Outro, parte integrante do caráter dialógico de todo enunciado do discurso, que se faz enquanto resposta a algo dito alhures.

O contexto – Dominique Maingueneau

Conclui-se que a elaboração da noção de contexto na análise do discurso de Maingueneau promove um foco na situação, entretanto, a retirando de considerações somente psicológicas: a própria situação atualiza a possibilidade de interpretação dentro do gênero especificado, a partir dos indicadores dêiticos presentes e etc, além de dar sentido ao dito que, por sua vez, quando dito, também atualiza o conjunto de elementos a que chamamos contexto.

A dêixis discursiva – Dominique Maingueneau

Entende-se que a dêixis discursiva é marcada por quatro formas de aparecimento: 1) o locutor, 2) o destinatário discursivo, 3) uma cronologia e 4) uma topografia, que são contrapartida do eu, tu, agora e aqui da dêixis linguística. A identificação da dêixis discursiva é uma maneira de se aproximar da cenografia de uma formação discursiva. Toda dêixis discursiva se refere a uma dêixis fundadora que lhe dá validade.

Os gêneros discursivos – Dominique Maingueneau

Os gêneros do discurso exigem aceitação de suas regras àqueles que participam, entretanto, tal aceitação não acontece num nível instrumental, não precisa ser objeto de um acordo explícito. Este acordo é firmado entre sujeitos que “interpretam” papéis, ou seja, suas práticas verbais não são aleatórias e nem dependentes de todas as determinações possíveis: os papéis são particulares. Por fim, na união entre contrato e papel, o jogo aparece, sendo que, no jogo, as regras estão em prática e aqueles que não a aceitarem, “saem do jogo”.

As 4 formas de consciência da loucura – Michel Foucault

A primeira forma da consciência delimita uma região da linguagem em que se defrontam loucura e razão num movimento de profunda crítica e reversibilidade; a segunda forma retoma velhos rituais de corte social, de purificação social e constrói uma série de normas passíveis de aplicação na realidade social; já a terceira forma não está no nível do conhecimento, mas sim do reconhecimento, da identificação, do sinal, que já traduz a não loucura do sujeito que identifica; por fim, a quarta forma destrói o drama sobre a loucura que poderia ser conjurado pela primeira consciência e, ao mesmo tempo, silencia toda forma de diálogo (justaposto ao silenciamento provocado pela forma consciência prática), pois a loucura já aparece como objeto inerte, desarmado e, de certa forma, débil.

Janta Filosófica #50: Bruna Karla e a homofobia em nome de Deus

Da série “Janta Filosófica“. Na Janta Filosófica #50 falamos sobre a fala homofóbica da cantora gospel Bruna Karla e tentamos destrinchar a lógica presente no discurso preconceituoso. Entendemos que, nesta visão específica reproduzida pela cantora, ao homossexual resta a danação eterna que é, inclusive, mais intensa a cada nova “ajuda” que o cristão oferece ao…

Loucura enquanto ofuscamento – Michel Foucault

Enquanto o homem clássico se encontra sempre no trajeto da verdade que passa profundidade da noite e pela verdade da luz, o desatinado se perde pelas imagens que confundem o dia com a noite. O ofuscamento é forte o bastante para aproximar a loucura do signo da indiferença em relação à realidade.

A loucura em René Descartes – DROPS #12

DESCARTES, René. Meditações. 2º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005 (Clássicos), p. 31-33. Tudo o que recebi até o presente como mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou pelos sentidos; ora, algumas vezes experimentei que tais sentidos eram enganadores, e é de prudência jamais confiar inteiramente naqueles que uma vez nos enganaram. Vinicius SiqueiraInstagram:…

Loucura e o sonho – Michel Foucault

Na loucura, um sonho é afirmado como real e conduz ao erro. O erro está elevado à impossibilidade do acerto, não exatamente à falta de correspondência do que se percebe com a realidade. A loucura, a partir do erro e da imersão no sonho, se faz como nada. Mas em seu estatuto de nada, a loucura paradoxalmente se manifesta na ordem da razão e, assim, é identificada em suas positividades particulares.