Michel Foucault e Michel Pêcheux utilizam a noção de formação discursiva para dar conta de seus desenvolvimentos na análise dos discurso. Para Foucault, trata-se de uma noção que dá conta das contradições internas do próprio discurso, da própria maneira de se ver seus objetos, enquanto Pêcheux trabalha esta noção através dos processos de identificação e assujeitamento, o que prolifera em quantidade a presença das formações discursivas.
Categoria: Michel Pêcheux
Biografia
Michel Pêcheux (1938–1983) foi um filósofo e linguista francês, pioneiro na análise do discurso e criador do grupo de estudos que viria a ser conhecido como a Análise do Discurso Francesa (AD). As informações são do site da Cahiers pour l’Analyse.
Primeiramente, foi estudioso de filosofia alemã, até entrar na École Normale Supérieure, em 1959, e ser aluno de Louis Althusser: Pêcheux considerou que, em sua vida, as aulas atuaram como uma transformação política, já que o fez quebrar suas raízes católicas e sartreanas, o colocando de frente com a interpretação althusseriana de Marx e inserindo a ideologia como problema central de suas pesquisas.
Pouco depois, encontrou Georges Canguilhem, que conduziu seu interesse para a epistemologia e história das ciências. Com a ajuda de Canguilhem, Pêcheux conseguiu um emprego no Laboratoire de la psychologie sociale, de Robert Paige, em outubro de 1966, para realizar uma pesquisa sobre “transmissão de mensagens com conteúdo não usual”.
Após se envolver com a revista Cahiers pour l’Analyse, Michel Pêcheux continuou com sua linha de pesquisa e elaborou um jeito próprio de análise do discurso: mais marxista que a abordagem foucaultiana, o filósofo se utilizou das ideias expostas por Althusser para evidenciar o caráter discursivo e prático da ideologia, isso pode ser visto em Análise Automática do Discurso, de 1969, e Semântica e Discurso: Uma Crítica a Afirmação do Óbvio, publicado originalmente em 1975.
Na década de 80, a análise do discurso já era um campo estabelecido com conceitos e operações próprias e teve grande popularidade nos Estados Unidos da América e Reino Unido.
Infelizmente, a contribuição de Michel Pêcheux ao campo que criou e ajudou a construir foi cessada devido ao seu suicídio em 1983.
Veja abaixo todos os artigo sobre Michel Pêcheux no Colunas Tortas!
Foucault é preferido por 67,5%, Bakhtin e Pêcheux aparecem em seguida
A pesquisa presente neste artigo tem como objetivo elucidar pontos básicos sobre o perfil do estudante de análise do discurso. Apesar de ser feita com uma população de estudantes usuários do site Colunas Tortas, a pesquisa tem sua validade na medida em que o público do site é diretamente aquele a quem a pesquisa se destina: estudantes, em sua maioria, de análise do discurso.
Língua enquanto instituição social – Saussure e a AD
O artigo abaixo visa explicar a teoria de Saussure sobre a língua enquanto instituição social e mostrar as críticas de Michel Pêcheux sobre a interpretação do linguista suíço. Para Pêcheux, a língua enquanto instituição não é capaz de cobrir os elementos extralinguísticos presentes na fala, sendo assim, uma análise do discurso deve observar as condições de produção.
Elementos internos e externos da língua – Saussure e a AD
O artigo abaixo visa mostrar a classificação feita por Saussure entre os fatos correspondentes à linguística da língua e à linguística da fala. Para o autor, somente faz parte da análise da língua aquilo que pode afetar seu sistema interno e todo o restante deve ser eliminado das observações de um cientista da língua. Após os desenvolvimentos sobre a linguística interna e externa de Saussure, é colocado uma aproximação de Pêcheux e da análise do discurso (AD) sobre este tema, demonstrando que parte do nascimento da AD envolve a negação de tal separação proposta pelo autor suíço.
O corte entre língua e fala – Saussure e a AD
O corte entre língua e fala proposto por Saussure estabeleceu um novo tipo de olhar para a linguística, que poderia ser vista a partir de seu funcionamento, não mais de sua função. Pêcheux se insere nesta discussão ressaltando o retorno do sujeito nos escritos de Saussure e inserindo a história na análise da fala.
Memória discursiva – Michel Pêcheux
A memória discursiva é o suporte semântico de um discurso, seu funcionamento se dá através da repetição de enunciados, que forma uma regularidade discursiva. Esta, por sua vez, invoca significados através dos pré-construídos estabelecidos nas séries enunciativas. O exemplo utilizado do discurso religioso na televisão demonstra uma tentativa de ruptura no discurso religioso, retirando seu traço tradicional de resignação e sofrimento.
Acontecimento discursivo – Michel Pêcheux
O acontecimento discursivo entra como conceito-chave na obra de Pêcheux a partir de sua terceira fase. O pioneiro da Análise do Discurso Francesa (AD) criou o conceito para dar conta da variação de sentido alcançada por enunciados após sua prática. Por fim, o exemplo da Marcha das Vadias é utilizado para mostrar a funcionalidade analítica do conceito proposto.
“Não vou pagar o pato”, ou O discurso: estrutura ou acontecimento? – Michel Pêcheux
O slogan “não vou pagar o pato” promovido pela FIESP em favor do golpe de 2016, teve papel importante na concentração de interesses em manifestações pró-impeachment. Com base teórica a Análise do Discurso de linha francesa (AD), tendo como pioneiro Michel Pêcheux, entendemos que este enunciado carrega diferentes posições de sujeito para cada tipo de enunciador, sendo que o sujeito da enunciação legitimado pelas relações não discursivas é o membro da elite empresarial brasileira, representada por Paulo Skaf. Desta forma, colocamos como hipótese que a ilusão da classe trabalhadora (pobres e classe média) em ser representada por este enunciado se dá através dos mecanismos próprios do discurso.
Constructo discursivo e as condições de produção – Michel Pêcheux
O Constructo discursivo abarca o discurso, as formações imaginárias, discursivas e ideológicas de uma dada situação. É um conceito formado por Ana de Godoy e visa compreender o jogo de evidências na comunicação entre dois sujeitos. Abordamos o conceito em sua relação com as condições de produção.
As duas formas da ideologia – Michel Pêcheux
Michel Pêcheux se esforça por elaborar uma teoria do funcionamento da ideologia, a separando em dois compartimentos, um relacionado ao processo produtivo e outro relacionado às relações de produção. Um empírico e o outro especulativo. Aqui, o autor já inicia seu trabalho com as noções que depois viriam a ser parte da Análise do Discurso Francesa e termina por diagnosticar as ciências sociais de seu tempo como ideologias.