História da Sexualidade I: A Vontade de Saber, por Michel Foucault

é o primeiro volume do projeto de Michel Foucault em realizar uma arqueologia e uma genealogia da sexualidade. Foi publicado em 1976, sucede Vigiar e Punir e antecede o segundo volume da mesma obra chamado O uso dos prazeres.


Receba tudo em seu e-mail!

Assine o Colunas Tortas e receba nossas atualizações e nossa newsletter semanal!


Segundo Vania Azeredo[1]:

História da Sexualidade Vontade de Saber

A vontade de saber principia com uma suspeita alusiva à repressão do sexo como expressão de sua história, mas não no sentido de refutá-la ou de falseá-la, mas, justamente, querendo situá-la nos discursos sobre o sexo nas sociedades modernas desde o século XVII de modo a entender o sentido e o valor postulados no devir dele. Recorre, para tanto, ao documento registrado, ou, nas palavras de Nietzsche, ao longo texto difícil de decifrar do passado moral humano. Como decifrador de hieróglifos, Foucault desce as profundezas de cada gestação discursiva visando a mostrar seu processo de surgimento e modificação. Daí ele recorrer a textos de 1769, Élément généraux de Police, de 1854, Pratique des confesseurs de 1857, Étude médico-légale sur les attentas aux moeurs, aos documentos do Concílio de Trento, por exemplo, entre muitos outros. Por que recorremos às referências bibliográficas de Foucault? O que ensejamos com tal procedimento? Ora, mais do que expor as teses foucaultianas sobre a sexualidade, queremos mostrar o nietzschianismo de Foucault presente no seu discurso filosófico desde a e, particularmente, em A vontade de saber. Foucault genealogista prefere, bem como Nietzsche, o cinza, isto é, o documento havido, os registros passados, o longo texto hieroglífico difícil de decifrar do passado moral humano. É neles que vai encontrar o que foi dito sobre o sexo a partir do século XVII e, nesse sentido, proceder à revisão ou à ressignificação da hipótese de repressão.

Segundo Sepulveda[2]:

Foucault está chamando atenção para uma perspectiva de se fazer história e para aquilo que ele considera que deveria ser ultrapassado, ou seja, a história que trabalha com a origem das coisas; e defende uma nova maneira de se fazer história, que é a genealogia. Por isso, propõe a genealogia como método, dado que ela não se faz com a busca de sua origem, mas se detém nas meticulosidades e nos acasos dos começos. Assim, o “[…] genealogista tem necessidade da história para conjurar a ilusão da origem, um pouco como o bom filósofo tem necessidade do médico para conjurar a sombra da alma”. Para o autor, a genealogia não pretende mostrar que o passado está vivo no presente, mas evidenciar que, na raiz do que conhecemos e do que somos, não há absolutamente a verdade e o ser, mas a exterioridade de uma ruptura que faz surgir uma singularidade, que provoca analisar o caráter múltiplo dos acontecimentos.

As resenhas:

Resumo

Livro:História da Sexualidade Vol1: A Vontade do Saber
Publicação:1976;
Autor:Michel Foucault;
Precedido por:Vigiar e Punir (1975);
Seguido por:História da Sexualidade Vol2: O Uso dos Prazeres (1984).

Veja conteúdos capitais para compreender Foucault:

Poder disciplinar em Michel Foucault

Biopoder em Michel Foucault

Discurso em Michel Foucault

Referências

[1] AZEREDO, Vania. A vontade de Saber. Departamento de Filosofia da FFLCH USP. Disponível em<<https://arethusa.fflch.usp.br/node/108>>, Acesso em 27 de maio de 2022.

[2] SEPULVEDA, José Antonio Miranda; SEPULVEDA, Denize. A maneira de fazer história de Michel Foucault: Dialogando com A história da sexualidade 1. Revista Interinstitucional Artes de Educar. Rio de Janeiro, V. 6 N. 3 – pag 970-982 (set – dez 2020).

Deixe sua provocação! Comente aqui!