Machismo, o que é?

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Machismo, o que é?

A primeiro momento, parece ser simples definir o que é o machismo. Diz-se que o machismo é fazer algo, falar algo, agir de dada maneira, que o machismo é, então, um comportamento; ficou comum associar algumas práticas – como o estupro – com uma psicopatologia (ou com uma consequência genética), considerando, então, o estuprador como alguém anormal, com problemas particulares e individuais. Talvez seja necessário abrir o campo de visão sobre o tema.

O assunto é delicado, mas a linha de raciocínio seguida aqui será delicada também: é claro que se pode tomar atitudes e práticas e como machistas, como parte do machismo, mas não parece ser correto tomar o machismo como conjunto de práticas. Parece que, para cada sociedade, para cada grupo social, há determinadas práticas que revelam a relação de dominação das mulheres pelos homens, mas há outras que não. Há algumas práticas que significam e reproduzem esta relação, mas que, quando praticadas por diferentes sujeitos em diferentes ocasiões, conseguem funcionar como denúncia. A ironia sobre uma prática machista é um exemplo.

Mas há algo um pouco mais interessante: designar machismo como algo que se diz ou algo que se faz e fazer deste conjunto de práticas algo irredutível, é transformar o machismo em uma prática individual. É dizer que, para eliminá-lo, é necessário que as pessoas, individualmente, parem de praticar o machismo.

Cultura machista

Pode-se ir além da explicação do machismo enquanto conjunto de práticas? Acredito que sim. Vejamos, se o ser humano é um sujeito cultural, que se comunica por símbolos e somente assim consegue viver uma vida diferente das dos animais restantes e se, após entrar no universo simbólico, após inculcar as estruturas simbólicas, não há mais como retroceder, então, podemos afirmar que nossas relações são e sempre serão mediadas por símbolos – não tocamos o real, mas o simbolizamos para o apreender.

Mas símbolos não tem um significado fixo. Pode-se dizer que um conjunto de práticas só tem significado em dada sociedade a partir da relação que ele tem com as outras práticas, com quem o pratica, com o status de quem pratica, dos locais da prática, com as instituições que validam e prescrevem as práticas e com o sistema simbólico que dá recheio à prática.

Se um símbolo não tem essência, ou seja, se uma prática não significa a mesma coisa em todas as sociedade do mundo, então seu significado depende da história da sociedade em que esta prática está situada. Depende da relação da prática com a cultura e, em particular, depende de como ela será simbolizada naquela sociedade nos diferentes grupos sociais.

Tudo isso é para dizer que, se isso faz sentido, então o machismo está impregnado na cultura. Logo, a cultura é, também, machista. Não se trata de um conjunto de práticas, mas daquilo que dá validade e significação para este conjunto de práticas e para aquilo que, em última instância, define quais práticas estão neste conjunto. Muito além, machismo, ao se situar na estrutura social (ou seja, nas relações que as pessoas tem entre si, as classificando, atribuindo obrigações e privilégios em relação com outras pessoas, isto é, estabelecendo e classificando as atitudes que reproduzem a dominação masculina) também é aquilo que, durante toda a educação, as pessoas inculcam e tomam como base de vida – é o senso comum.

Partindo dos estudos pós-estruturalistas, se pode dizer, então, que o machismo também é aquilo que dá base para nossa visão do mundo. Nossa interpretação da vida em sociedade se dá com operadores lógicos preenchidos por machismo. A nossa estrutura cognitiva é, então, a mesma estrutura social, mas internalizada, inculcada. Isso significa dizer que a maneira como vemos as coisas tem como base nossa cultura e nossa estrutura social machista. Vemos de maneira machista.

A ordem social atua de forma que reafirma os privilégios do gênero masculino sobre o feminino em diversos contextos, e, tanto os homens quanto as mulheres são submetidos a esses regimentos impostos a eles desde seu nascimento. Segundo Bourdieu (2012), dessa forma, os imperativos sociais vão limitando o acesso da mulher ao o que o meio estabelece como próprio do homem. Deste modo, Oliveira e Pedersen (2018) afirmam que a submissão feminina não é inata, desde cedo a mulher é ensinada a obedecer e exercer determinada função social, da mesma forma que um homem não nasce machista, ele é preparado para reafirmar sua masculinidade e seu valor na sociedade. Essas noções, segundo as autoras, são ensinadas, instauradas, e meticulosamente norteadas nas relações sociais.[1]

Se o machismo é visto enquanto parte da cultura, enquanto sistema simbólico que se expressa em práticas e enquanto sistema de disposições, enquanto estrutura cognitiva (a maneira como interpretamos o mundo – mesmo sem perceber -, nossos ‘óculos’ de ver o mundo), isso nunca nos levaria à conclusão de que o machismo é um problema individual e, ao mesmo tempo, refuta a ideia de que determinados atos caracterizados como produtos do machismo (como o estupro ou o feminicídio) são causados por psicopatologias ou causados pela ativação de determinados genes.

Machismo, sociedade patriarcal e ideologia machista

O mais interessante é entender que machismo não vive sozinho. Ao se imbricar com a cultura, ao ser parte do sistema simbólico, se pressupõe que sua ação seja também no âmbito do real. É aqui que vem a noção da sociedade patriarcal. Um patriarcado é uma hierarquia onde o pai/homem tem o poder sobre o restante. Quando se fala de instituições patriarcais, se fala em instituições que foram criadas dentro de uma sociedade de poder concentrado na figura masculina.

Uma sociedade de poder na esfera do masculino, portanto, patriarcal, existe em complementaridade com a cultura machista. Uma gera e reproduz a outra. Mas há um ponto além: há aquilo que faz parecer que a cultura não é uma construção histórica e que, portanto, não pode ser modificada, aquilo que faz parecer que as relações entre homens e mulheres estão da maneira que estão porque é assim que deveriam estar ou que isso não é uma pauta de discussão, mas que cabe às pessoas se adaptarem à cultura e às instituições patriarcais, o nome disso é ideologia.

Entende-se o machismo a partir de uma noção que autentica uma ideologia de superioridade do homem. Essa concepção de supremacia do masculino materializa-se atendendo a poderes e interesses que são expressos por instituições influentes, como o estado e a igreja, responsáveis por perpetuar estas relações de poder. Tais relações, por sua vez, são naturalizadas e reproduzidas tanto por homens que gozam desse poder e seus privilégios, como pelas mulheres que são dominadas por tal ordem social.[2]

Ideologia é aquilo que, pela autoridade que se expressa, faz a aparência se tornar a essência. Faz aquilo que é imediato se tornar mediato. A ideologia naturaliza as relações de dominação. As transforma em algo dado. O que é, então, a ideologia machista? É uma ideologia que faz das relações de dominação das mulheres pelos homens como algo incriticável, algo impossível de se desconstruir e, após, de se destruir. A ideologia tem duas funções básicas: ela integra a sociedade, dando um caráter para cada ato dentro da ideologia como um ato de união ao todo, de adequação e satisfação em agir conforme uma regra transcendental (no caso, de acordo com o conjunto de regras que acabam operando numa sociedade machista e patriarcal) e de dominação, já que sua autoridade faz parecer que a estrutura social é da maneira que é e ponto final, ajustando e justificando a dominação masculina (como nas ideias populares de que a mulher boa deve ser passiva, submissa e etc e etc).

A ideologia atua nos limites da cultura e das instituições: por meio de aparelhos ideológicos, como a escola, a família e a igreja, reproduzem uma ideologia que justifica a exploração feminina e a naturaliza, se utilizando dos símbolos da cultura e os fixando como imutáveis, como impossíveis de receber crítica. Fazendo da tradição uma arma poderosa contra qualquer tentativa de se rebelar.

Machismo no Brasil: pequenos exemplos

Seguindo a mesma lógica do texto, vou dar dois exemplos não muito aprofundados: duas pequenas análises de machismo no Brasil em dois casos.

1) Caso Gerald Thomas

Nicole Bahls, ex-funcionária do programa Pânico na Band, fez uma de suas primeiras entrevistas com Gerald Thomas, sendo abusada por sua inexperiência, motivo de chacota e de gozação. Em um dado momento, Gerald Thomas, “entrando na brincadeira”, colocou a mão por baixo da saia de Nicole para ver “se ela era travesti ou não”.

Este caso foi muito criticado e bem exposto na mídia, mas foi exposto de várias formas: apesar da mídia independente e alternativa ter escancarado o machismo do caso, o programa e o diretor Gerald Thomas tentaram se proteger ao máximo, com dizeres de que o programa é de humor e humor estava sendo feito, de que a mídia é careta e sensacionalista e etc e etc – em suma, tentaram dizer que aquilo era um brincadeira, que Thomas entrou na brincadeira e de que ninguém se sentiu constrangido.

Como analisar?

A) A mídia é a instituição que, ao se relacionar com a instituição jurídica (que permite ou restringe seu conteúdo), com a família (que a tem como modelo e absorve as estruturas que lá são reproduzidas – mas que também a toma como alvo para críticas negativas, mas que são críticas que fortalecem mais ainda o senso comum e dominante de bons costumes e da família) e com o mercado (que regula aquilo que pode ser transmitido para a sobrevivência e lucro dos proprietários do devido meio de comunicação), fornece um conteúdo delimitado por um histórico de poder masculino: basta lembrar que a televisão reproduz os estereótipos da mulher feminina e do homem masculino até mesmo em seus apresentadores e que as revistas e jornais são recheados (desde sempre) por propagandas machistas e estereotipadas.

B) No Brasil (assim como em boa parte do mundo) a mulher é a culpada por ser estuprada: quem mandou sair de saia curta? Quem mandou sair com este decote? – O perigo está aí, então, cabe a mulher se afastar do perigo, não de exigir que este perigo não exista.

Gerald Thomas diz que mulher não deve ser tratada como objeto, mas que Nicole estava sendo um objeto, portanto, nada melhor do que se superidentificar com a situação e ser o máximo extremo possível (colocando às luzes a objetificação que Nicole passa e que a sociedade hipócrita – como ele diz – permite passar). Mas sua atitude não foi uma denúncia, nem foi somente ‘participar da brincadeira’ como as mentes ingenuas pensam: Sua atitude só foi possível e tolerável naquele recinto porque o controle e abuso do corpo da mulher pelo homem é algo possível de ser feito em nossa cultura.

Chaves (2015) afirma que as mulheres até então são reconhecidas como prestadoras de serviços, não como sujeitos de direito ou detentores de vontade, sendo submetidas a padrões estéticos e de comportamento, e tendo seu intelecto rebaixado a características secundárias. A autora escreve ainda que o núcleo de todas as formas de violência contra a mulher está na concepção socialmente aceita de que ela seja um objeto, uma imagem que deve cumprir uma função em prol do outro, o homem.[3]

Está dentro de nossa esfera cultural o abuso do corpo vulnerável (e está dentro de nossa esfera cultural o corpo da mulher ser um corpo sempre vulnerável) – homem não abusa homem porque, por definição, o corpo do homem (hetero, de preferência) não é nunca vulnerável (a não ser que seja pequeno, gordo, magro ou feio o suficiente para ficar fora da dignidade da categoria de “homem”).

C) A ideologia entra nesta análise como aquilo que, com sua autoridade e com seu papel de integração, coage e legitima a culpabilização da vítima. Nicole deve ser culpada e não devemos criticar, ou então o programa deve ser absolvido e não devemos criticar – afinal, humor é humor e mulher com corpo à mostra é mulher com corpo à mostra.

2) Caso Dania Mendez do BBB 23

Dania Mendez foi uma participantes especial do Big Brother 23. Mexicana, foi convidada a entrar na casa para ficar por dois dias numa espécie de intercâmbio com o programa “La Casa de Los Famosos”, de seu país de origem.

Em uma das festas do programa, o cantor o MC Guimê estava com as mãos nas costas da mexicana e as deslizou para baixo. Dania tirou as mãos dele em sinal de reprovação. Ele repetiu o movimento e foi mais uma vez impedido pela atriz.

O mesmo ocorreu com o lutador Antônio Cara de Sapato. Ele a beijou à força, passando um do braços envolta de seu pescoço, a abraçando e a coagindo ao beijo. Em outro momento, quando ela estava deitada em uma cama, ele tenta imobilizá-la para novamente beijá-la. Ele chega a cobrí-la com um edredom. Dania não teve reação agressiva em nenhuma das situações. Ela apontou, no entanto, que não consentiu com os atos e em vários momentos dizia “não”.

A) Definitivamente, o fato de ter acontecido no BBB faz toda a diferença: a mídia patriarcal gosta de exibir lutas entre homens e mulheres nuas: abusos são tolerado se não forem denunciados e sexo é tolerado se a mulher for bonita. Os interesses da mídia em exibir um BBB não é da informação/discussão, é do entretenimento puro, da pura venda de uma mercadoria – mercadoria essa que ensina como devemos nos relacionar ao mesmo tempo que reflete como nos relacionamos. Um produto cultural sem tirar nem por. Algo assim ser televisionado só é possível porque, novamente, o corpo da mulher é algo que se pode explorar sexualmente e que se pode explorar a imagem da exploração sexual (nada se perde, há sempre uma maneira de se apropriar do abuso e fazê-lo sua fonte de lucro).

B) Novamente, corpo vulnerável “não tem dono” e corpo de mulher é vulnerável pressuposto segundo a cultura do estupro que impera em nossa sociedade: esses dois preceitos culturais permitem o abuso de alguém que esteja disponível para tal, mas há ainda outro ponto que se refere à recusa: um não, nesta lógica, nunca significa realmente não, um não significa um sim que se aproxima. o que isso quer dizer? Que não há problema em abusar do corpo feminino, pois, no fim, não há possibilidade da mulher recusar uma proposta: se o sim é sempre algo que se consegue após insistência, então um não nunca tem valor. Um não, desta maneira, não existe.

A casa do BBB é um lugar propício ao sexo, é um lugar que leva as pessoas ao encontro do tema ‘sexo’, afinal, são convidados sempre pessoas com físico atlético e consideradas bonitas (a minoria ‘feia’ é a exceção que confirma a regra). Este ambiente que estruturalmente coage os indivíduos ao sexo, com festas regadas à muito álcool e algumas camas de casal (em oposição às camas de solteiro nos dormitórios) funciona como uma base material para o estupro se concretizar (ou seja, para que as disposições socialmente inculcadas e construídas em e por uma cultura machista sejam “ativadas”), juntamente com o clima de festa e com as indumentárias típicas de festa – da mesma maneira que estupradores de balada se aproveitam de suas vítimas (e nunca são taxados de estupradores, já que a culpa está sempre com a mulher).

C) A ideologia atua de maneira parecida: ao invés de criticarmos o homem por ser um estuprador, criticamos a mulher que não reagiu da maneira esperada numa cultura do estupro. Não significa que o ato do homem não seja errado, mas que passa desapercebido. Nosso olhar é estruturado de maneira que só a mulher é digna de crítica moral e sempre há uma maneira de distorcer uma situação a ponto de conseguirmos identificar algo para se criticar na mulher. Tudo se passa como se o homem soubesse de seus erros e fosse um eterno arrependido.

De pouco em pouco se retira o foco do estuprador e se coloca o foco na vítima, quase como o que aconteceu com Elisa Samúdio, ao se referirem a ela como prostituta e atriz pornô, quase como que justificando o crime do goleiro Bruno.

O que o machismo não é

1) Não é uma ciência. Não há teorias e explicações propriamente machistas que se relacionem, mas há teorias que foram formuladas dentro do contexto machista, como as dezenas de teorias sociobiológicas que atribuem a dominação masculina à força física (portanto, a uma característica objetiva e imutável), ou as teorias pré-freudianas que tratam a histeria como uma frescura tipicamente feminina e etc e etc.

2) Não é um movimento. Se o machismo faz parte da ordem vigente, não precisa reivindicar nada. Não se trata de um movimento com causas e objetivos, mas de uma situação.

3) Não é gentileza. Cavalheirismo também é machismo e cavalheirismo não pode ser identificado como um simples ato de gentileza.

4) Não é o oposto de feminismo. Não pretendo discutir o que é feminismo – pois não tenho propriedade, por isso o texto é sobre machismo – mas uma coisa é óbvia: feminismo não é um oposto simétrico de machismo, mas é uma oposição ao machismo. É um movimento que luta por igualdade real e prática, não por dominação feminina. De novo, feminismo e machismo não são a mesma coisa com o sinal invertido.

5) Não é exclusividade masculina. Se machismo está na cultura, então ele afeta a tudo e todos, dando base para todos agirem, falarem e etc. Se a vida em sociedade é mediada pelo machismo, então qualquer um acaba sendo reprodutor, tanto homens como mulheres. Isso não significa que seja culpa individual de cada homem ou mulher, na verdade, isso (a culpa individual) acaba não importando, já que o machismo vem antes da escolha de uma atitude. Apesar do machismo não afetar os gêneros da mesma maneira (já que é a justificação da dominação masculina), qualquer um reproduz o machismo porque todos estão dentro da sociedade machista desde o nascimento.

Considerações finais

Como já era explícito no início do texto, o objetivo não era se aprofundar intensamente, mas deixar algo simples de se ver e fácil de se ler. O que é o machismo é algo que poderia se envolver em diversos outros temas mais pontuais e mais gerais, muito mais aprofundados. Gostaria de concluir com uma última citação de Débora Duarte e Pedrita Paulino:

Ao longo da história, o gênero feminino é subjugado e lhe é imposto uma submissão aos homens, uma tarefa de zelar pela moral e bons costumes e, mesmo após anos de luta, percebe-se que a sociedade ainda não abandonou esta herança colonial do machismo. Há, até hoje, uma cobrança social de que os homens sejam racionais e dominantes e das mulheres espera-se uma postura emotiva e receptiva. A dominação do sexo masculino em casa, espaço privado, exemplifica-se na seguinte sentença: em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher. Assim, encobre-se a violência masculina contra as mulheres, pois o “sexo frágil” foi criado para o silêncio, o medo e a timidez (ALVES, 2004). Dessa forma, ocorre a valorização do gênero masculino e a desvalorização do gênero feminino, o masculino passa a ser considerado o lugar de ação, chefia, considerado algo potente e primário, enquanto o lugar da mulher é posto em desvantagem, frágil, visto como algo débil, morbífico, secundário.

No decorrer dos anos os indivíduos do gênero masculino assumiram a tarefa de prover financeiramente o lar, enquanto as mulheres ficaram no encargo do cuidado com os filhos e dos afazeres domésticos. Esta realidade foi sendo significativamente alterada, principalmente quando as mulheres passaram a ser igualmente responsáveis pela subsistência da família, contudo não abdicaram, ou repartiram, suas “obrigações” domésticas com seus companheiros. As mulheres ainda são obrigadas a tentar se encaixar em um padrão ideal, no qual elas devem ser mães atenciosas, suas casas devem estar sempre perfeitas e sua aparência deve estar dentro de um padrão estético, muitas vezes fora da realidade. Todos os sacrifícios em função da satisfação masculina, e da boa performance de uma mulher ideal, têm gerado sobre muitas mulheres uma responsabilidade completamente desproporcional àquela cobrada de seus companheiros. A mulher, mesmo no século XXI, culpabiliza-se por não ser capaz de satisfazer todas as exigências de um ideal feminino e isso reflete em grande escala nos ambientes domésticos.[4]

Os links na seção de anexos ajudam a entender um pouco sobre alguns pontos. Este texto não pretende ser imutável, antes de publicá-lo eu pedi opinião de algumas/alguns amigas/amigos e camaradas, justamente porque está sempre aberto a ideias, luzes e edições posteriores, portanto, qualquer crítica e opinião na caixa de comentários será vista e otimamente bem vinda.

Referências

[1] DUARTE, D. S; PAULINO, P. R. V. O machismo e sua influência nas crenças centrais femininas. Revista Cadernos de Psicologia, Juiz de Fora, v. 2, n. 4, p. 463- 481, jul./dez, 2020, p. 464.

[2] DUARTE, D. S; PAULINO, P. R. V. O machismo e sua influência nas crenças centrais femininas… p. 464.

[3] DUARTE, D. S; PAULINO, P. R. V. O machismo e sua influência nas crenças centrais femininas… p. 465.

[4] DUARTE, D. S; PAULINO, P. R. V. O machismo e sua influência nas crenças centrais femininas… p. 467-468.

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Anexos

Outros artigos para entender o machismo:

15 Comentários

  1. “Não é gentileza. Cavalheirismo também é machismo e cavalheirismo não pode ser identificado como um simples ato de gentileza.”
    PERFEITO! É exatamente isso o que as pessoas não entendem. Gentil é o que todos podem ser com todos. Cavalheirismo é o que apenas homens, superiores podem ser com mulheres, inferiores.

  2. Gostei da forma que pontuou: Machismo, Sociedade Patriarcal, Ideologia Machista e O Que O Machismo Não É. Sugiro, se você quiser, fazer uma “continuidade” do assunto, abordando a postura de “mulheres machistas”, que somente invertem os papeis, tipo, “a mulher que pode fazer o que quer, quando quer, pois paga suas contas”, ela é um exemplo de “conquista”, pois “não precisa de homem”. E o que no fim é um desdobramento do machismo. É isso, valeu.

    1. Sobre a sua sugestão de texto com mulheres machistas numa sociedade patriarcal, talvez não venha favorecer a discussão, mas continuar colocando a mulher no foco ora como oprimida ora como opressora. A continuidade da discussão é sim relevante, mas para que se discuta e reflita sobre um sistema patriarcal e machista, onde homens e mulheres são oprimidos e podem ser opressores, embora, estatisticamente, o machismo é fruto da tentativa de dominação de um gênero sobre outro.

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