Michel Foucault foi um filósofo francês da segunda metade do século XX, responsável por uma das interpretações da sociedade mais criativas e inovadoras da contemporaneidade. Pedro Dotto, do Espaço Inanna, abordará as principais contribuições do pensador europeu para o diagnóstico das sociedades modernas, nesta quinta-feira (16) e sábado (18).
Um dos conceitos chave para a interpretação da sociedade moderna, para Foucault, é o panóptico, que se trata de uma invenção arquitetural e institucional para controle e individualização dos corpos, em que quem está sob o poder se transforma em uma criatura completamente desprovida de meios para insurreição, “Invisibilidade completa de quem exerce o poder e visibilidade absoluta de quem sofre os seus efeitos”, explica Dotto para o Colunas Tortas.
“Para Michel Foucault, o Panóptico é o retrato de uma reconfiguração da economia de poder-saber que toma corpo com a queda do Antigo Regime e com a instauração da Modernidade, do Estado-Nação, do capitalismo industrial nascente e assim por diante. Um novo diagrama do poder que se exerce impessoalmente, incessantemente, atuando nos mínimos detalhes, na forma de uma “anátomo-política do corpo humano” ou” ortopedia social”, tendo a norma como parâmetro. Por isso que Foucault chega a falar que as disciplinas que vão emergir nesse momento histórico constituem a contraparte, ou ainda, o subsolo das liberdades formais que o Iluminismo e o teóricos contratualistas estabelecem nos tratados políticos e no ideário daquele período. Sob o discurso democrático, igualitário e pró-liberdade das Luzes desenha-se uma série de dispositivos disciplinares e instituições de sequestro que trabalham consistentemente para a normalização dos corpos: a produção de sua docilidade política e produtividade econômica”, diz Dotto, que também cita Agamben e a noção do panóptico como um paradigma, uma referência para a inteligibilidade de um todo que ele própria é parte constituinte e constituída.
A importância do estudo de Foucault é atual, já que sua própria forma de pensar o mundo dava para as teorias uma características de “caixa de ferramentas”, em que funcionam como instrumentos para a resolução de problemas delimitados historicamente, dando maior apreço ao intelectual dito específico. Pedro Dotto termina, ‘em seu projeto para uma “ontologia da modernidade, ontologia de nós mesmos, do presente’, Foucault elaborou um arsenal conceitual que, em meu entender, ainda é relevante e necessário para a compreensão da contemporaneidade. Mesmo que suas conceituações devam, em certas circunstâncias, ser ajustadas, desdobradas, prolongadas, deslocadas, como uma série de pensadores e pensadoras tem buscado fazer nos dias de hoje, seu pensamento ainda constitui uma fonte rica para a reflexão crítica na atualidade”.
Informações
Curso: Introdução a Foucault
Onde: Espaço Inanna Educação – Rua Conselheiro Ramalho, 945 | Bela Vista | São Paulo (Próximo a rua 13 de maio e ao Metrô Brigadeiro – linha verde)
Quando: Quinta-feira, 16/04 e sábado, 18/04.
Horário: 19h às 22h (16/04) e 14h às 17h (18/04).
Vagas: 20 (para cada turma)
Valor: R$ 40,00.
Para se inscrever, acesse a página do Espaço Inanna.
Sorteio de duas vagas
Devido a parceria entre o Espaço Inanna e o Colunas Tortas, estamos sorteando uma vaga para a turma de sábado e uma para a turma de quinta-feira. Basta se inscrever aqui e aguardar o resultado na quarta-feira, 15/04.
Instagram: @viniciussiqueiract
Vinicius Siqueira de Lima é mestre e doutorando pelo PPG em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da UNIFESP. Pós-graduado em sociopsicologia pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo e editor do Colunas Tortas.
Atualmente, com interesse em estudos sobre a necropolítica e Achille Mbembe.
Autor dos e-books:
Fascismo: uma introdução ao que queremos evitar;
Análise do Discurso: Conceitos Fundamentais de Michel Pêcheux;
Foucault e a Arqueologia;
Modernidade Líquida e Zygmunt Bauman.