Paixão e loucura – Michel Foucault

Foucault investiga o próprio movimento da nova teoria das paixões que dá possibilidade primeira à existência da loucura. Alma e cérebro não estão ligados num caminho retilíneo, mas se relacionam numa confusão entre setores do humano (alma e corpo) que parecem se entender se maneira arbitrária. Assim, o desatino se faz num movimento de irracionalidade que começa no desarranjo da imaginação frente às paixões.

Homossexualidade e loucura – Michel Foucault

A partir da insanidade, a família foi capaz de reunir toda uma variedade de inadequações e inseri-las num campo de culpabilidade que se tentou encontrar, em vão, a culpabilidade anteriormente moral nas próprias características da doença mental. É a partir dela que a homossexualidade se tornou caso de família e caso de tensão familiar. A família, assim, se torna topos da geração de um número diverso de formas da loucura.

Loucura e crime – Michel Foucault

Há uma implicação específica que une loucura e crime em uma relação de mutualidade: o mais exaltado dos loucos terá, ao menos, uma parcela de maldade em seu espírito; o mais maldoso dos criminosos será, ao menos um pouco, desatinado. O relacionamento entre loucura e mal não está mais no campo do todo fantasmagórico da Renascença, um todo oculto do mundo. Na Idade Clássica, há uma loucura e uma maldade justapostas e dependentes de uma decisão individual, de um poder todo do homem, sua escolha, sua vontade.

O dispositivo – Michel Foucault

Entende-se que o dispositivo, através da explicação de Foucault, pode ser compreendido a partir de três características: sua heterogenia, sua emergência e a urgência que pretende responder. O dispositivo é composto por um conjunto de elementos dispersos, sem coerência explícita necessária, elementos discursivos e não discursivos, que se relacionam, resolvem uma urgência específica. O dispositivo é uma ferramenta analítica avessa ao universal, avessa ao atemporal.

A loucura suicida – Michel Foucault

O suicídio passa a frequentar um campo fora do sagrado, um campo de existência que depende de uma certa secularização da pena e, ao mesmo tempo, ressacralização institucional: a emergência da Contrarreforma e seu olhar ao erro contra o próprio corpo em conjunto com a máquina de internamento do século XVII. O suicida, assim, passa a ser exemplo de um tipo de insano clássico: aquele que expressa uma recusa ética fundamental.

O modelo de poder da tecelagem – Michel Foucault

O poder pastoral tem entrada na Europa a partir do pensamento oriental, principalmente hebreu, mas também pitagórico. O pensamento grego, por sua vez, redireciona a análise do homem político para o paradigma da tecedura, em que cabe ao político organizar, unir e dar condição para o exercício dos pastorados particulares na cidade: é a tecedura que permite uma administração para favorecer o pastorado do ginasta, do médico, do pedagogo e etc.

Literatura e personagem – Anatol Rosenfeld

Por não ser constrangida pelas determinações da realidade (o problema ôntico) nem pela expectativa de produzir alguma espécie de verdade (o problema lógico), a personagem na obra de arte ficcional pode exercer o papel de agir em determinadas situações de modo exemplar, ou seja, entrar em relações cuidadosamente esquematizadas pelo autor afim de produzir efeitos específicos.

Sobre a Transitoriedade – Sigmund Freud

Sobre a Transitoriedade é um breve ensaio de Sigmund Freud escrito em novembro de 1915, a convite da Berliner Goetherbund (Sociedade Goethe de Berlim) para um volume intitulado Das Land Goethes (O País de Goethe). Freud pensa que podemos reagir à transitoriedade com desalento ou rebelião, embora seja claro que o desejo de imortalidade não modifique a impiedosa realidade.